O impacto das APIs já pode ser sentido em diversos setores, especialmente o bancário, e possuir uma API ou mesmo fazer integração com a mesma pode representar uma presença significativa na nova economia, na qual as pessoas estão cada vez mais conectadas à informação.
A adoção de APIs em muitas estratégias digitais nas empresas resultou em benefícios como aumento da inovação e geração de fluxo de renda. Mas como bancos e empresas podem atrair e engajar os principais consumidores de APIs? Esta questão deu o foco ao bate-papo entre Danillo Branco, responsável pelas APIs no Banco Cetelem S/A, e Julio Fernandes, especialista em integrações B2B e de APIs na Axway, durante live realizada no dia 27/05.
O processo de APIs é composto por duas frentes: quem as consome e quem as expõe. Por mais incrível que seja uma API, Julio alerta que "nada importará se ela não for exposta com cuidado aos seus consumidores, é por isso que o engajamento de desenvolvedores representa hoje uma peça-chave no segmento de APIs". Logo, é preciso não apenas evangelizá-los, mas também se preocupar com a qualidade do produto.
Para oferecer uma API atrativa e funcional ao mesmo tempo, é necessário atenção nos seguintes pontos:
Apresentar um bom desenho da API, para assim responder aos anseios de desenvolvedores e as empresas que eles representam;
Trabalhar a API como um produto, o que implica possuir, por exemplo, gerentes de produto para acompanhá-las;
Gerar insights e analisar métricas, para ter uma visão sobre interação dos desenvolvedores com as APIs e se a entrega do produto está sendo satisfatória;
Possuir portais de APIs, já estes são extremamente importantes no engajamento de desenvolvedores, respondendo suas dúvidas e permitindo que estes extraiam o máximo de benefícios das APIs.
Dada a popularidade crescente das APIs, a relação e colaboração com desenvolvedores é relevante quando o assunto é inovação. Hoje, mais do que nunca o crescimento no mercado implica em colaborar com seus competidores em busca de algo que seja bom para toda a comunidade. Tal fato faz com que diferentes setores, principalmente dentro do mundo corporativo, estejam buscando uma adaptação a esse cenário e tentando também descobrir como se beneficiar do produto API.
Um detalhe importante citado por Danillo é a falta de compreensão do que são as APIs e como isso pode influenciar de uma forma negativa as tomadas de decisão. Para ele "é possível encontrar boas definições do que são APIs, mas junto com isso é preciso que tais empresas tenham um bom entendimento que quem são e se faz sentido para seu negócio um produto como a API". Afinal de contas, será que preciso transformar toda uma empresa e começar do zero com as APIs? Esse é um dos maiores questionamentos do momento.
Muitas dessas empresas não obtiveram ganho de valor com SOA (Service-Oriented Architecture ou Arquitetura Orientada a Serviços) e ficam na dúvida se devem ou não se arriscar, por exemplo, com microsserviços, base para as APIs. Mas o ponto em questão é que microsserviços, APIs, podem sim trazer um conjunto de vantagens, mas eles não são para todos os negócios, nem para todas as situações. Há cenários em que uma API não faz sentido, como em negócios já está bem estabelecidos e consolidados no mercado.
Apesar das APIs não se aplicarem a todos os modelos de negócio, a situação dos bancos é diferente, já que muitos veem como uma necessidade e exigência seguir esse movimento ocasionado pelas APIs, especialmente com o crescimento de iniciativas de Open Banking adotadas em diversos países. Como foi pontuado por Danillo, “a bancarização é uma necessidade latente mundial”.
O encontro do setor bancário com as APIs é relevante, uma vez que estas possibilitam maior inovação em um setor geralmente tradicionalista e também uma evolução que antes não era possível. Por exemplo, a questão da velocidade da entrega de soluções aos clientes, que a partir de APIs, pode ser feita em uma, duas semanas, o que antes para um banco era algo intangível.
Porém quando o assunto são bancos, instituições que por tabela já contam com órgãos reguladores e regras, a exposição de APIs não é algo tão simples. Há sempre o desafio: como deixar a API, algo já complexo, mais compreensível aos olhos do desenvolvedor. Algumas das soluções adotadas pela Cetelem são vídeos, manuais e muitos exemplos de uso dessas APIs para que assim os desenvolvedores parceiros consigam explorar os mais diferentes cenários graças às APIs.
A intenção é que por meio desse engajamento compreender ainda mais a jornada do desenvolvedor: como ele entra em contato com os canais que o banco tem, faz uso de suas APIs e como eles estão se beneficiando. Outro ponto de investimento é a questão da segurança, como a segurança do token que permite acesso às APIs. Para um banco essa questão é de extrema importância.
Este artigo foi escrito por Julio de Campos Fernandes e publicado originalmente em Prensa.li.