Competitividade, inovação e transparência. Esses são os pilares do Open Banking. A chegada desse sistema promete uma série de mudanças na maneira como as instituições financeiras oferecem seus produtos e serviços. Afinal, o setor financeiro está em constante evolução.
A mesma dinâmica do Open Banking pode ser aplicada a outros mercados, sendo que um deles já começa a seguir nessa direção: o de seguros.
O Open Insurance permitirá o compartilhamento de dados entre as diferentes sociedades autorizadas pela Superintendência de Seguros Privados (Susep), órgão responsável pelo controle e fiscalização dos mercados de seguro, desde que autorizado pelos consumidores, os verdadeiros donos da informação.
Isso abre as portas para produtos e serviços mais adequados às necessidades de cada cliente. Portanto, o Open Insurance, segue a mesma premissa do Open Banking: o consumidor em primeiro lugar.
Dentre os benefícios Open Insurance temos:
Consumidor no centro - Experiência facilitada para o cliente e empoderamento do mesmo;
Integração com o Open Banking - oferece possibilidade de consolidação de sua vida financeira e beneficia também Pequenas e médias empresas;
Cidadania Financeira - Inclusão de novos consumidores, facilidade de acesso aos produtos e preços compatíveis;
Segurança e Privacidade - oferece um ambiente seguro para as empresas participantes reguladas ou credenciadas e apresenta padrões de governança, além de regras de privacidade;
Agilidade, Precisão e Conveniência - Traz mais eficiência e simplicidade à jornada do consumidor simples, tornando-a transparente e precisa;
Inovação e Concorrência- Usa padrões avançados de tecnologia e conta com soluções modernas via aplicativos, permitindo sua customização e estimulando a concorrência.
Outro grande benefício é a integração do Open Insurance ao Open Banking. Dessa forma, a regulamentação do Open Insurance, inspirada no que foi executado até agora no setor bancário, se torna vital para que as organizações, bancárias e seguradoras, consigam agir com interoperabilidade.
Além dos consumidores, as Pequenas e Médias Empresas (PMEs), as maiores empregadoras no país, também têm a ganhar com essa revolução em seguros. A partir do Open Insurance há uma melhor integração das plataformas de pagamentos, seguros, contabilidade e empréstimos. Isso leva a um maior controle do fluxo de caixa e gestão de riscos destas empresas.
Com isso, as PMEs conseguirão um comparativo mais apurado de produtos e serviços disponíveis e terão, por consequência, mais acesso a eles. PMEs beneficiadas são sinônimo de maior eficiência, produtividade e mais empregos.
E não é só o Brasil que tem discutido sobre o Open no setor de seguros. Em janeiro de 2021, a EIOPA (Autoridade Europeia de Seguros e Pensões) lançou um artigo sobre o tema. Ele mostra uma análise sobre as diversas abordagens do Open Insurance, compartilhamento tanto de dados como de padrões de APIs e estabelecimento de um ambiente de justa competição.
Cronograma de Implementação
O Open Insurance, da mesma maneira que o Open Banking, será implementado no Brasil em fases. A primeira tem início no dia 15 de dezembro de 2021 e possui caráter burocrático, ou seja, ela contempla o compartilhamento de dados públicos das empresas envolvendo produtos e canais de atendimento.
A segunda fase está prevista para o dia 1º de setembro de 2022. Nela, os consumidores poderão compartilhar seus dados pessoais. Três meses depois, na terceira fase, é aguardada a execução de serviços de seguros, com a realização de endossos, acessos, resgates e avisos de sinistros. Nesta última fase são iniciadas as atividades das Sociedades Iniciadoras de Serviços de Seguros (SISS).
Informações incluídas no Open Insurance
É possível dividir estas informações em duas categorias principais:
Dados públicos — informações de pontos físicos e eletrônicos de atendimentos, de produtos comercializados por empresas do setor.
Dados pessoais — dados cadastrais dos clientes, dados de apólices, contrato ou título de capitalização.
Desafios do Open Insurance
O setor de seguros ainda tem uma burocracia desafiadora, pois o processo de Open Insurance exige uma série de documentos, cópias, análises de bureaus de crédito, entre outros. Isso não significa que a demanda não possa ser eliminada. Boa parte dessa necessidade poderia ser suprimida a partir do uso de informações do histórico do cliente. O que significa menos custos e mais facilidade no onboarding dos consumidores.
Outra possibilidade é a oferta de serviços em marketplaces de outras empresas, aumentando a atuação das seguradoras em canais digitais. Entretanto, o compartilhamento de dados também traz algumas preocupações. Um dos desafios será na confiabilidade das informações fornecidas entre as seguradoras.
Vale lembrar que o mercado de seguros apresenta maior complexidade de negócios, que são de longa durabilidade. Quando um cliente contrata um seguro de previdência privada estamos falando de um serviço contratado por muitos anos.
APIs no Open Insurance
O esperado com a completa implantação do Open Insurance é a mudança em vários processos no setor de seguros. Antes as seguradoras não possuíam acesso aos dados de outros clientes e tinham que se basear em dados secundários (como índices de acidente na região do motorista na tentativa de estimar o custo de um seguro automotivo).
Com o compartilhamento de dados autorizado pelos consumidores, as seguradoras poderão estudar o comportamento de cada cliente, por exemplo, vendo em seu histórico quantas vezes ele precisou acionar o seguro em contratações anteriores com outras empresas.
Para que isso ocorra, as seguradoras precisam se preparar para desafios de quesito técnico. A troca de informações entre as sociedades participantes do Open Insurance exigirá chamadas de APIs, ou seja, soluções de integração. E o Open Insurance está profundamente ligado a elas.
As APIs são as interfaces por meio das quais será possível interligar os diferentes sistemas das sociedades participantes. Ao serem disponibilizadas, elas devem satisfazer condições tais como padronização, robustez e segurança.
Os princípios abaixo guiam as especificações e implementações das APIs do Open Insurance:
Experiência do usuário;
Independência de tecnologia;
Segurança;
Extensibilidade;
Padrões abertos;
APIs RESTful.
A Axway possui uma série de soluções de integração, como o API Management, que possibilitam a integração de sistemas, gestão de consentimento, regulação às legislações como LGPD e segurança.
O Open Insurance abre um mar de possibilidades e aqueles que estiverem à frente, prontos para os desafios, serão os líderes deste novo mercado.
Este artigo foi escrito por Claudio Maia e publicado originalmente em Prensa.li.