10 Comunidades de Mulheres na Tecnologia para você conhecer e participar
Oi pessoal! Estou aqui de volta com um artigo um pouco diferente. Desde a minha graduação sempre participei de comunidades técnicas. Naquela época (2002-2007) não haviam tantas como agora e o mercado de tecnologia no Brasil era totalmente diferente. Sim, muita coisa mudou de lá pra cá e um movimento bem legal que foi aparecendo nesse tempo foi o de mulheres se juntando para se ajudar e crescer na carreira de tecnologia.
Eu mesma fundei uma comunidade de mulheres em 2010, chamada #GarotasCPBr. Estivemos muito ativas por um período, mas agora damos suporte a outras mulheres apenas no nosso grupo de WhatsApp. Meu objetivo aqui hoje é trazer para vocês algumas comunidades de mulheres que eu conheci, e que tem feito a diferença na vida das pessoas. Vamos lá então!
1. #GarotasCPBr
Essa comunidade nasceu em 2010, quando a Campus Party Brasil ainda estava começando. Basicamente, várias mulheres que iriam para a #CPBr de 2011 se conheceram no Twitter e se juntaram para compartilhar experiências e aprendizados. Naquela época, o número de mulheres que iam para o evento era minúsculo e muitas tinham receio. Nosso objetivo então, era nos encontrar e oferecer suporte umas para as outras, já que a maioria era homem e nos sentíamos um pouco intimidadas.
Com isso, acabamos desenvolvendo várias atividades, dentre elas, discussões nos palcos da CPBr sobre o papel da Mulher na área de computação e áreas afins. Ainda hoje, levamos essas discussões para o evento, mas nosso nível de atividades está menos intenso devido aos compromissos de todas, afinal, o mundo mudou muito e várias outras comunidades surgiram depois.
Digamos que o trabalho ficou mais leve e agora não somos mais a única comunidade de mulheres no evento, o que é ótimo! Fico mesmo muito feliz em saber que posso contar com outras mulheres que estão no mesmo barco.
2. WoMakersCode
A comunidade WoMakersCode foi fundada em 2015 pela Cynthia Zanoni, e é considerada a maior comunidade de tecnologia, formada por mulheres, da América Latina. O objetivo da comunidade é tornar a carreira na tecnologia acessível para todas as mulheres.
Cynthia Zanoni é reconhecida como uma das mulheres técnicas mais influentes da América Latina e campeã em Impacto Social, sendo referência na busca por equidade de gênero na tecnologia. Além disso, a comunidade colabora com os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável da ONU de erradicação da pobreza, educação de qualidade, igualdade de gênero, trabalho decente e crescimento econômico e redução das desigualdades.
No ano passado eu tive a oportunidade de participar de uma mentoria oferecida pela WoMakersCode em parceria com a Microsoft. Houve um processo de seleção muito bem elaborado. As candidatas precisavam cumprir alguns requisitos como, por exemplo, fazer alguns cursos na plataforma da Microsoft dentro de um período de tempo, contar a sua história e por que queria fazer a mentoria.
A mentoria durou mais ou menos 2 meses e contou com 2/3 encontros semanais com mentores e mentoras realmente incríveis. Durante a mentoria fomos preparadas para tirar a certificação da Azure AI fundamentals da Microsoft e fizemos a prova ao final.
Foi uma experiência realmente única em que eu pude aprender muito e conhecer a história de muita gente. A WoMakersCode sempre tem iniciativas como essas então fique atenta ao site e redes sociais da comunidade!
3. She’s Tech
A comunidade foi fundada por Ciranda de Morais que é mestre em Políticas Sociais e criadora da Teoria das Portas de Vidro. Ela também recebeu a Medalha de Honra Juscelino Kubitschek destinada a reconhecer o mérito cívico de serviços de relevância à coletividade, que contribuam para o desenvolvimento do País. Assim como WoMack Code, a comunidade She's Tech também acredita no fortalecimento da presença feminina no mercado de tecnologia.
Um dos grandes desafios existentes na área é que se acredita que a tecnologia/computação é apenas para homens, quando isso nunca foi verdade. Este é um dos pontos que She’s Tech trabalha, a desmistificação desse mito. A comunidade realiza anualmente o She’s Tech Conference onde muitas mulheres compartilham conhecimento, criam uma rede de contatos e realizam monitorias individuais para impulsionar a carreira. No ano passado tive o prazer de ministrar uma palestra no evento e foi uma experiência realmente única.
4. PyLadies
PyLadies é uma comunidade internacional que tem núcleos em várias cidades atuando como pontos para atrair e levar mais mulheres para a tecnologia através do Python, mas não unicamente. O desejo delas era o mesmo do nosso (#GarotasCPBr) e de várias outras líderes de comunidades: não é possível que só tem isso de mulher nos cursos de computação! Essa indignação movimenta as mulheres a fazerem algo a respeito, viu gente!
A comunidade tem um logo padrão mas cada núcleo pode estilizar o seu próprio logo e eu acho isso super incrível! Em 2019, quando comecei meu doutorado na UFSCar em São Carlos, eu consegui entrar para a comunidade e conheci pessoas incríveis lá. Em um dado momento nós realizamos um evento em parceria com o ONovoLab e eu pude ministrar uma palestra sobre Machine Learning. Aquela experiência foi muito boa e eu nunca vou esquecer.
5. RLadies
Assim como as PyLadies, as RLadies também são uma comunidade internacional com núcleos espalhados pelo mundo inteiro. O principal objetivo da comunidade RLadies é aumentar a representatividade feminina dentro da comunidade R. Elas apoiam entusiastas de gênero minoritários - cis/trans, homens trans, não-binários, genderqueer, agender - a alcançar seu potencial de programação, construindo uma rede global colaborativa de líderes, mentores, alunos e desenvolvedores de R para facilitar o progresso individual e coletivo em todo o mundo.
A comunidade brasileira realiza meetups com frequência e há muito material disponível no github, sem contar que há um grupo muito forte no slack onde é possível conversar, tirar dúvidas, aprender, conseguir oportunidades de emprego, descobrir e divulgar eventos, etc., eu inclusive estou lá! Se você quer começar com R, aqui é o lugar ideal pra ti!
6. Elas Programam
Elas Programam foi fundada pela Silvia Coelho e é uma consultoria especializada em desenvolver soluções para impulsionar a carreira de mulheres no mercado de tecnologia. Elas possuem um podcast muito legal onde contam histórias incríveis de mulheres na tecnologia que inspiram mais mulheres a irem para a área. Além disso, a Silvia fornece turmas de mentoria para quem precisa dar aquela impulsionada na carreira. Conheci a Silvia pessoalmente na Campus Party Brasil, assim como a Ciranda também! Quando voltarmos ao “normal”, espero que vocês também possam conhecê-las pessoalmente.
7. Programaria
O principal objetivo da comunidade Programaria, a esta altura do artigo, vocês já devem saber. Sim, esse aí mesmo: “Empoderar mulheres através da tecnologia diminuindo o gap de gênero no mercado de trabalho. É isso que fazemos.”
A comunidade foi fundada por mulheres jornalistas e designers que querem aprender a programar! Inclusive no site da comunidade tem um relatório bem legal sobre a porcentagem de mulheres atuando no mercado de tecnologia. Recomendo fortemente que leiam! Elas têm várias iniciativas, então é bom ficar de olho nas redes sociais para acompanhar as oportunidades.
8. Laboratoria
A laboratoria ajuda mulheres a se colocarem no mercado de trabalho por meio de mentorias, bootcamps e atividades relacionadas - nesse momento, inclusive, está acontecendo um desafio. Elas atuam em vários países da América Latina e possuem uma metodologia única para ensinar programação. Se você quer conseguir com uma certa rapidez o seu primeiro emprego, aqui é o lugar certo.
9. GRACE
GRACE significa GRupo de Alunas de Ciências Exatas, mas também é o sobrenome de uma grande pesquisadora importante da Computação. O Grace é um grupo da USP São Carlos, não é exatamente uma comunidade como as que eu vinha citando até agora, mas tem uma função parecida. A principal diferença está no público-alvo.
Grace foca em meninas do ensino fundamental e médio, enquanto as outras comunidades citadas focam mais em mulheres que estão na graduação, se formando ou até mesmo em transição de carreira. O GRACE está inserido no contexto do Programa Nacional Meninas Digitais da SBC que incentiva instituições em projetos para atração de meninas do ensino fundamental e médio a cursarem informática.
10. Meninas Digitais
Essa é a última iniciativa dessa lista a favor de mais mulheres na tecnologia e áreas afins. O projeto existe há mais de 10 anos, foi criado em Mato Grosso do Sul, se expandiu e já influenciou mais de 18 mil pessoas. Várias universidades têm o programa, e sim, esse é um projeto realizado pela Universidade para a Sociedade, portanto não é uma ONG ou uma iniciativa privada.
O site conta com vários materiais, vários eventos também são realizados e existem outros projetos parceiros. Se você conhece alguém que está no ensino fundamental ou médio, e que queira aprender mais sobre computação, indique esse programa!
Conclusão
Com isso, apresentei 10 comunidades de mulheres na tecnologia que estão fazendo a diferença na vida das pessoas. Se você conhece outras comunidades, me mande via Linkedin, eu ficarei feliz! Gostou deste artigo? Então compartilhe com outras pessoas! A gente se vê no próximo. Obrigada por seu apoio.
Este artigo foi escrito por Elaine Cecília Gatto - Cissa e publicado originalmente em Prensa.li.