1984 demorou, mas chegou
No célebre livro 1984, George Orwell cita a existência de um objeto chamado ""teletela"": uma tela colocada no quarto das pessoas pelo Estado, e que teria a função de uma câmera de vigilância e uma televisão, e esse dispositivo não poderia ser desligado, pois bem, os celulares são as teletelas de hoje.
Nada, no mundo antigo, se pôde comparar com a Biblioteca de Alexandria depois que ela foi construída, no mundo contemporâneo nós temos a internet, que é a Biblioteca de Alexandria elevada à milésima potência.
E a descentralização do conhecimento não foi o único benefício: você tem acesso a filmes, tutorias, jogos, músicas de todos os tempos, palestras, cursos gratuitos de Harvard, obras de arte raras, comunicação instantânea e etc.
Só que como nós não estamos no Éden, não há nada 100% bom: a tecnologia aliada à computação que resultou nós smartphones de hoje é muito mais avançada do que o nosso próprio cérebro, que aliás é o mesmo cérebro daqueles seres humanos que lá atrás, deixaram de ser nômades e passaram a se fixar e fundar povoados.
No início da civilização, nós vivíamos em grupos pequenos, de no mínimo 30 pessoas, e nesse meio a sua reputação era de enorme importância, já que ser expulso significaria virar o almoço de um leão, o mundo mudou, e o cérebro, não, e é por isso que você talvez se importe com a opinião de desconhecidos sobre você nas redes sociais, mesmo eles não fazendo nenhuma importância real na sua vida.
Também há a questão da privacidade nas redes, se você tem redes sociais, as suas informações estão no banco de dados deles, a alternativa é se expor o menos possível na internet, a teletela está em suas mãos.
O celular hoje, no terceiro milênio, século XXI, é indispensável, logo, use-o com parcimônia, se exponha o mínimo possível e por favor: não permita que uma ferramenta te use, quando deveria ser o perfeito contrário.
Imagem de capa - Cartaz promocional do filme ‘1984’ com a mensagem “O Grande Irmão está te vigiando” (1956) Alamy (CORDON PRESS)
Este artigo foi escrito por João Victor de Oliveira e publicado originalmente em Prensa.li.