4 estratégias para entender (quase) qualquer assunto
No longínquo ano de 1993, foi lançada a Encarta, uma enciclopédia digital produzida pela Microsoft e que era uma inovação incrível frente a tradicional Enciclopédia Britânica. Ao invés de livros, a informação era disponibilizada em CD's para consulta no computador.
Aqui no Brasil, "a coisa mais chique do mundo" era ter a Barsa em casa. Criada em 1964, a Barsa tinha 18 volumes que custavam alguns milhares de reais, ou seja, poucas famílias poderiam ter.
Se você já nasceu em tempos de internet, talvez seja estranho pensar que para saber sobre algum assunto, era necessário ir a uma biblioteca consultar livros.
Eis que, em 2004, surgia a Wikipédia, na qual temos o verbete enciclopédia:
Enciclopédia é uma coletânea de textos bastante numerosos, cujo objetivo principal é descrever o melhor possível o estado atual do conhecimento humano. Pode-se definir como uma obra que trata de todas as ciências e artes do conhecimento do homem atual. Wikipédia
Um estudo da Revista Nature de 2005, citado no livro Inovação e Empreendorismo de John Bessant e Joe Tidd, constatou que a Wikipédia é tão precisa quanto a Enciclopédia Britânica, embora esta última conte com mais de 4000 revisores e leve cerca de cinco anos para ser reescrita.
E o que eu quero dizer com todo este preâmbulo? Quero mostrar para você, pessoa leitora, que saber das coisas ficou muito mais simples e acessível, mas como tudo nesta vida tem ônus e bônus, o desafio hoje não é mais ter informação, mas sim selecionar a informação em meio ao oceano de irrelevância e fake news.
Meu processo de pensamento
Sou uma pessoa no transtorno de espectro autista (TEA) e transtorno de deficit de atenção e hiperatividade (TDAH) e muitas vezes eu tenho interesses bem específicos que me levam em uma jornada de aprender coisas novas. A internet para mim é ao mesmo tempo um lugar incrível para descobertas e um buraco negro que suga toda a minha atenção. Por isso, eu tenho algumas práticas que quero compartilhar com você sobre a maneira que eu uso para saber das coisas.
Vem comigo!
Dê um Google
Em uma das newsletters que eu assino, recebi a seguinte manchete:
Sem surpresa, nova pesquisa mostra que 93% dos brasileiros com idades entre 9 e 17 anos usam internet: segundo a TIC Kids Online Brasil, a atividade preferida é assistir a vídeos ou filmes e séries (84% das crianças e adolescentes). Ouvir música vem em segundo lugar (80%), seguido por redes sociais (78%). WhatsApp é a plataforma de comunicação mais utilizada (80%). O telefone segue como o principal meio de conexão e para 53% é o único dispositivo utilizado. As informações são do site Convergência Digital.
Aqui eu tenho dois caminhos. Eu posso procurar o artigo citado, mas também posso procurar a pesquisa citada pelo artigo.
Procure uma referência
No artigo do Convergência Digital foi citado o Alexandre Barbosa, gerente do Cetic.br. Presumo que ele é a referência para falar sobre a pesquisa e encontro o perfil do Alexandre no LinkedIn. Uma pessoa de referência é aquela que tem credibilidade e autoridade para falar sobre um determinado assunto.
Faça perguntas
Ainda analisando o artigo do Convergência Digital, a manchete destaca que a preferência das crianças e adolescentes pelo Instagram e Tik Tok, mas na fala de Alexandre ele destaca um outro ponto, a importância de condições de conexão iguais para diferentes contextos socioeconômicos como forma de garantir um melhor aproveitamento das oportunidades online. Além disso, o artigo fala brevemente sobre os aspectos de saúde e bem-estar.
Consigo pensar em algumas perguntas:
Como garantir condições de acesso?
Quais oportunidades crianças e adolescentes encontram online?
Que riscos a pesquisa evidenciou?
Existem medidas para mitigar os riscos?
Existem iniciativas para ampliar o acesso?
Consuma conteúdos de fontes primárias
A fonte primária é aquela em que a informação tem origem. Neste caso, a pesquisa feita pelo Comitê Gestor da Internet no Brasil. Isto me possibilita avaliar a pesquisa e eu mesma tirar minhas conclusões sem um eventual viés que pode acontecer. Se eu fosse aprender sobre Open Banking, por exemplo, talvez eu encontrasse informações mais didáticas em fontes secundárias, mas vou encontrar informações mais acuradas e confiáveis no Banco Central que é a fonte primária da informação sobre o tema no Brasil.
Espero que estas dicas ajudem você nesta maravilhosa jornada de busca pelo conhecimento. 😎