5 pensadores para conhecer a política
Foto: Espartaco Madureira Coelho. Legenda: Congresso Nacional - Brasília/Brasil. Domínio Público.
Com as eleições chegando, é praticamente impossível escapar da discussão política que pauta o ano. Mas se buscamos por melhores condições de vida, precisamos de uma maior participação nos debates, conversando com amigos, colegas e parentes sobre o bem público. Essa preocupação com a qualidade de nossas vidas é antiga: os filósofos, desde a época anterior a Cristo, refletiram, ensinaram e escreveram sobre diversos assuntos políticos, como a justiça, a economia, corrupção e liberdade. Neste artigo apresentaremos cinco pensadores que são importantes para conhecermos mais deste universo político.
1. Aristóteles (384 - 322 a.C):
Figura 1: Aristóteles, de Estagira. Imagem de Domínio Público.
Para quem não sabe, fica a curiosidade: a “política” é uma palavra de origem grega, e como tal, os pensadores gregos não poderiam imaginar um mundo sem a atividade política. Aristóteles não foi diferente: o filósofo da antiga cidade-Estado de Estagira foi um grande estudioso da Biologia, Física, Astronomia e demais ciências assuntos. Em sua obra, A Política, encontramos uma das mais importantes ideias do pensador: a de que somos “animais políticos”. Diferente dos demais animais que vivem coletivamente - como enxames de abelhas, matilha de lobos, cardumes de peixes -, os seres humanos vivem politicamente, distinguem o certo do errado, o justo do injusto, e isso é a base para que nossos laços sociais ocorram naturalmente.
Se faz parte de nossa natureza se organizar coletivamente para vivermos com justiça e com dignidade, então se afastar da política seria uma atitude desumana. Essa lição de Aristóteles nos obriga a reforçar nosso compromisso com a nossa comunidade política.
2. Nicolau Maquiavel (1469 – 1527):
Sempre polêmico, a figura de Nicolau Maquiavel é motivo para enormes discussões até o presente: a maneira como descreve a política, na sua nítida crueldade, nas páginas de O Príncipe, conferiu ao pensador italiano uma essência maquiavélica (agora sabem a origem desta palavra).
Figura 2 retrato de Niccollò Machiavelli, por Santi di Tito.
Porém, nada de “Os fins justificam os meios”. Maquiavel foi responsável por pensar sobre o bem comum, a melhor forma de governo e a melhor maneira de se manter o poder quando ocupar espaços políticos, seja no principado, seja numa república. Normalmente, Maquiavel é considerado o pai da Ciência Política Moderna, portanto, conhecer seus escritos é de extrema importância para compreender como e por que governantes e governados tomam determinadas atitudes.
3. Jean Jacques Rousseau (1712 – 1778):
Rousseau é um daqueles filósofos que marcaram ativamente a cena política da época, impactando na famosa Revolução Francesa. O pensador de Genebra criou dois fundamentais escritos políticos: O Contrato Social e Discurso sobre a origem da desigualdade entre os homens.
O primeiro escrito diz sobre a maneira que organizamos nossa sociedade através de convenções e que podem ser reorganizadas quando não são mais adequadas, como por exemplo a escravidão, contra qual Rousseau foi um crítico feroz. Além disso, através de nossas leis podemos ampliar nosso sentimento de liberdade dentro de uma república, e esta lei será boa quando atender aos anseios da maioria da população.
Figura 3Retrato de Jean-Jacques Rousseau, 1753.
No segundo texto, o filósofo comenta sobre a origem da desigualdade social que existe entre os seres humanos. O genebrino diz que a propriedade privada é a mais importante causa dessa desigualdade. Esse tipo de reflexão avança na política e oferece bases para o que chamamos hoje de “comunismo” ou “socialismo”.
4. John Stuart Mill (1806 – 1873):
Mill é um dos mais importantes filósofos políticos ingleses da era contemporânea (1789 -). Possivelmente contrariando Rousseau, Mill foi um valioso defensor da propriedade privada, membro do Partido Liberal inglês e batalhou pela igualdade de direitos das mulheres da época. Em Sobre a Liberdade, seu livro mais famoso, lemos sobre a liberdade política, de expressão, isto é, da individualidade.
Figura 4 John Stuart Mill, fotografado por John Watkins, 1865.
Somos seres distintos, diz Mill, mas somos bastante semelhantes quanto aos hábitos e até em nossas crenças. Essa falta de opiniões contrárias à maioria é um sintoma de nossa falta de liberdade individual. Uma “tirania da maioria”, argumentava Mill, é aquela que a própria sociedade civil realiza contra os indivíduos. Essa interferência social só era legítima quando um indivíduo fosse responsável por causar dano a outros. A falta de liberdade individual afetaria negativamente o conhecimento humano, bem como a produção artística e cultural.
O choque de ideias contrárias é o que garante a qualidade de nossas liberdades individuais, portanto, expressar-se é uma espécie de dever diante de uma sociedade cada vez mais homogênea.
5. Mary Wollstonecraft (1759 – 1797):
Considerada uma das primeiras escritoras feministas, Wollstonecraft publicou Reivindicação dos Direitos das Mulheres, obra que denunciava as injustiças praticadas contra as mulheres à época, como falta de acesso à educação e, consequentemente, falta de autonomia em relação ao domínio masculino. Com a possibilidade de conseguirem empregos, as mulheres, argumentava a autora, poderiam ser mais felizes, e isso também melhoraria a vida dos homens, pois o casamento seria baseado em afeto recíproco.
Mary faleceu com poucos anos de vida, quando deu luz à sua filha, conhecida mundialmente como Mary Shelley, autora de Frankenstein.
Figura 5 Retrato de John Opie de Mary Wollstonecraft, 1797.
Agora que você conheceu mais sobre liberdade individual, direito das mulheres, raízes das desigualdades sociais, as ações políticas e que nossa busca por uma vida digna e justa só pode ocorrer na política, pode iniciar os debates com outros cidadãos e cidadãs para que possamos atingir o bem comum. Mas não pare nisso! Sapere aude!
Até breve!
Este artigo foi escrito por Victor Schittini e publicado originalmente em Prensa.li.