(Foto: Marten Bjork via unsplash)
The Great Resignation, ou em português, A Grande Demissão, começou um pouco antes da pandemia, em novembro de 2021. Segundo reportagem da CNN norte-americana, 4,5 milhões de trabalhadores dos Estados Unidos deixaram seus crachás no RH e partiram em busca de novas oportunidades. Em dezembro, mais 4,3 milhões tomaram o mesmo caminho. Uma insatisfação global tomou conta do mercado. Movimentos parecidos surgiram na Europa, África, Ásia e Oceania.
Na China, surgiu o conceito do tang ping. Numa tradução bem literal, fique deitado. Profissionais chineses, cansados de tanta pressão, estão se demitindo de seus empregos e procurando um estilo de vida mais relaxado, menos preocupado com o resultado do trabalho de amanhã.
Segundo o Bureau de Estatísticas do Trabalho dos Estados Unidos, apenas em 2021, 47,8 milhões de americanos deixaram seus empregos, o número mais alto desde que as pesquisas começaram a ser realizadas, em 2001.
Houve aumentos expressivos de demissões no Reino Unido, França e Austrália. No LinkedIn, as postagens relacionadas a mudanças de emprego na Espanha, Holanda e Itália, multiplicaram-se.
Em busca do que interessa
Qualidade de vida parece ser um dos fatores determinantes para boa parte dos profissionais que fazem parte da Grande Demissão. O ambiente de trabalho tóxico, somado à sensação de insegurança – tanto das condições de saúde quanto da estabilidade no emprego –, a pressão contínua por resultados e a falta de reconhecimento pelos gestores têm motivado um número expressivo de profissionais a buscar alternativas.
Segundo pesquisa encomendada pela Kaspersky, 53% dos profissionais brasileiros estão em busca de novas colocações. O principal motivo citado é a cultura organizacional que não soube se adaptar aos novos tempos.
Prosperidade digital
Não se pode negar que boa parte do mercado profissional passou (e continua passando) por questionamentos sobre os rumos de suas carreiras e principalmente de suas vidas. Isso refletiu, principalmente no Brasil, em uma nova onda de empreendedorismo, sobretudo no setor de inovação.
Segundo o Sebrae, cerca de 500 startups devem ser impulsionadas através de projetos que envolvem desde a capacitação teórica até o apoio à busca de recursos financeiros. E boa parte destas startups nasceram de profissionais egressos da Grande Demissão.
A tecnologia é uma importante ferramenta de democratização. E têm um papel central na vida – e nos negócios – dos milhões de novos empreendedores “criados” a partir da Grande Demissão.
Isso se torna ainda mais importante levando em conta que o Brasil ocupa a sétima posição no ranking mundial de empreendedores estabelecidos. Há um ano, estávamos na décima terceira colocação, segundo o Sebrae.
Com isso, as soluções do Open Finance atualmente disponíveis no mercado são essenciais para quem encontrou no empreendedorismo uma solução para o desemprego. O que se mostra mais do que adequado para iniciativas disruptivas.
Em épocas anteriores, abrir uma conta em nome da pessoa jurídica era um exercício burocrático e que exigia bastante paciência, o que poderia levar boa parte desses novos negócios ao fracasso.
Agora, conforme os dados da empresa cadastrados nos sistemas, algoritmos fazem o trabalho mais pesado: analisam cuidadosamente e apontam as melhores e mais assertivas opções, de acordo com as necessidades reais de cada negócio. São soluções não apenas eficientes, mas personalizadas.
Outro facilitador é a portabilidade – e a liberdade de escolha – entre as instituições bancárias.
A análise digital aponta e permite que se contrate múltiplos serviços entre diferentes instituições. Os dados cadastrais são compartilhados entre os sistemas, gerando um banco de dados diversificado que permite uma agilidade inédita nas negociações.
A chance de ficar atrelado a um perfil de investimentos não vantajoso apenas por causa de uma única solução, fica praticamente afastada. E isso é a verdadeira democratização por meio da tecnologia.
Reorganizando tudo
Alguns economistas nos Estados Unidos dizem que A Grande Demissão já faz parte do passado. Estaríamos agora no momento da Grande Reorganização (originalmente The Great Reshuffle). Tudo está se encaixando em um novo formato. Alguns com mais facilidade, outros precisando de ajustes mais pontuais.
O que não se pode negar é que boa parte do mercado profissional passou (e continua passando) por questionamentos sobre os rumos de suas carreiras e principalmente de suas vidas. Isso refletiu, principalmente no Brasil, em uma nova onda de empreendedorismo, sobretudo no setor de inovação.
Segundo o Sebrae (Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas), cerca de 500 startups devem ser impulsionadas através de projetos que envolvem desde a capacitação teórica até o apoio à busca de recursos financeiros. E boa parte destas startups nasceram de profissionais egressos da Grande Demissão.
E não é estranho que seu destino seja justamente a criação de empresas nesse perfil. Uma pesquisa da Harvard Business Review revelou que a maioria dos profissionais dentro deste movimento trabalhavam em empresas de tecnologia, seguidos por profissionais de saúde. Ambas categorias tiveram um aumento de cobranças por resultados acima do normal, durante a adequação da sociedade desde o início da pandemia.
Nada é mais o que era antes
O caso é que A Grande Demissão, ou até mesmo A Grande Reorganização, teve seus motivos para começar, mas não parece ter hora para acabar. Os profissionais, apoiados pela tecnologia, caminham na direção da construção de novos modelos de negócio, de trabalho, e sobretudo, numa nova definição da posição do trabalho dentro da sociedade. Privilegiando pela primeira vez o conforto, de mãos dadas com a eficiência. É questão de acompanhar.
Este artigo foi escrito por Arthur Ankerkrone e publicado originalmente em Prensa.li.