“A Guerra do Amanhã”: uma aventura cansativa - com spoilers!
Um ex-militar e professor de ciências do ensino médio precisa viajar para o futuro e lutar contra alienígenas que estão dizimando a humanidade. Parece um bom conceito para um filme de ficção-científica, mas em “A Guerra do Amanhã” não funciona.
Chris Pratt dá vida a Dan Forester, um homem que acredita estar destinado a fazer algo grandioso, mas leva uma vida mediana com sua família num subúrbio dos Estados Unidos.
Tudo muda quando surge um exército do futuro, convocando militares e civis para lutar em uma guerra global contra alienígenas em 2051. A humanidade está perdendo e precisa de toda ajuda possível para evitar a extinção na Terra.
Ao ser convocado, Dan precisa abandonar sua esposa, Emmy (Betty Gilpin), e filha, Muri (Ryan Kiera Armstrong), para realizar o que pode ser seu grande propósito na vida.
Com um orçamento de 200 milhões de dólares, o diretor Chris McKay (Lego Batman: O Filme) entrega uma aventura pouco convincente, com cenas de ação clichês e atuações fracas.
Elenco de peso: a salvação do amanhã
Pratt, que ganhou simpatia do público com seu personagem Andy em “Parks and Recreation” e se consagrou nos filmes da Marvel como o sarcástico Peter Quill, recebeu um roteiro feito inteiramente com falas motivacionais e de efeito moral. Dan é previsível e cansativo.
Nem Yvonne Strahovski, que proporciona ao público uma experiência dramática intensa em The Handmaid’s Tale, conseguiu salvar as cenas emotivas que tem com Chris Pratt.
Yvonne interpreta Muri, a filha de Dan, no futuro, onde ela é uma cientista que descobre uma toxina que consegue matar os alienígenas.
Sam Richardson (Veep), que interpreta Charlie, um civil inexperiente que é convocado para lutar ao lado de Dan, poderia ter sido um bom alívio cômico, mas suas tentativas de fazer o público rir são mais constrangedoras do que engraçadas.
J.K Simmons (Whiplash) é o único que parece não ter sido afetado pelo roteiro desastroso de Zach Dean (Um Dia Para Viver).
Simmons interpreta James Forester, pai de Dan, que abandona sua família por não conseguir lidar com os traumas da guerra. O clássico pai ausente. Mesmo com poucas cenas, ele consegue dar profundidade aos conflitos com o filho.
Queridos animais do espaço
Os alienígenas são apresentados ao telespectador apenas aos 48 minutos de filme, mas não deixam de impressionar - possivelmente sendo o único acerto da produção. Conhecidos como garras-brancas, eles são ágeis e assustadores. Seus únicos pontos fracos são o pescoço e abdômen.
Eles possuem tentáculos como uma lula gigante, e uma grande quantidade de dentes, como um tubarão. Além disso, eles têm a capacidade de voar e nadar.
O filme mostra a importância da ciência para resolução de problemas, fazendo um paralelo ao trabalho de cientistas para combater a Covid-19. Porém, o assunto não é explorado, e se perde na trama, assim como temas de questões familiares e aquecimento global.
O esforço para transformar Dan no herói da história é desconcertante. Em vários momentos ele chega rapidamente a conclusões muito “inteligentes”, como se ninguém mais pudesse ter a mesma ideia – inclusive o telespectador.
A solução é a “toxina”
O final consegue ser o momento mais absurdo de toda a história.
Dan volta ao passado – ou seu presente – levando a toxina que poderá ser usada quando os garras-brancas chegarem à terra. Mas o governo não tem interesse em seu plano.
Então, ele e sua esposa percebem, durante uma conversa super casual, que os alienígenas já estavam na terra antes da guerra.
Para descobrirem a localização da nave, Dan e Charlie analisam uma das garras dos aliens, e notam vestígios de cinzas vulcânicas. Nesse momento, Dan pede ajuda a ninguém menos que um dos seus alunos do ensino médio, que tem vasto conhecimento sobre vulcões.
Com a informação de que a nave que trouxe os monstros está enterrada na Rússia, Dan monta uma equipe, incluindo o seu pai, para viajar até a Rússia e matar os garras-brancas. Rapidamente eles conseguem arrumar todo o equipamento para enfrentar o frio congelante, além de explosivos, armas e a toxina sintetizada.
Inacreditavelmente, eles encontram a nave submersa assim que chegam ao local, matam os alienígenas, com explosivos e o sacrifício de duas pessoas do grupo, restando apenas uma fêmea que foge.
Mas nada é impossível para Dan Forester. Junto ao seu pai, ele mata a fêmea e os dois têm um momento simbólico, restaurando a relação de pai e filho.
Os Forester’s salvam o mundo sozinhos e, no final, o governo aproveita a oportunidade para dizer que o plano todo foi uma missão secreta dos Estados Unidos.
A Guerra do Amanhã apresenta uma trama pouco envolvente e sem criatividade numa tentativa de usar elementos que funcionaram em outros filmes de alienígenas e viagem no tempo. A história não tem foco e se perde nas diversas vertentes que poderia seguir, o que torna a experiência confusa e frustrante.
Apesar disso, o filme da Amazon Prime Video fez sucesso entre os assinantes e deve ganhar uma sequência.