A origem dos vírus digitais (Parte 2): Primeiros casos
Na década de 40, antes mesmo do lançamento do ENIAC, considerado pela maioria, o 1º computador do mundo, já se estudava sobre a automação de máquinas. E para você que não gosta de matemática, mas ama tecnologia, agradeça. Pois nada do que conhecemos e que tanto amamos existiria, se não fosse por ela.
Computadores, laptops, viagens espaciais, smartphones, smartwatches, smarts tudo, nasceram graças aos grandes gênios matemáticos do passado.
E a grande ferramenta que nos possibilita usar tudo isso, sem que façamos cálculos, são as linguagens de programação que nos permitem construir os mais variados tipos de softwares e fazer todo tipo de automação, incluindo também os temíveis vírus de computador.
São quase tão antigos quanto a própria programação. Os primeiros foram escritos em ASSEMBLY, uma linguagem de montagem, que é um código legível por pessoas e mais próximo da puramente dita “linguagem de máquina” que é a binária, composta apenas pelos algarismos zero e um.
Esses primeiros vírus digitais não são muito conhecidos, e atuavam na BIOS e Chipsets da placa-mãe, causando corrupção dos dados e consequente inutilização desses componentes e do dispositivo em si, já que não era mais possível ligá-lo.
A forma de transmissão se dava por meio de contato, através de mídia removível, que na época se tratava de um disquete. O que não permitia uma propagação rápida e não causaram grandes estragos, pois são anteriores à rede internet. Na verdade, anteriores à ARPANET, que foi a antecessora da internet.
O último caso famoso foi do Michelangelo, descoberto em fevereiro de 1991 e com data de ativação para o dia do aniversário do artista que lhe deu o nome.
Como se pode observar, a computação e seus elementos foram se desenvolvendo simultaneamente ao longo dos anos de forma entrelaçada. À medida que um evoluía, os outros acompanhavam, foi assim desde o início, tanto com a rede, como com softwares e hardwares e é claro que os vírus evoluíram juntos.
Mac e Linux não pegam vírus
Doce engano. Um dos primeiros vírus da era moderna, e que foi amplamente divulgado, foi Elk Cloner para o Apple 2. Ele foi implantado em um jogo e colocado num disquete, em 1982. Ao colocar qualquer disquete no computador infectado, o mesmo era infectado e assim sucessivamente. Após a 50ª execução do jogo, a tela ficava toda preta e aparecia um texto, nada além disso.
Imagem de Gianni Crestani por Pixabay
Já entre 2015 e 2017, foi descoberto o FruitFly, um vírus para Mac OS, que traduzindo quer dizer “mosca da fruta”, fazendo alusão ao logo da Apple. Misterioso, não se sabe quem o criou, nem qual é a sua finalidade.
Coisa rara também, é ouvir falar de vírus de computador para Linux, mas acontece. Também por volta do ano de 2015 foi descoberto outro, seu nome é EvilGNOME, e foi feito para infectar a ferramenta de programação do Linux de nome GNOME. Ele tinha a capacidade de capturar a tela e o áudio da máquina além de fazer uploads massivos de arquivos para a nuvem do hacker.
Apesar do seu poder avassalador, o EvilGNOME não fez muito estrago por não ter infectado muitos computadores, e portanto não foi tão divulgado, o caso ficou mais restrito às comunidades Linux.
Basta querer
A realidade é que todo e qualquer programa, arquivo ou sistema operacional, seja ele qual for, independentemente do tipo de dispositivo em que ele funcione, é possível criar um vírus para o infectar. Basta seguir as regras da natureza do mesmo.
É preciso conhecer a aplicação a ser infectada para que seja escrito na linguagem compatível. Saber quais são as falhas de sistema e possíveis meios de infecção também ajudam. No mais é só programá-lo para que faça o que seu criador deseja.
Portanto, todos deveriam se proteger, mas nem todos o fazem porque há um custo quanto a isso. Caso recente foi do WhatsApp, que depois de falhas grotescas de segurança, precisou investir pesado para criptografar as conversas de seus usuários, o que acabou o favorecendo para que agora, possa realizar até transações financeiras.
Segurança: podemos instalar vários antivírus?
Apesar da sua evolução, a resposta ainda é não. Inclusive a própria Microsoft recomenda em seu site que “nunca se deve usar mais de um antivírus simultaneamente”. O próprio aplicativo de segurança do Windows gerencia essa situação, desabilitando a aplicação antivírus nativa quando um novo programa de segurança é instalado.
A Segurança do Windows inclui um programa antivírus, que é o bom e velho Microsoft Defender Antivírus. (Nas primeiras versões do Windows 10, a Segurança é chamada de Central de Segurança do Windows Defender)
Os aplicativos não vão tentar se desinstalar como antigamente, mas ficarão rodando simultaneamente e causando lentidão no processamento, já que vai gastar energia fazendo retrabalho, pois outro já fez o serviço. A sugestão é escolher o aplicativo com melhor custo benefício, ou ficar mesmo com o Defender que para uso doméstico dá para o gasto.
Como se manter seguro no mundo digital?
Desde os primórdios, a melhor segurança é o próprio usuário quem faz. Cuidado nunca é demais, e dificilmente somos alvos específicos de um criminoso. Eles lançam vírus e malwares na rede em busca de desavisados ou descuidados. Enfim, atrás de quem lhes renda alguma vantagem ilícita.
Cuidado ao navegar, e um programa antivírus, associado a um sistema atualizado, são práticas saudáveis. Mas como o usuário é quem deve se cuidar, aqui vão algumas dicas importantes sobre senhas fortes:
Torque-as regularmente. de tempos em tempos é importante trocar a senha, pois aos poucos, pessoas próximas acabam descobrindo de diversas formas.
Dificulte. Use senhas que contenham números, letras e caracteres especiais. Use também ao menos uma letra maiúscula e uma minúscula. Crie uma senha de no mínimo 8 caracteres, quanto maior a quantidade de caracteres, maior a força dela. Claro, se associada às condições acima.
Não anote. Nada de anotar senhas em agendas, cadernos ou mesmo no celular, memorize-as! Use algo pessoal associado a coisas aleatórias. O fator pessoal te ajudará a não esquecer a senha e as aleatórias ajudarão a não deixar a senha tão óbvia para o hacker.
O que fazer em caso de infecção?
Não há receita de bolo para esses casos. Cada tipo de vírus age de uma forma e precisa de uma ação correspondente. Em geral, quando se percebe um muito agressivo, o estrago já foi feito e dificilmente se consegue reverter. Não é impossível, mas pouco provável.
Caso perceba a presença de vírus ou malware qualquer, a primeira ação é fazer uma varredura com seu antivírus. Observe o relatório, nele poderá descobrir quais programas ou arquivos foram infectados.
Ferramenta Online da Microsoft
Use também o Verificador de Segurança da Microsoft. A empresa oferece uma ferramenta online gratuita que verifica e ajuda a remover ameaças potenciais de seu computador. Para realizar o verificação, acesse o site do Microsoft Safety Scanner.
Atualize o sistema
As atualizações contém soluções de falhas e ajudam a impedir novas infecções. Um sistema desatualizado torna-se um alvo fácil. Dica: programe as atualizações para que ocorram no seu horário de intervalo ou após o seu expediente, para que não seja interrompido durante o uso.
Seus dados começaram a ser destruídos freneticamente? Arranque o cabo da tomada. Não garante nada, mas já está condenado e o que de pior poderá acontecer? Em seguida, chame um técnico, pois a situação é grave.
O Antivírus não conseguiu desinstalar o vírus e agora?
Em caso de empresas, chame um especialista, ou uma empresa do ramo. Não é um serviço barato e nem é garantido o resultado positivo, mas é o que se pode fazer em casos graves. Para computadores domésticos, procure um técnico que tenha experiência, nesses casos é preciso pôr a mão no bolso mesmo.
Alerta: Softwares desonestos
Cuidado com softwares que “legalizam” sistemas pagos, os famosos Crackers. Esses aplicativos são de origem duvidosa, e seu funcionamento é ainda mais. Afinal, quando a esmola é demais o santo desconfia, né? O que esses criadores ganham por te dar um software pago, de valor considerável e de graça?
Os Crackers podem ser por exemplo um “gerador de chave” para o Windows, ou um aplicativo “ativador”. O que mais esses aplicativos podem fazer? Não se sabe, então por que confiar sua segurança ao desconhecido? Prefira sempre os softwares originais. Eles são seguros e possuem suporte do fabricante.
Desconfie!
Navegar em segurança é possível, basta ser cuidadoso(a) com os locais onde navega e os arquivos que baixar, seja da internet ou de dispositivos móveis. Além de ter um programa antivírus, mantenha ele e o seu sistema operacional sempre atualizados. Aprenda a desconfiar, nada é de graça. Portanto, use o poder da informação e navegue feliz.
Este artigo foi escrito por Reinaldo Coelho e publicado originalmente em Prensa.li.