A Petrobras e a sopa de letrinhas que atrapalha o Brasil
Imagem: Eleições.org
O Brasil possui 32 partidos políticos no quadro eleitoral. É assustador para uma democracia tão recente quanto a nossa tantas representações partidárias, sendo que muitas delas são criadas somente para enriquecer os seus líderes deixando de lado temas importantes que afetam a vida do trabalhador.
A cada 4 anos, um presidente da República é eleito e além das suas responsabilidades constitucionais, ele precisa estar atento a todo instante diante do que é a governabilidade.
Ela consiste em dar liberdade ao chefe do executivo para que a sua agenda política funcione, mas isso precisa de contrapartidas. Algumas delas, são as indicações por parte do governo a cargos em ministérios ou estatais e indicações a partidos políticos com o objetivo de apoiar o presidente em questão. Por conta disso, vemos, infelizmente, muitos casos de corrupção e a perda cada vez mais acentuada da credibilidade na política nacional.
A Petrobras sendo a maior estatal brasileira vem passando por esse processo há anos, muito por conta dos escândalos de corrupção que fizeram bilhões de reais sumirem dos seus cofres, além das inúmeras interferências responsáveis pela interrupção de obras em todo o país, ceifando milhões de empregos.
Um longo processo de reestruturação foi feito na empresa para reparar os danos causados e os resultados começaram a aparecer. Bilhões de reais entrando, acionistas investindo nas ações, e sobretudo a não interferência maléfica nos rumos petrolífera.
Tudo muito bem, tudo muito bom, mas nesse processo houve a criação de um mecanismo em 2016 que foi o divisor de águas para a Petrobrás e que hoje está dando dor de cabeça tanto para o empresariado quanto para o trabalhador que é o programa de paridade internacional ou (PPI) .
Este programa criado durante o governo Temer tem como premissa atrelar o preços dos combustíveis do país com a alta do dólar. A partir dele os lucros começaram a aumentar de forma vertiginosa e ao mesmo tempo corroeu e continua corroendo o poder de compra do trabalhador. A guerra entre Rússia e Ucrânia agravou este problema pois o preço do barril cotado em dólar disparou de forma significativa chegando a $130 dólares.
Com isso, a Petrobras repassa ao consumidor final os preços elevadíssimos e prejudica a economia como um todo. Só no primeiro trimestre deste ano, R$44,5 bilhões de reais foram ganhos pela empresa.
Isso aos olhos dos acionistas é significativo, mas mostra também como estes interferem de forma negativa, pois uma vez que se mencione uma possível mudança nesta política de preço, já vem o burburinho do mercado dizendo que não pode ocorrer interferência estatal, pois isso atrapalha os negócios da empresa.
Diante deste cenário, o Congresso Nacional deveria criar mecanismos para frear essa alta e investigar quem está articulando a manutenção dessa política e por que simplesmente é omisso enquanto a população sangra com esse processo.
Isso acontece porque muitos deputados e senadores atendem os interesses do mercado e intervir em um negócio tão lucrativo como este seria muito problemático.
Além disso, diversos partidos políticos enxergam a estatal como fonte de renda e ver uma Petrobras privatizada não seria muito atraente com os respectivos projetos destas entidades.
O sistema pluripartidário brasileiro que pode ser chamado de sopa de letrinhas, inviabiliza muito uma mudança que é necessária em relação aos preços do petróleo, pois o povo não aguenta mais a inflação galopante e preços sobretudo da cesta básica a patamares inimagináveis.
A Petrobras é do povo e precisa cumprir sua função social de atender aos interesses da nação bem como a classe política para que todos saiam ganhando.
Este artigo foi escrito por Jones Júnior e publicado originalmente em Prensa.li.