A reeleição primeiro, a conta nós vemos depois.
A política econômica liderada pelo ministro Paulo Guedes, sempre teve como discurso a mínima intervenção do Estado e maior participação do setor privado para alavancar a economia que estava travada graças às aventuras fiscais dos governos petistas.
Como liberal que é, ele pensava que o modus operandi da iniciativa privada da qual ele fazia parte, seria implantada no setor público e, todas as suas pautas seriam aprovadas com amplo apoio do congresso nacional.
O problema é que o seu chefe tendo a dimensão da complexidade de permanecer em "paz" na cadeira presidencial, recorreu à velha prática populista de gastos excessivos, declarando estado de emergência em território nacional, com a justificativa da recessão econômica oriunda da pandemia da covid 19 e do conflito entre Rússia e Ucrânia.
O valor da PEC aprovada foi de R$ 41,2 bilhões e irá turbinar programas como auxílio Brasil que terá o seu valor reajustado de R$ 400 para R$ 600 além do auxílio gás e vouchers para taxistas e caminhoneiros.
Diante de tal cenário, é evidente que as pretensões eleitorais falam mais alto e assim, o presidente da República conseguiu ao mesmo tempo garantir a sua ida ao segundo turno e tornar também, a vida dos parlamentares mais fácil, fornecendo capital político aos para a próxima legislatura em 2023 caso estes sejam eleitos.
Com a aprovação de tal medida, muito se questiona como o Estado brasileiro irá arcar com o valor aprovado, uma vez que o teto de gastos foi rompido e a situação fiscal do país há muito tempo não é favorável. O ministro sabe dos riscos fiscais a longo prazo, entretanto, ele está entre a cruz e a espada pois precisa ser subserviente às ordens do Planalto e ao mesmo tempo, acenar para o mercado que sua pasta não irá perder o freio nas contas públicas.
Isso mostra como os benefícios sociais no país são vistos como propaganda eleitoral pois, uma vez implantados, políticos tomam para si, a fama dessas iniciativas sendo que estas não devem ser políticas de governo mas sim de Estado, que precisam ser sólidas e contínuas, independente do viés político ideológico de quem assume a presidência da República. O populismo continua sendo um dos principais problemas da política nacional e Jair Bolsonaro e o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva são as representações claras dessa mácula que continua presente no sistema democrático vigente.
É necessária uma mudança política institucional vedando irresponsabilidades com o dinheiro público, sobretudo, com interesses eleitorais, pois a conta chegará a longo prazo e será muito dolorosa ao contribuinte. Desse modo, o economista Milton Friedman disse uma frase que retrata bem como a classe política enxerga programas de assistência social. "Nada é tão permanente quanto um programa temporário do governo."
Este artigo foi escrito por Jones Júnior e publicado originalmente em Prensa.li.