A Sociedade Zaibtasu: O que isso?
A partir da 3ª revolução tecnológica, derivada da grande expansão da internet, vive-se, hoje, um meio termo entre as grandes navegações e as corridas intergalácticas. Esse limbo faz com que o imaginário humano se expanda de tal forma que se convive, diariamente, com um medo pairando sobre o ar: a inteligência artificial e os robôs vão dominar o mundo?
(Esse texto contém várias associações com o universo cyberpunk, então, clique nos links para poder compreender bem).
A Matrix, notoriamente controlada pela elevação da inteligência, ao menos no clássico de Gibson, faz com que pensemos em como e se vivemos em uma realidade. O que é real deixa de ser o que é visto pelos olhos humanos, sentido pelo olfato ou tocado pelo tato; realidades virtuais e aumentadas já fazem um ótimo trabalho imitando esses sentidos. nda que falte uma longa jornada para as distopias acontecerem, as quais não se percebe muita ou nenhuma diferença entre os “dois mundos”, a IA está em uma rápida evolução.
No entanto, quem faz com que essa "realidade” seja consumida pela massa? As Zaibatsus. Proveniente do termo japonês, caracteriza as grandes empresas e conglomerados, em Neuromancer, esse termo é utilizado para as gigantes de tecnologia.
Analisando o clássico, O Mito da Caverna de Platão, é visto que o real é relativo. A verdade está sempre obscurecida por camadas de ignorância mais pura, formando uma grande cebola de concreto que nos deixa cegos a ver a luz (a própria). Matemáticos utilizam-se amplamente dessa verdade incontestável. Por magia ou não, os números, os quais aprendemos a usar a tanto tempo atrás, sempre dão o mesmo resultado se seguir a mesma lógica. Se parar para pensar, é algo bizarro, como se esses algoritmos tivessem uma rotina própria, a qual sempre vai levar aquele mesmo lugar.
E nessa fase de algoritmos, não mais puramente matemáticos, mas também controlados e agenciados por Turing que se chega a tão almejada inteligência artificial. Jonathan Swift, em “ As Viagens de Gullliver”, já se utilizava de uma ideia primitiva e idealizada de algo que tivesse uma maior capacidade de processamento de informações que a humanidade, que seria o Motor, esse chamaria-se de IA, tempos depois.
A partir da década de 1970, viu-se uma explosão da tentativa de assimilar essa IA com o mundo pós-moderno, tentando encaixá-la de qualquer jeito e trazer as mais diferentes e inovadoras criações literárias e ficcionais para o mundo “real”, entre elas algo que superasse a capacidade humana, como o deep blue, o qual venceu o então campeão mundial de xadrez.
Entretanto, ainda necessitava percorrer um caminho muito longo até chegar aos carros voadores, ao ciberespaço e a quebra do ICE tão comuns em Neuromancer. Poderia até dizer que essa necromância, está presente em formato de Herança Digital, nos dias atuais.
A Sociedade do Espetáculo, de Debord, mostra que a necessidade de se mostrar, de “estar na vitrine”, é maior do que até seus direitos pessoais, como o da privacidade. A utilização do corpo como simplesmente matéria relaciona-se com a prostituição, a cypherprostituição: a troca de dados por serviços, por estar aparentemente feliz, nas mídias.
Essas Zaibatsus, nada mais são do que controladoras do comportamento individual e em massa da população. Elas são alicerces para algo muito maior, para o Neuromancer pós-moderno, que assim como o do livro é dividido em duas partes, a mais frágil, que toma decisões, chamada de Facebook (o famoso Wintermure), e a que transforma a realidade e cria personalidades, contornando indiretamente o cérebro e o influenciando de forma sútil e perspicaz, o Google.
Entretanto as Zaibatsus estão bem longe de Tokyo, principalmente fundadas e “crescidas” no Vale do Silício nos EUA, esse se tornou o centro mundial de todas as grandes corporações tecnológicas. Ainda que a sua maioria seja ocidental, elas possuem uma grande diretriz que as transformam em conglomerados “neojaponeses”.
A Sociedade Zaibatsu é uma mistura da Sociedade do Espetáculo, a qual a comunidade necessita-se mostrar, e por isso fornece de bom grado os seus dados por um Ticket para o mundo virtual, juntamente com o comércio eletrônico, as mídias sociais de grandes conglomerados, fazendo com que, dessa forma, a cultura se liquefaça cada vez mais.
Achas que essa Sociedade Zaibatsu existe? Ou é apenas algo ficcional cyberpunk?
Este artigo foi escrito por Maria Renata Gois e publicado originalmente em Prensa.li.