A vida (e a não morte) de Michael Myers
Origem do mau
O icônico vilão teve sua primeira representação no ano de 1978, pelas mãos de John Carpenter e Debra Hill.
O que muito provavelmente ambos não imaginavam, era que a obra seria precursora de um novo estilo de filmes de terror, o Slasher.
Oriundo do termo em inglês Slash, e da sua variação Slasher, cujos respectivos significados são “golpear” e “assassino”, um novo subgênero do terror nascia.
Resumidamente, refere-se a vilões quase sempre com aspecto humano, que perseguem suas vítimas, geralmente a pé, e as golpeiam até a morte.
O primeiro filme foi rodado com baixo orçamento, custando cerca de 325 mil dólares, e gerou 70 milhões de dólares em lucros, algo absurdo para a época.
O Filme surpreendeu não somente os espectadores, mas também todos os envolvidos na produção. Ainda mais para um longa-metragem que começou a ser rodado em maio, para ser exibido em outubro do mesmo ano.
Quem é Michael Myers?
No primeiro filme somos apresentados à figura infantil de Michael e podemos notar que, apesar de viver em um lar sem traços de problemas estruturais, o jovem começa a apresentar traços de psicopatia.
De acordo com a produção original de 1978, em um surto psicótico, Myers de apenas seis anos esfaqueia a própria irmã até a morte na noite de Halloween.
Após o homicídio, o jovem é internado em uma clínica para pessoas com distúrbios sociais.
O que certamente não contavam, é que apesar dos cuidados do Doutor Samuel Loomis, quinze anos depois o paciente fugiria do internato e daria início a uma série de assassinatos de maneira descontrolada.
A partir da ótica de Rob Zombie, que produziu o remake da história de Halloween, veríamos novamente um jovem introspectivo, só que mais brutal.
Nesta versão, o jovem Michael não mata apenas uma de suas irmãs, mas também o namorado desta, seu padrasto, e um colega da escola.
Nesta nova representação, acompanhamos mais de perto a juventude e o amadurecimento do jovem institucionalizado, que também após quinze anos consegue escapar do isolamento dando início a momentos de tensão e medo na cidade onde nasceu.
Cronologia medonha
Tendo em vista todo o sucesso do primeiro filme, era óbvio que veríamos Michael Myers novamente, mais precisamente três anos depois em Halloween 2 - O Pesadelo Continua.
A continuação do terror Slasher foi em uma sequência imediata do filme anterior, tendo em vista que a história é contada de forma ininterrupta, exatamente após os acontecimentos do final do primeiro filme.
Onde Michael Myers segue em busca de matar sua outra irmã, Laurie Strode (Jamie Lee Curtis), que por sua vez consegue fugir do irmão assassino, e ao que tudo indica, se livrar definitivamente do maníaco.
Todavia, o final da primeira trilogia foi pra lá de medonho.
Halloween 3 - A Noite das Bruxas, lançado em 1982, desagradou a maioria dos fãs do serial killer. Ainda mais pelo fato de que o personagem principal sequer aparece no filme.
O fracasso do terceiro filme gerou um espaçamento maior na franquia de terror. Dessa forma, o assassino em série só reapareceu no final daquela década, em Halloween 4 - O Retorno de Michael Myers.
O filme foi bem aceito pelos fãs, não só pelo retorno no “Bicho-Papão” de Haddonfield, mas também pelo roteiro, que nem se compara ao antecessor.
Apesar do visual do personagem principal ter deixado um pouco a desejar, o retorno gerado pelo quarto filme, desta vez já sob nova direção, garantiu o quinto longa de terror.
Em Halloween 5 - A Vingança de Michael Myers, os diretores, que certamente tentavam repetir o sucesso dos primeiros filmes da franquia, ficaram mais uma vez no “quase”.
Desta vez, assim como no último, a vítima de Myers é sua sobrinha, que a essa altura já tinha uma conexão neural com o tio assassino, podendo prever seus ataques.
O sexto longa, assim como os anteriores, não chegou perto dos filmes inaugurais.
Deste modo, Halloween 6 - A Última Vingança, encerrou em 1995 uma série de dois acertos, um erro crasso, um filme médio, e por fim outros dois que ficaram abaixo das expectativas.
Por conta não só das baixas bilheterias e críticas negativas, mas também pelo fato de que o terror Slasher não estava mais em alta, a franquia Halloween viveu um período complicado, implicando diretamente no espaçamento entre as produções.
Renascimento
No ano de 1998 foi lançado o Halloween - H20, não apenas para comemorar o aniversário de vinte anos da franquia, mas também para tentar recuperar a imagem deixada pelos últimos filmes.
Portanto, para a nova obra tivemos o primeiro reboot na história de Michael, sugerindo então que os capítulos três, quatro, cinco e seis não existiram, dando sequência a partir do segundo filme.
Logo, a irmã de Michael, Laurie, ainda está viva, e não temos a presença da sobrinha apresentada anteriormente.
Todavia, após novas tentativas, e apesar de terem se saído melhor do que as representações anteriores, H20 e Halloween - Ressurreição, marcaram início e fim ao primeiro reboot da saga.
Sendo o último, considerado por muitos o pior filme até os dias atuais. As críticas vão desde roteiro, passando pelas gravações e até mesmo o desfecho das personagens.
Terceiro Ato
Foto destaque: Reprodução/Dimension Films
Em 2007 os contos e histórias do Michael Myers são novamente “rebootados”. Dessa vez contando toda a história desde o início, ou seja, vemos novamente a imagem do serial killer no seu período de infância.
O astro do Rock, Rob Zombie, assumiu a direção da franquia sob promessa de repaginar a história do sanguinário vilão, e assim o fez.
A passagem de Michael pelo hospital psiquiátrico é apresentada com mais detalhes, e por consequência toda a relação dele com o Doutor Samuel Loomis.
Entretanto, nessa nova construção, a versão adulta do vilão ganha um visual mais brutal e violento, não só pelas mortes, mas também pelo aspecto físico do personagem.
Nessa versão o visual de Myers passa pela repaginação mais chamativa até então. A famosa máscara branca de borracha com cabelos bagunçados, combinado ao macacão acinzentado, dão vez a um uniforme sujo e uma outra máscara mais fiel à original.
Por fim, nos deparamos com mais uma cena onde o vilão é alvejado por balas, e como de costume “morre”.
Gran Finale!?
Foto destaque: Reprodução/Blumhouse Productions
Após novo hiato, em 2018, nove anos após o último longa, o bicho papão de Haddonfield ganhou um novo filme, e adivinhem só, um novo reboot.
Desta vez, seguindo a mesma receita de Steve Miner, produtor de Halloween - H20, a cronologia das obras é alterada, contudo, desta vez considerando apenas o primeiro filme de 1978.
A produção de David Green recebe o nome original da saga, e em pouco tempo já torna-se um marco dentre todos os filmes da franquia.
O produtor, não só rebobinou a história à sua origem, como trouxe boa parte do elenco da obra inaugural.
Além da figurinha carimbada, Jamie Lee Curtis no papel da Laurie Strode a irmã do personagem principal, contamos também com a presença Nick Castle, mais uma vez vestindo a máscara e o traje do famoso vilão.
O primeiro capítulo desse novo reboot custou cerca de 10 milhões de dólares, e teve um lucro de aproximadamente 91 milhões na semana de lançamento. Marca notável na história de Halloween.
O primeiro episódio desta nova sequência agradou muito os fãs.
Essa versão apresenta uma Laurie perturbada e paranóica com a imagem do irmão, e mais uma vez Michel Myers fugindo do Sanatório de Smiths Grove, e aterrorizando a noite de Halloween da sua cidade natal.
Contudo, assim como já havia ocorrido anteriormente na saga, a sequência foi polêmica e duvidosa.
Halloween: Kills, lançado em outubro de 2021 dividiu opiniões entre os fãs de filmes de terror.
Na contramão do filme original, e do primeiro deste novo reboot, além de levar o termo “Kills” ao pé da letra, os diretores decidiram ressuscitar um conceito que não foi bem aceito pelos amantes da saga.
A possibilidade de Michael Myers representar um ser sobrenatural
O conceito em questão já havia sido mencionado na primeira sequência da franquia, e passou longe de agradar os fãs.
Inclusive, indo na contramão do primeiro novo capítulo, onde é passada a ideia de um Michael mais humano, até mesmo por conta da idade.
A parte do “Kills” ser levado ao pé da letra, conforme mencionado, se dá pela quantidade de vítimas que o serial killer deixa pelo caminho no segundo filme da nova sequência.
Michael Myers mata cerca de 20 pessoas, um número pra lá de considerável, quando comparado ao antecessor, e a obra original.
O que podemos esperar de Halloween - Ends?
Será que Myers realmente é um ser paranormal?
Ou será que veremos um novo “fim definitivo” para a saga?
Imagem de capa: Reprodução/Blumhouse Productions
Este artigo foi escrito por Filipe Mello e publicado originalmente em Prensa.li.