Acabou a paz nas redes sociais?
Você deve ter se deparado com um ou outro usuário reclamando da poluição visual e sonora que aplacou as redes sociais nos últimos tempos. Com a chegada do TikTok, uma série de tendências surgiram e, claro, as outras redes não podem ficar de fora.
Sim! Estou me referindo às dancinhas, só que mais especificamente dos vídeos curtos recheados de informações rápidas, áudios remixados várias vezes, transições e efeitos que caracterizam uma nova era das redes sociais, que eu gosto de chamar de: brás virtual.
Brás virtual
Essa alusão não é à toa. Para quem não conhece, o Brás é um bairro da capital de São Paulo onde o forte comércio atrai vendedores de todo o Brasil que estão à procura de bons preços.
Caótico, barulhento, lotado e extremamente disputado: parecido com as redes sociais hoje em dia.
Isso acontece porque as redes sociais estão longe de ser o que eram antigamente: um espaço para compartilhar experiências, fazer amizades e rir de memes.
Com 5 bilhões de usuários globais, segundo estudo da Global Overview Report de 2022, as redes sociais se tornaram o melhor local para realizar campanhas publicitárias e ofertar produtos e serviços.
Com isso, as marcas passaram a disputar pela atenção dos usuários, fazendo cada vez mais barulho para não passarem batido. Mas não são só as marcas que estão na Internet.
A comercialização do eu
Ok. Até aqui pudemos ver que um dos principais fatores que contribuem com a verdadeira feira virtual que as redes se tornaram, são as marcas e empresas que disputam pela sua fatia de mercado no meio digital.
Mas e os meros usuários? Estes, principalmente, enfrentam quase que diariamente uma mudança de hábito que precisa acompanhar as tendências: ou você ficará pra trás.
Se antes para ser um usuário ativo do Facebook bastava compartilhar a evolução da Fazenda Feliz, hoje é preciso muito mais que isso. Compartilhar conteúdos, postar stories, responder correntes e até mesmo produzir conteúdo são as novas exigências para ser um usuário antenado em 2022.
Ser ativo nas redes sociais é, inclusive, um requisito profissional. Ou você nunca se deparou com médicos fazendo TikToks sobre as doenças mais perigosas e os piores hábitos de higiene bucal?
Com isso, todas as pessoas estão o tempo todo produzindo ativamente para as redes sociais e tentando incansavelmente acompanhar as tendências. Seja dançando, dublando um áudio ou respondendo correntes nos stories.
Uma promessa de paz
E como a vida ama uma ironia, tudo o que os usuários mais querem é ter paz novamente! Poder rolar o feed sem ouvir 5 áudios diferentes, dancinhas e recomendações de conteúdos que você nunca pediu para receber.
Pensando nisso, a ByteDance, empresa responsável pelo TikTok, está planejando lançar um novo aplicativo para concorrer com o Instagram, o “Kesong”. Nele, será possível compartilhar textos e fotos, e criar uma loja virtual assim como no Instagram.
Só que sem o fluxo acelerado das outras redes. Um verdadeiro respiro para aqueles que querem apenas consumir fotos e textos sem ser interrompido por vídeos aleatórios.
A empresa ainda não publicou um anúncio oficial, mas registrou o projeto no banco de dados chines de empresas públicas e privadas, o Qichacha. No registro, o lançamento do aplicativo está previsto para o verão de 2022, que na China dura até dia 22 de setembro.
Nova tendência
A paz reinará novamente? Segundo o ditado “a voz do povo é a voz de Deus”, é de se esperar que a grande frustração dos usuários provoque iniciativas por parte das empresas de aplicativos.
Outro aplicativo que chegou com uma proposta de paz é o BeReal. Um App de fotos em que você só pode publicar uma vez por dia, sem utilizar filtro, num esquema de foto onde aparece tanto a visão frontal como traseira da câmera.
É um incentivo para que as pessoas passem menos tempo nas redes sociais e registrem momentos autênticos do dia. Esses lançamentos só mostram que as empresas já estão tentando solucionar um problema real que os usuários vivem.
Que é encontrar a paz na Internet e se relacionar de forma leve com seu ciclo social. Mas e você? Está pronto para desacelerar?
Este artigo foi escrito por Bruna Teixeira e publicado originalmente em Prensa.li.