Ada Lovelace: a mãe da programação
Há quem pense que a tecnologia seja somente para homens, sendo que o mundo dos computadores como conhecemos deve muito a uma condessa em particular: Augusta Ada Lovelace. Há 200 anos ela fez história, e hoje detém o título de mãe da programação.
Em 10 de dezembro de 1815, nascia em Londres, a única filha legítima do notório poeta Lorde Byron. E a morte deste, quando Ada ainda era um bebê, fez com que a viúva Anne Isabella Milbanke tomasse as rédeas da educação da filha, fomentando posteriormente o interesse de Ada por matemática e lógica.
O que era uma tentativa de Anne em evitar que sua filha desenvolvesse a “insanidade” do pai, acabou dando frutos muito maiores. Ada Lovelace foi pupila de grandes cientistas e pesquisadores da época, incluindo Mary Somerville, matemática, cientista e a primeira mulher da Royal Astronomical Society.
Seu trabalho com Charles Babbage
Outra figura que influenciou Ada foi Charles Babbage, um cientista que ela conheceu ainda adolescente em um jantar com sua mãe.
Na época, Charles estava desenvolvendo um aparato capaz de calcular e era à prova de erros. O trabalho de sua Máquina Analítica mais para frente daria origem a Máquina Diferencial, feita para executar e imprimir cálculos matemáticos. Ada se interessou pelo projeto e não demorou para que o cientista percebesse que a jovem tinha muito a contribuir.
Máquina Diferencial de Babbage - Crédito Wikimedia Commons
A Máquina Analítica foi a primeira máquina programada para executar comandos de qualquer tipo, mas foi graças a Ada que esta foi além do esperado. A jovem não somente revisou as anotações de Charles como também fez suas próprias adições ao documento.
Ela acreditava que computadores conseguiriam realizar muito mais que meros cálculos, o que era o foco de muitos matemáticos de sua época. Ada era uma mulher muito à frente do seu tempo.
Suas notas acabaram atingindo um nível muito superior às do inventor da Máquina Analítica, o que permitiu que esta calculasse números complexos, como o Número de Bernoulli. Isto lhe redeu o título de “Feiticeira dos Números”.
Suas instruções são conhecidas hoje por algoritmos, algo fundamental para o funcionamento de qualquer máquina. Ou seja, Lovelace foi a primeira pessoa da História a escrever um algoritmo.
O Legado Lovelace
Apesar dos acréscimos de Lovelace, Babbage nunca conseguiu construir por completo sua máquina, já que não dispunha de fundos. O primeiro computador moderno só surgiria cerca de 100 depois, na década de 1940 por meio de Alan Turing.
Já em meados de 1970, o Departamento de Defesa dos Estados Unidos homenageou a condessa, a partir do desenvolvimento de uma linguagem de programação de alto nível para seus sistemas embarcados. A linguagem recebeu o nome de Ada.
Em função de seu legado, instituiu-se o “Dia Ada Lovelace”, comemorado no dia 15 de outubro. Seu objetivo é celebrar todas as conquistas de mulheres em STEM (a junção dos termos em inglês para Ciências, Tecnologia, Engenharia e Matemática) e destacar modelos que inspirem outras jovens.
Além disso, o Prêmio Ada Lovelace é concedido anualmente a mulheres com grandes contribuições nas áreas científica e técnica.
Ironicamente, mesmo sendo uma genial matemática, Ada morreu sem saber que mudaria o curso da história. Suas anotações só foram compreendidas quase um século após sua morte precoce, aos 36 anos, devido ao câncer de útero.
Apesar da admiração de cientistas como Babbage, Lovelace apenas publicava seus artigos com suas iniciais A. A. L, já que na época mulheres envolvidas com ciências e matemáticas não eram bem aceitas. O motivo seria a fragilidade de seus corpos, quando comparados aos dos homens.
Por isso é tão importante destacar cada realização de meninas e mulheres, mostrando que a matemática não possui gênero. E se tiverem a oportunidade, muitas mulheres poderão realizar conquistas incríveis no campo da inovação e mudar a face da tecnologia.
Além de Lovelace, outras mulheres foram obrigadas as usar suas iniciais ou pseudônimos para publicar obras, confira mais sobre o tema em “O segredo das mulheres na literatura” !
Este artigo foi escrito por Luana Brigo e publicado originalmente em Prensa.li.