A agricultura orgânica pode ser alimento suficiente para toda a Europa em 2050
Toda a população da Europa pode ser alimentada sem qualquer importação de alimentos até 2050, diz um estudo realizado pelo Centro Nacional Francês de Pesquisa Científica (CNRS), de acordo com o site Euronews.
O estudo, que se baseia no passado para mudar o futuro, constatou que fatores ambientais e o aumento do uso de fertilizantes sintéticos desde a Segunda Guerra Mundial levaram a Europa a continuar a importar produtos agrícolas.
Produtos de origem animal, por exemplo carne, leite e peixe, produtos vegetais e produtos alimentares são todos importados de fora da Europa para alimentar e manter as prateleiras europeias abastecidas.
Em 2020, foi reportado que 47 por cento dos produtos vegetais consumidos pelos europeus são importados de fora da Europa. Como os europeus pretendem mudar seus sistemas alimentares? Cientistas deste centro afirmam que, por meio de um processo de três estágios, podemos ter ""um sistema agroalimentar orgânico, sustentável e amigo da biodiversidade"".Isso pode significar a produção independente de alimentos até 2050. A primeira etapa envolve uma mudança em dieta alimentar, incluindo uma redução no número de produtos de origem animal que se consumime.
Entre 1961 e 2013, a população da Europa cresceu de 428 para 540 milhões. Esse aumento afetou o consumo total de proteínas na região, que aumentou de 35% para 55%. Isso significa que, em média, a ingestão de proteína de cada indivíduo aumentou cerca de 80%. Ao limitar o consumo de produtos de origem animal, haveria menos pressão sobre o gado e, como resultado, menos demanda por importações.
A segunda etapa envolveria livrar-se da ""agricultura industrial"", criando espaço para diversificar a rotação de culturas usando o solo já disponíveis.
Espera-se também que isso reduza o número de pesticidas e fertilizantes sintéticos usados, reduzindo a quantidade de nitrogênio produzida e lançada na atmosfera.
A etapa final envolve a fusão de lavouras e rebanhos que, de fato, nunca se encontram na indústria atual. Os cientistas esperam que esta proximidade com animais e plantas permita um processo mais suave de reciclagem de estrume. Eles também dizem que a reciclagem de dejetos humanos pode ser um fator chave para criar uma Europa mais limpa até 2050.
Estima-se que a reciclagem de cerca de 70% dos dejetos humanos poderia fazer uma enorme diferença na busca por uma Europa mais limpa e mais ecologicamente correta. Por meio desse processo de três etapas, a Europa pode se tornar um ator importante na indústria de exportação de alimentos até 2050.
Este artigo foi escrito por Fernando Andrade e publicado originalmente em Prensa.li.