Apenas 2% de clientes de bancos aderem ao Open Finance
Até agora, mais de 4 milhões de pessoas fazem parte do sistema de compartilhamento de dados financeiros por instituições no Brasil
Conseguir a permissão de clientes para que outros bancos acessem o histórico financeiro ainda é um desafio e tanto enfrentado por aqui. No evento na Febraban Tech, os representantes do Banco Central divulgaram os dados da implementação do Open Finance no Brasil.
Até agora, são mais de 4 milhões de clientes que autorizaram a consulta aos históricos financeiros em suas contas por diversas instituições. Ainda um número considerado baixo, se comparado à quantidade de pessoas, com contas em instituições bancárias. Em julho deste ano, o Cadastro de Clientes do Sistema Financeiro, do Banco Central, registrou 185,4 milhões brasileiros bancarizados. Ou seja, apenas 2% deste universo da população faz parte desse processo.
Open Finance: Desafios no Brasil
Open Finance ou Open banking, sistema financeiro aberto, possibilita que “clientes de produtos e serviços financeiros permitam o compartilhamento de suas informações entre diferentes instituições autorizadas pelo Banco Central”, segundo reforça o BC.
No modelo, já adotado com sucesso em países como Inglaterra, o cliente pode utilizar diferentes plataformas, não apenas aplicativos e sites de banco, para movimentar as suas contas bancárias, cartões de créditos de várias instituições e muitos outros produtos. Tudo isso, acessando a conta de um único banco, por exemplo.
Mas, aqui, o Banco Central, ainda caminha para conseguir tornar realidade esse futuro financeiro. Atualmente, 800 instituições financeiras têm acesso a 4 milhões de contas de clientes em bancos, que consentiram com o compartilhamento de histórico financeiro. E apesar de destacar o registro de 250 milhões de chamadas de API, por semana, volume que supera a movimentação na própria Inglaterra, a instituição destaca uma série de desafios para a implantação total do Open Banking no Brasil.
O Open Finance está na quarta fase de implantação e com sucesso, mas de forma complexa.
“Trilhas de comunicação e relacionamento, dentro de um sistema financeiro que exige muita tecnologia e coordenação muito forte”, destaca João André Calvino, chefe do departamento de Regulação do Sistema Financeiro do Banco Central.
Open Finance em bancos
Algumas instituições já utilizam os dados de clientes no Open Finance. É o caso do Itaú, que desde 2020 traz oportunidade de personalização de serviços para clientes. Pela plataforma, é possível ter acesso a saldos e extratos de outras instituições, um dos primeiros passos da fase 2 do Open Banking. A próxima etapa será comandar um pagamento em PIX pelo banco, mas em outra instituição, e até fazer pagamentos para otimizar o fluxo financeiro.
O banco digital Next, do Bradesco, também oferece a facilidade do sistema financeiro aberto para clientes. No aplicativo, a funcionalidade Minhas Finanças permite ao usuário visualizar informações das contas correntes de outras instituições, tais como:
Saldos e extratos dos últimos 12 meses;
Dados dos cartões: lançamentos futuros, faturas e limites;
Créditos e empréstimos de outros bancos;
Dicas de como melhor investir ou economizar as finanças.
Ou seja, é possível ter acesso a uma visão completa dos gastos e investimentos, o que contribui para uma melhor gestão e educação financeira.
Open Finance é seguro?
Mas para a maioria dos clientes com contas em banco, o Open Finance ainda é um sistema desconhecido. Instituições, como o Santander, apostam em novos procedimentos para apresentar o processo. Desde o onboaring, que seria a “captura” de clientes para serviços e produtos, para incentivar a autorização do compartilhamento de dados para oferecer uma melhor experiência.
O desafio da instituição, no entanto, é entender a vida financeira dos mais de 50 milhões de correntistas e os serviços que consomem em outras instituições para unificar a vida financeira dele no banco.
E um passo importante deste processo é garantir a segurança no sistema de compartilhamento de dados, aberto às instituições. Segundo o Banco Central, o ambiente criado é seguro e “a permissão pode ser cancelada pela pessoa sempre que ela quiser”.
O sistema é confiável e moderno, mas os usuários devem manter as boas práticas de segurança, assim como nos demais sistemas utilizados. No painel da Frebraban Tech, o head de Open Finance da Serasa Experian, Leonardo Enrique, explicou que “é preciso estar atento ao uso, principalmente sobre roubo de informações pessoais”.
Enrique reforçou que, aos bancos, é preciso redobrar o cuidado com a checagem dessas informações. “Segurança é inegociável. Para o open finance não será diferente”.
Este artigo foi escrito por Sandra Riva e publicado originalmente em Prensa.li.