Arcane é uma Epopéia Sensorial Arrebatadora
Recentemente a cultura pop - em especial, a dos games - foi bombardeada por Arcane, uma série original da Netflix e da Riot Games. A série traz uma história do universo de League of Legends dividida em três atos, tal qual as grandes peças teatrais clássicas: exposição, clímax e desenlace.
Por três semanas, Arcane tomou conta da internet. Atingiu as melhores notas no IMBD e uma nota perfeita no Rotten Tomatoes por parte da crítica. Invadiu “concorrentes” como PUBG Mobile, Fortnite. E contou com restaurante temático no Ifood.
Bom, a primeira temporada chegou ao fim no último dia sábado (20). Além de deixar um gostinho de quero mais, deixou também inúmeros ganchos para a segunda temporada, já confirmada pela Netflix e pela Riot.
A escolha do cenário
Para os que acompanham o jogo, sabem que League of Legends possui um cenário extremamente riquíssimo em detalhes, em “lore” (como é chamado o desenvolvimento dos personagens e dos lugares).
Existem vastas regiões, com conflitos entre si, com papéis importantes no enredo da história por trás do game, como Freljord, Ionia, Noxus, Demacia, Shurima, Zaun e Piltover, as duas sendo onde se passa a série.
A escolha de Piltover e Zaun para essa primeira temporada foi certeira…
Piltover
Piltover e Zaun são o extremo oposto entre si, apesar de serem a “mesma cidade”. Piltover, a Cidade do Progresso, é governada por um Conselho de cientistas, mercadores, barões e figurões importantes. A Cidade do Progresso exala tecnologia e lembra muito as descrições dos grandes clássicos steampunk. Abaixo da cidade, se encontra a Subferia, ou Zaun.
Zaun
A Subferia é, como o nome sugere, uma periferia subterrânea localizada em toda a extensão abaixo de Piltover. Lá, através de um caos pulsante em cada viela, os moradores tentam sobreviver dia após dia com a falta de visibilidade e recursos por parte de Piltover, e precisam lidar também com criminosos perigosos que colocam a população em risco com uma droga chamada Cintila (não darei spoilers).
Alguns personagens já conhecidos
Nesse cenário, personagens já conhecidos pelos jogadores são apresentados, e seus “backgrounds” são bem desenvolvidos em cada ato. Vi, Powder/Jinx, Caitlyn, Jayce, Viktor, Singed, Heimerdinger, Ekko/O Chefinho. Todos com seus conflitos morais, suas ligações entre si, tudo muito bem trabalhado em cada ato.
Luta de classes, Steampunk x Quimiopunk…
Fato é que, além do desenvolvimento do enredo apresentando alguns personagens já conhecidos pelos jogadores, alguns temas são trabalhados. A luta de classes entre os piltovenses e os zaunitas, as intrigas políticas no Conselho, as questões morais que envolvem o progresso a todo custo. Tudo isso é colocado em tela para degustação do espectador.
Arcane não tem medo de arriscar. Em uma das melhores - sou suspeito de falar que é a melhor - animação da Netflix, a Riot traz uma história bem madura. O enredo é muito bem trabalhado em um arrojo visual sem igual.
O Vilão Maquiavélico-Ovídico
E o vilão? Ah...um show à parte! Com uma causa nobre, de promover a emancipação da Subferia perante Piltover e fundar a nação de Zaun, Silco tem uma visão um tanto quanto deturpada de que “os fins justificam os meios” e acaba sendo o pontapé para boa parte dos conflitos na história, bem como o desenvolvimento de alguns personagens mais importantes do ponto de vista da “lore”.
Em uma densa e enredada história, máscaras são derrubadas. Somos expostos à loucura desenfreada de uma das protagonistas. Tudo em um cenário pra lá de rico em detalhes e referências, com uma trilha sonora espetacular que casa com cada momento de tensão, de euforia desenfreada, de sequências de lutas e questões morais.
Ah… O último ato é esplêndido e deixa muitas perguntas em aberto para a segunda temporada, já confirmada pelos criadores, porém com previsão para depois de 2022.
imagens - (Reprodução/Arcane)
Este artigo foi escrito por Matheus Thomaz Rossi e publicado originalmente em Prensa.li.