As Fake News do Ocidente sobre a Guerra na Ucrânia
Jovem Pan - Reprodução - via Metropoles
Há aquele velho ditado de autor desconhecido que diz “na guerra, a primeira vítima é a verdade”. Diante dessa máxima, conseguimos entender a cobertura parcial e mentirosa da mídia ocidental sobre a guerra na Ucrânia, extrapolando todos os limites da ética jornalística.
Não podemos afirmar que esses veículos de comunicação estão agindo deliberadamente para propagar fake news com o intuito de demonizar os russos. Contudo, conseguimos constatar o fato de que as inúmeras notícias falsas veiculadas são sempre contra o país de Putin.
Os grandes jornais do mundo inteiro divulgaram logo no início do conflito entre Rússia e Ucrânia, que um tanque russo havia passado por cima de um automóvel civil ucraniano de forma deliberadamente perversa.
Entretanto, pouco tempo depois os mesmos veículos de comunicação ocidentais reconheceram o equívoco, afirmando que o tanque de guerra pertencia às forças ucranianas e não ao exército russo.
No entanto, o estrago já estava feito, pouquíssimas pessoas irão reler a notícia e constatar que a notícia era falsa. O que fica na mente dos leitores é a certificação de que os russos são cruéis e sádicos contra os civis ucranianos.
Tivemos até mesmo um episódio patético na emissora - grande disseminadora de fake news - porta-voz não oficial do governo Bolsonaro, que divulgou imagens de guerra de vídeo game afirmando se tratar do atual conflito no leste europeu.
E o que é pior, este mesmo veículo não teve o mínimo de hombridade e ética jornalística para se retratar perante seu público e apontar que cometeu este erro crasso. Portanto, neste caso, podemos concluir que a divulgação de fake news não é um “equívoco”, mas sim uma política empresarial.
Outra emissora, também um porta-voz não oficial do governo Bolsonaro, propagou imagens de vídeo game dizendo serem registradas durante a guerra na Ucrânia. Esse é o mesmo veículo de comunicação que nos apresentou a “grávida de Taubaté” e o “E.T Bilú”.
De forma absolutamente irresponsável, o Wall Street Journal afirmou que supostos “radicais russos” tentaram envenenar o empresário russo Roman Abramovich e negociadores ucranianos em defesa da paz. Sem apresentar nenhum tipo de prova para tal ilação.
Nas redes sociais do Ocidente está sendo divulgado uma série de imagens de conflitos anteriores na Ucrânia, ou até mesmo de guerras em outros países ao redor do mundo, em que os autores afirmam serem registros da atual guerra no país europeu.
Censura do Ocidente às Mídias Russas
Os veículos de comunicação russos Sputinik, Russia Today e Redfish foram banidos pela União Europeia. A presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, afirmou que os russos não poderão mais espalhar as suas mentiras para justificar a guerra na Ucrânia.
Essa conduta da União Europeia é uma afronta à premissa básica da democracia e do jornalismo sério, o direito ao contraditório. Mesmo que essas mídias russas divulguem mentiras sobre a guerra, como verificado acima, as mídias ocidentais também veiculam notícias falsas.
O correto seria os próprios jornalistas dos meios de comunicação ocidentais refutarem com informações fidedignas as supostas fake news russas acerca da guerra. Hoje, o leitor está quase completamente refém das grandes mídias ocidentais para se informar sobre o conflito.
O Controle das Emoções
Para o filósofo italiano, Domenico Losurdo, a mídia burguesa não tem apenas o monopólio das ideias, mas também o controle das emoções dos indivíduos. Como, por exemplo, a quem se deve amar, odiar, respeitar, ignorar, ter empatia etc.
Esse conceito fica muito bem claro quando vemos a notícia de que o Facebook e o Instagram liberaram o discurso de ódio contra os russos em suas plataformas. Como também o pedido de morte de Vladimir Putin e Alexander Lukashenko, presidente de Belarus e aliado do presidente russo.
O Facebook teve até mesmo a conduta abjeta de liberar elogios aos neonazistas ucranianos desde que estejam em luta contra a Rússia. Ou seja, indivíduos que defendem o extermínio de todos os povos não brancos do mundo - inclusive o do Mark Zuckerberg, dono do Facebook, que é judeu - podem ser enaltecidos.
A professora Alessandra Aldé, em seu livro “A Construção da Política”, mostra como os cidadãos comuns têm poucas fontes de informação acerca da política internacional. Portanto, a maioria se informa por meio das grandes mídias burguesas com toda parcialidade que apresentamos acima.
O nível de controle das emoções por parte dos veículos de comunicação está em um estágio tão avançado que normalizou até mesmo a tolerância para com quem tem como princípio ideológico e político subjugar, escravizar e/ou exterminar todos os povos não brancos do mundo.
Referências Bibliográficas:
AIDÉ, Alessandra. A construção da política: democracia, cidadania e meios de comunicação de massa. São Paulo: Editora FGV, 2004.
Tanque de guerra atropela carro civil na Ucrânia | Mundo | G1 (globo.com)
Invasão da Ucrânia: as imagens enganosas que viralizaram após operação russa - BBC News Brasil
União Europeia banirá mídia estatal russa (poder360.com.br)
Facebook libera postagens violentas contra civis e soldados russos | VEJA (abril.com.br)
Facebook libera elogios a neonazistas na Ucrânia contra Putin (theintercept.com)
YouTube suspende monetização de canais russos (poder360.com.br)
Este artigo foi escrito por Célio Roberto e publicado originalmente em Prensa.li.