Batman, Batman, Batman…
Recentemente, o DC Fandome, evento anual da DC Comics que revela os lançamentos vindouros da empresa, em quadrinhos, filmes, livros, discos ou qualquer outra mídia, lançou o trailer do filme do Batman mais esperado na atualidade.
Se você acha que o filme do Batman em questão é The Batman, errou. O grande filme do Batman é, estranhamente, The Flash. Mas porquê esse filme é o filme do Batman, e não The Batman (que também esteve entre os lançamentos)? É porque The Flash tem Batman, Batman, Batman e talvez até Batman.
Junto e misturado
A gente explica: baseado na série de quadrinhos Ponto de Ignição (ou Flashpoint, no original), lançada em 2012 cá no Brasil, The Flash trará a história do velocista de vermelho atravessando dimensões e linhas do tempo diferentes (como convém a uma boa história de super-heróis) e interagindo em diversas realidades. Nessa brincadeira, ele terá contato com Batman, Batman, Batman e, sabe-se lá Deus, Batman!
A ideia é um prato cheio para fãs do Morcegão mundo afora. A Warner/DC escalou para o filme os atores Michael Keaton (que interpretou Batman nos filmes de 1989 e 1992), Ben Affleck (de Batman vs. Superman e Liga da Justiça), possivelmente Christian Bale (da trilogia O Cavaleiro das Trevas) e quem sabe, Robert Pattinson, que brevemente vestirá o manto do morcego em The Batman.
Mais um pouquinho, teríamos Adam West (já falecido, da série de 1966), os intérpretes dos seriados cinematográficos de 1943 e até o bonequinho de The Batman Lego Movie. Mas rumores já dizem que Lynda Carter, a Mulher Maravilha dos anos 1970, terá uma participação no longa. O que nos dá o vislumbre que a atual, Gal Gadot, também possa ter sido escalada.
Heroísmo no atacado
Na verdade, além de Batman, Batman, Batman, Batman e possivelmente Mulher Maravilha, o roteiro de Ponto de Ignição dá a chance da DC fazer o maior filme de super-heróis jamais feito, algo ainda maior que a Marvel fez na última parte de Vingadores.
Na história original, o Flash tem contato com diversas interpretações de boa parte do primeiro e segundo escalão do panteão da DC… tanto que a série deu origem ao que foi chamado à época de Os Novos 52, um tremendo reboot de quase todos os personagens da editora.
Pai ou filho?
Enquanto filme, a ideia é ousada e digna de mérito: ninguém imaginava a escalação de Michael Keaton como Batman (spoiler grátis: precisamos saber se aqui ele será Bruce Wayne ou Thomas Wayne, pai do morcegão, caso os quadrinhos sejam seguidos à risca), e nem mesmo Affleck como Batman: ele havia sido praticamente expulso depois das filmagens originais da Liga da Justiça original.
A possibilidade de termos ainda Christian Bale e alguma aparição do novo Batman (que estará em The Batman), Robert Pattinson, ainda é incerta e cercada de mistério. Mas visto o tamanho da encrenca que a Warner criou para si mesmo ao resolver levar para as telas Ponto de Ignição, tudo é possível.
Heróis pra todo mundo
Caso a adaptação seja absurdamente fiel ao roteiro dos quadrinhos (coisa que duvido muito), poderemos ter na tela Cyborg, Lanterna Verde, Steve Trevor (par de Diana Prince, a Mulher Maravilha a paisana), Aquaman, Coringa, um punhado de versões do próprio Flash (já confirmados), Lois Lane, Robin, Nightwing e até mesmo Shazam! Além dos já confirmados (ou bem perto disso) Batman, Batman, Batman e Batman.
Múltiplas personalidades
O mais interessante nessa ideia é que cada ator interpretou o Batman de sua época de um modo muito pessoal. O Bat-Keaton, apesar de sombrio e amargurado como qualquer protagonista de filme do Tim Burton, era acima de tudo, um cavalheiro.
Bale fez um Batman digno da personalidade perturbada do herói. Não raro tem oscilações de humor e sabe técnicas adoráveis para maltratar inimigos. Algo aparentemente mantido na interpretação de Pattinson vista nos trailers de The Batman.
Affleck fez o Batman que vimos na HQ clássica de Frank Miller, O Cavaleiro das Trevas. Mais velho, soturno, cansado, de saco cheio, e assim como a versão de Christian Bale, não leva desaforo pra casa.
Todo mundo louco
Todas estas personalidades são fortíssimas candidatas a ser trancafiadas nas celas do Asilo Arkham, assim como seus nêmesis Coringa, Charada, Espantalho, Pinguim, entre outros. Desde seu lançamento no gibi Detective Comics de outubro de 1939, o que não falta para o homem-morcego são rivais. Todos com desvios psiquiátricos sérios. Quesito em que nosso herói não fica atrás.
A melhor explicação para essa galeria de vilões alucinados foi dada em um diálogo do filme Batman de 1989, onde o Coringa (interpretado na ocasião com muita classe e insanidade por Jack Nicholson) demonstra que estão em um círculo vicioso: vilões surgem aos borbotões tentando superar um cara que se aparentemente é tão louco quanto eles, vestindo uma roupa de morcego para sair à noite distribuindo generosos sopapos.
Exceção feita à senhorita Selina Kyle, mais conhecida no submundo (e nas fichas policiais) de Gotham como Mulher Gato. Com essa aqui, ao menos desde o final dos anos 1980, o morcegão tem uma relação diferenciada. Uma coisa de amor e ódio.
Mas se quiser se aprofundar nessa questão da psiquê de Batman / Bruce Wayne, sugiro assistir ao filme que melhor aborda o assunto: por incrível que pareça, The Batman Lego Movie. É sério. Confira.
Santa questão, Batman!
Essa bat-mistureba hollywoodiana vai dar certo? Não sei, infelizmente nossa bola de cristal se perdeu numa dessas realidades visitadas pelo Flash. Visto o histórico (imundo) das maioria das produções da DC para a tela grande, tudo pode terminar numa batatada sem par, apesar dos personagens da editora serem mais carismáticos que os da concorrente.
Mas, caso The Flash dê certo e seja um sucesso (torcemos por isso, e garanto que a Warner e a DC torcem muito mais), teremos um evento cinematográfico ímpar (no estilo cinema-pipoca), deixando fãs de muitas gerações satisfeitos.
Quem sabe, depois dessa megalomania estrear, a sorte das produções da DC para a tela grande mude (lembrando que na tela pequena elas sempre foram muito bem sucedidas), e possamos ter um universo compartilhado de qualidade, tal como a Marvel nos apresentou e continua nos apresentando.
É esperar pra ver. E aguardar o resultado desse Batman, Batman, Batman (e quem sabe, Batman).
Imagem de capa - Serge Kutuzov - via Unsplash
Este artigo foi escrito por Arthur Ankerkrone e publicado originalmente em Prensa.li.