Beauty Green, o caminho para o sucesso
Os hábitos de compra e consumo mudaram drasticamente em 2020 em decorrência da pandemia do novo coronavírus.
Essa mudança teve um impacto de longo alcance dentro da indústria de beleza e cuidados pessoais. Higiene pessoal tornou-se um elemento crítico diário, particularmente a lavagem e higienização frequente das mãos.
Até serviços não essenciais, como tratamentos de spa, mudaram para ambientes domésticos em 2020.
Autocuidado se tornou algo comum na rotina de diversas pessoas. De certa forma, a pandemia nos desacelerou e nos permitiu parar alguns segundos para cuidar da nossa mente e corpo.
De acordo com a ABIHPEC (Associação Brasileira da Indústria de Higiene Pessoal, Perfumaria e Cosméticos) o setor de Higiene Pessoal, Perfumaria e Cosméticos (HPPC) fechou 2020 com crescimento de 5,8%.
Claro que o aumento de consumo significa aumento de produção, busca por matéria prima e mão de obra. Felizmente, consumidores desse mercado começaram a apoiar e incentivar uma produção mais focada em questões sociais e ambientais.
Dados da Nielsen mostram que a sustentabilidade já é uma das três maiores preocupações para 32% dos brasileiros na hora de comprar. Isso, consequentemente, impacta o mercado de beleza no Brasil.
Baseado na cultura de ESG, surgiu então a “Green Beauty”.
Saudável para você e para o meio ambiente
Houve uma mudança recente nas perspectivas dos consumidores, que agora estão preferindo produtos orgânicos a qualquer coisa que seja processada. As pessoas estão mais conscientes daquilo a que estão expondo seus corpos, e os cosméticos não são exceção.
O movimento "green beauty” engloba muitos princípios, mas, em última análise, trata de produtos que não são prejudiciais à saúde e ao planeta.
A mudança para a beleza verde é o resultado dos efeitos adversos que a maioria dos ingredientes nos cosméticos normais "não verdes" têm.
Para se ter uma ideia, o Instituto Nacional de Segurança e Saúde Ocupacional dos Estados Unidos indicou que quase 900 dos ingredientes usados em cosméticos são tóxicos.
À medida que os casos de problemas de saúde associados a essas toxinas aumentam, não é surpreendente que os consumidores estejam gravitando em direção a uma beleza mais limpa.
A motivação por trás da popularidade da “beleza verde”
A Green Beauty está em alta por causa de seus benefícios de longo prazo para a saúde e respeito ao meio ambiente, mas tem havido preocupações com o mau uso por marcas que buscam apenas a expansão do mercado.
Como resultado, algumas pessoas estão vendo a beleza verde como uma moda superestimada e insustentável.
Por um lado, ela tornou-se um símbolo de responsabilidade ambiental e de saúde na indústria cosmética. Por outro, não há regulamentação do setor e não há uma definição específica do que é beleza verde.
Há falta de transparência e muita desinformação, tanto que algumas empresas lucraram com os altos preços de ‘produtos verdes’ que não são verdadeiramente ‘verdes’.
A previsão é que a indústria da beleza verde cresça para US $ 22 bilhões até 2024, mas à medida que os consumidores se tornam mais informados sobre algumas empresas de cosméticos que não estão cumprindo a promessa ambiental, esse número pode ser difícil de cumprir.
A indústria de cosméticos foi autorregulada por mais de um século. No entanto, as empresas agora devem criar sistemas robustos para a fabricação de produtos que atendam a rígidos padrões ecológicos e de saúde impostos por seus governos.
Um elemento fundamental por trás da beleza verde é promover a sustentabilidade e, apesar das áreas cinzentas e de alguma má reputação decorrente de padrões ambíguos, ainda é possível torná-lasustentável.
O que significa ser verdadeiramente sustentável?
Algumas empresas possuem formulações ecologicamente corretas e excelentes práticas de produção e embalagem, mas a sustentabilidade não é apenas sobre o consumidor gostar do produto ou usar ingredientes orgânicos, e vai além do marketing e da lucratividade.
Sustentabilidade significa voltar ao cerne do negócio e garantir que o propósito se estenda aos objetivos e conexões da empresa.
Algumas organizações estão dedicando tempo para educar suas equipes sobre a importância da sustentabilidade e como ela pode formar a base para atingir a lucratividade sem sacrificar a qualidade.
Todas as conexões da empresa devem ser levadas em consideração. Não adianta promover a beleza verde como sustentável se todos os elos que unem o produto não falam a linguagem da sustentabilidade.
A sustentabilidade tem que existir dentro da estrutura da empresa e deve haver sinergia entre os valores pessoais e corporativos. Cada membro da empresa deve saber que é responsável perante os consumidores que compram produtos de beleza ecológicos de boa fé.
Os consumidores acreditam que seus produtos de beleza ecológicos são seguros e bons para o meio ambiente, e cada empresa deve garantir que atenda a essa expectativa.
Doutrinar a sustentabilidade em uma organização criará uma consciência do dever ético de proteger os consumidores e o meio ambiente e, se for bem-sucedido, poderemos ver uma diminuição no número de produtos de beleza verdes falsos, mas superfaturados.
O apoio do consumidor provavelmente será perdido se as práticas e a ética da empresa não estiverem alinhadas com ser verde. Para que a beleza verde seja sustentável, os objetivos da empresa devem refletir a sustentabilidade.
Marcas que estão se tornando aliadas da Green Beauty
Antes de conhecer algumas marcas que estão caminhando em direção a beleza verde, vegana e natural, precisamos esclarecer algumas coisas.
Primeiro é que uma marca de maquiagem consciente não possui nenhuma substância na sua composição que seja perigosa à nossa pele.
Outro ponto é que normalmente essas marcas também aderem a sustentabilidade para a produção e a composição da sua embalagem.
Mas vale lembrar que isso não necessariamente é uma regra, visto que algumas estão iniciando esse processo agora e preferem começar mudando a composição dos produtos e interrompendo o teste em animais.
Ou seja, nem todas as marcas já são 100% green beauty, mas muitas caminham nessa direção.
A Care natural beauty é uma marca nacional que oferece produtos veganos. Livre de componentes tóxicos e qualquer tipo de testes em animais, possui uma linha completa.
Ela também se preocupa com suas embalagens e o impacto que elas podem causar no meio ambiente. Por isso optou por frascos recicláveis.
Uma das marcas mais famosas de maquiagem no mundo, a Kat Von D Beauty, mudou seu nome após a saída da fundadora para KVD Vegan Beauty.
A marca é 100% vegana desde 2010 e continua encontrando formas de inovar nesse espaço. Apesar de passar por alguns percalços por conta da sua fundadora, a marca continua a se dedicar às fórmulas veganas de alta qualidade.
Temos ainda a marca nacional de beleza mais famosa do momento, Bruna Tavares, que não realiza teste em animais e alguns produtos já são 100% veganos.
A Eudora é uma das marcas brasileiras que mais tem ganhado mercado nos últimos tempos. Ela é conhecida, principalmente, pela qualidade de suas maquiagens. A marca não testa em animais, sendo certificado pela PEA [Projeto Esperança Animal] por abolir essa prática.
A sustentabilidade vai além das promoções
A preocupação com o meio ambiente, teste em animais e produtos que não causam mal à pele se tornou tão grande que surgiu a uma tag para isso: #GreenIsTheNewBlack.
A campanha de hashtag é ótima, mas mais trabalho deve ser feito para melhorar a saúde e o meio ambiente, porque a beleza verde é um fenômeno que se refere a mais do que apenas produtos cosméticos verdes.
A beleza verde será sustentável se o foco mudar de ser apenas nos produtos de beleza para abranger todas as atividades e sistemas principais envolvidos.