Blade Runner, o caçador de andróides
Blade Runner, de 1982, é uma visão sombria de um futuro em que androides rebeldes são caçados e mortos. Muito mais do que um filme de ficção científica, retrata a fragilidade da existência humana.
Aqui está parte do diálogo final entre o androide Roy (Rutger Hauer) e o policial Deckard (Harrison Ford), em uma das mais famosas cenas do cinema:
Diz o androide, prestes a morrer: “Uma experiência e tanto viver com medo, não é? Isso é o que é ser um escravo. Eu vi coisas que vocês não acreditariam. Todos esses momentos serão perdidos no tempo como lágrimas na chuva”. (A angústia do androide diante da consciência da morte é a mesma angústia dos humanos).
E depois de ser salvo pelo mesmo androide, que literalmente estendeu a mão para que ele não caísse de um prédio, o policial de Harrison Ford diz: “Eu não sei por que ele salvou minha vida. Talvez nesses últimos momentos ele amasse a vida mais do que nunca antes. Não apenas sua vida, a vida de qualquer um, minha vida. Tudo que ele queria eram as mesmas respostas que o resto de nós queríamos. De onde eu vim? Para onde vou? Quanto tempo tenho? Tudo que eu podia fazer era sentar lá e vê-lo morrer.”
Em outro momento, um personagem diz para Deckard, referindo-se à sua namorada androide: “É uma pena que ela não vá viver. Mas afinal, quem vive?”
Blade Runner traz mensagens tocantes e fortes. Como encarar a mortalidade? É melhor uma vida longa e covarde (nem todos que estão vivos, estão necessariamente vivendo. Talvez estejam apenas matando tempo) ou uma vida curta e intensa? Você sabe realmente quem você é? Quanto tempo lhe resta?
O filme proporciona muitas reflexões. É a arte imitando a vida.
Este artigo foi escrito por Sandro Mendes e publicado originalmente em Prensa.li.