Blockchain chega a mais consumidores
Tecnologia associada a QR Code na embalagem de produto agora avança para o setor agroindustrial
Blockchain está mesmo revolucionando o mercado e, cada vez mais, presente na vida do consumidor. A tecnologia, que já faz parte das plataformas digitais, das criptomoedas e das moedas digitais, invade as gôndolas dos supermercado. Pelo QR Code da embalagem, o consumidor, com um smartphone, tem acesso, em tempo real, a informações e todo o histórico de fabricação do produto.
A tecnologia também já é usada por outras empresas do varejo de supermercados e da indústria têxtil. Mas, no setor sucroalcooleiro, a novidade é o primeiro software para rastreabilidade registrado no mercado nacional com tecnologia blockchain, voltado para agroindústria da cana-de-açúcar.
A Embrapa Agricultura Digital lançou, em junho, o Sistema Brasileiro de Agrorrastreabilidade (Sibraar), que permitiu ao consumidor acessar as informações de fabricação do açúcar mascavo, por meio do QR Code nas embalagens.
O pesquisador da Embrapa Agricultura Digital, Alexandre de Castro, responsável pelo desenvolvimento do Sibraar, explicou os detalhes do software à Prensa. Confira, a seguir.
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Blockchain para rastrear açúcar mascavo
Hoje, o mercado consumidor está mais exigente: em busca de alimentos seguros e sustentáveis. E, para atender a essa necessidade, blockchain entra em cena para trazer soluções. Agora, o produto na prateleira do supermercado traz informações além das que estão impressas na embalagem.
Este é o caso do açúcar mascavo, que oferece ao consumidor informações por lote de fabricação por meio do QR Code.
“Por meio da blockchain, o Sibraar possibilita que cada lote de fabricação do açúcar tenha suas informações gravadas em bloco, fornecidas pelo fabricante, e receba uma assinatura digital gerada no data center da Embrapa. Ali, o software produz o encadeamento automático desses blocos, como uma corrente, criando um histórico dos dados de fabricação ao longo do tempo. Essa sequência imutável é, então, associada ao código QR que vai permitir o acesso às informações por parte do consumidor”, disse o pesquisador Alexandre de Castro.
A assinatura digital gerada pela blockchain é inviolável, ainda garante o pesquisador.
“A cada novo lote do produto, há informações codificadas de todos os lotes anteriores, formando uma sequência imutável. Se houver qualquer alteração naquele banco de dados, o código QR etiquetado nas embalagens do produto é automaticamente inativado. Esse é o diferencial quando se utiliza códigos de barras bidimensionais associados à tecnologia blockchain. Pelo sistema desenvolvido pela Embrapa, esta etapa de verificação, que atesta a integridade da informação rastreada é distribuída, ou seja, está nas mãos do próprio consumidor”.
Além de atender ao mercado consumidor interno, a tecnologia blockchain ainda garante a competitividade do produto brasileiro no exterior, reforçou Castro.
Desenvolvimento da tecnologia Blockchain
Foram três anos para desenvolver o Sistema Brasileiro de Agrorrastreabilidade (Sibraar) com a tecnologia blockchain, em parceria com a Usina Granelli e a Cooperativa dos Plantadores de Cana do Estado de São Paulo (Coplacana). O diferencial é a segurança e autenticidade das informações armazenadas do produto.
“Permite atestar a transparência e a integridade das informações sobre o produto agroindustrial, desde a sua origem até o processo de fabricação, que são disponibilizadas ao consumidor por meio de um QR Code estampado na embalagem”.
O pesquisador da Embrapa ainda afirma que a tecnologia permite ao consumidor conhecer os detalhes do processo de fabricação do açúcar mascavo. Informações tais como:
Data de produção;
Variedade de cana utilizada;
Identificação e geolocalização da propriedade rural que forneceu a matéria-prima para o lote.
Análise microbiológica do produto e parâmetros físicos e químicos daquele açúcar: como teor de sacarose, umidade e cor.
Blockchain no varejo de supermercados
A tecnologia blockchain também faz parte do dia a dia de grandes grupos varejistas de supermercados, como o Carrefour.
Os produtos cítricos da marca também são oferecidos com a QR Code. O cliente pode “escanear” o código para obter informações de produtos como:
- laranja pera;
- laranja lima;
- tangerinas.
E o consumidor tem acesso aos dados de:
- Origem;
- Safra e datas de coleta;
- Processamento.
Nas carnes, blockchain também foi incorporado ao produto para indicar o controle veterinário, a criação, transporte e alimentação até chegar no abatedouro e açougue.
Jeans 100% rastreado por blockchain
Blockchain também já chegou à indústria têxtil. As informações sobre o cultivo do algodão usado no jeans das marcas Renner e Youcom e todo o processo de produção antes da venda nas lojas podem ser rastreadas pelo consumidor.
A tecnologia em QR Code impresso em etiquetas foi desenvolvida recentemente em parceria com Associação Brasileira dos Produtores de Algodão (Abrapa).
A parceria entre as empresas, desde 2021, pelo programa de rastreabilidade do algodão brasileiro, rastreia toda a cadeia de produção da peça. Desde fazendas certificadas, em que a matéria-prima é produzida, até a venda ao consumidor.
Blockchain faz parte do projeto da Renner. Até 2030, a marca pretende alcançar 100% de rastreabilidade nos produtos comercializados com algodão.
Este artigo foi escrito por Sandra Riva e publicado originalmente em Prensa.li.