Breve reflexão sobre criação de conteúdo
Quando pensamos em criação de conteúdo, acho interessante sempre lembrar que cada mercado, cada segmento tem a sua própria realidade.
Uma loja que vende cimento, por exemplo, vai falar sobre as novidades e divulgar seus produtos de uma forma totalmente diferente do que um profissional de fotografia.
Então o primeiro passo e talvez o mais importante seja ter em mente com quem você está conversando. Qual é o perfil de cliente daquela determinada marca, daquela loja em especial
Um detalhe é que nem sempre o produtor de conteúdo está alinhado com a linguagem ou com os valores da marca. Nesses casos, acredito eu, que dentro de maiores corporações, dá se um jeito de encontrar as informações necessárias e monta-se o conteúdo a partir disso.
Particularmente, tenho dentro de mim uma necessidade de verificar se existe alinhamento entre os meus maiores valores e a finalidade do conteúdo que será produzido. Isso me trás uma sensação de total transparência nos acordos feitos com clientes, e também possibilita explorar ao máximo minha criatividade e imaginação.
Por conta disso, às vezes acho bem estranho quando agências de publicidade aparentemente “atiram para tudo quanto é lado”, trabalhando com estilos de clientes muito diferentes. Talvez por isso nunca tenha me identificado muito com elas.
Mas isso é uma impressão que eu tenho, não quer dizer que essa galera esteja fazendo um trabalho ruim, apenas pra mim não faz sentido.
Precisam haver pelo menos algumas coisas em comum, pontos de conexão para que algo bacana possa ser desenvolvido.
Pense comigo, tenho vinte e poucos anos e gosto de ter uma vida ativa, sou aventureiro, entre meus maiores hobbies estão a prática de esportes em meio a natureza… Faria algum sentido eu criar conteúdo sobre maternidade?
Mesmo que eu me esforçasse, o que eu conseguiria falar sobre? No máximo teria que assistir vídeos, ler um tanto e construir algo a partir disso…
Ainda assim seria um conteúdo raso, onde as chances de encantar e impactar alguém que realmente esteja interessado no assunto seriam baixas.
Então vejo como pilar fundamental para criar um bom conteúdo trabalhar com algo que pelo menos tenha um pouco haver com o seu estilo de vida atual.
Acredito que assim uma pitada de arte seja acrescentada ao trabalho, o que vai torná-lo mais bem planejado e executado.
Quanto mais experiências pessoais você tiver com o conteúdo com o qual está se envolvendo, mais ideias originais vão surgir, pois você terá em sua imaginação as lembranças e os sentimentos que você mesmo experienciou.
E isso vai facilitar a criação de algo original.
Repetindo novamente que essa pode ser a minha forma de conseguir me sentir realizando um bom trabalho, outras pessoas podem muito bem “funcionar” de uma maneira diferente.
Faço uso desta mesma filosofia quando se trata de uma participação mais próxima a algum negócio, como virar colaborador.
Se a empresa não compartilha dos meus valores e não tem nada haver com o que faz parte do meu estilo de vida, fica complicado fazer parte de seus projetos.
Fazer e trabalhar com a construção de uma marca que não te representa é ruim. Se você já não está convencido da ideia, como vai convencer outras pessoas?
Quem preza pela integridade, simplesmente não consegue fazer isso por muito tempo.
Acredito que esse texto não é para todo mundo.
Algumas pessoas não se importam com questões como as levantadas acima, é como se vivessem com uma configuração diferente.
Elas conseguem fazer o trabalho pelo trabalho, e não sentem essa incomodação relacionada a valores.
Mas para quem pensa de forma parecida com a minha, espero conseguir clarear um pouco mais seus horizontes, mesmo que seja te contando que temos essa valorização da busca por alinhamento interno em comum.
Este artigo foi escrito por Neander Dahmer e publicado originalmente em Prensa.li.