Capitalismo: A ascensão da espécie
No século XXI é muito comum se deparar com debates acalorados a respeito dos mais diversos problemas sociais que se estabelecem, quase como uma doença crônica, na sociedade. Vemos ainda muitas pessoas em condições repulsivas de existência, a penúria quando generalizada se manifesta por muitas vias, falta de saneamento básico, desnutrição e saúde precária, educação de baixa qualidade ou inexistente, altas taxas de mortalidade e violência, e não para por aí...
Se torna cada vez mais corriqueiro relacionar o aumento da desigualdade social com o aumento da miséria e da pobreza, quase que como se uma coisa fosse sinônimo de outra, quando na realidade essa relação é bem distinta, a economia não é um jogo de soma-zero.
É neste cenário que intelectuais de esquerda e pró-socialistas ganham forças em discursos populistas e no fomento de ideais paternalistas estatais, por consequência óbvia, se de um lado cresce a exaltação dos conceitos socialistas, por outro, ocorre a demonização do capitalismo, a este é sempre atribuído de maneira raivosa toda a dor dos miseráveis, este tipo de discurso é ainda culminado em períodos de grandes crises nos mercados, que causam muito mais sofrimento aos carecentes do que aos abastados.
Neste contexto é fácil compreender como as massas ficam suscetíveis aos pensamentos socialistas e adeptos ao expurgo da burguesia, do patrimônio privado, do livre mercado e da liberdade, os pensamentos socialistas vendem uma utopia política e econômica que lhes é conveniente.
Não quero ser exacerbadamente prolixo, todavia, é no mínimo curioso ver como Marx e Engels foram incisivos em julgar os pensamentos difundidos por Rouvroy (Conde de Sant-Simon) e Fourier como “Socialismo Utópico” e cunhar a vertente marxista como “Socialismo Científico”, mesmo que a via marxista de pensamento, da maturação do capitalismo a ascensão do comunismo, possa parecer ainda mais longe da realidade.
Entretanto, precisamos buscar uma visão holística e permear os anais no final do feudalismo. Alguns historiadores ainda afirmam que o surgimento embrionário do capitalismo se manifestou ainda no século XIV (inicio do declínio do feudalismo) na Europa Ocidental, porém, é no século posterior que a ascensão da burguesia e conjuntos de práticas econômicas como as do Mercantilismo e características como o Metalismo começara de fato a se evidenciar.
Deste ponto adiante a economia e a capacidade produtiva deram ao longo dos anos saltos significativos (com destaque a Revolução Industrial), um conceito mais acertado na compra da mão-de-obra em contraste com o modelo servil que se estendeu por quase todo o período feudal é notável, a expectativa de vida se tornou cada vez maior devido ao aumento da qualidade de vida da população, a expansão do livre mercado estimulado pelo acumulo de capital privado proporciona variedade de produtos ofertados, que no que lhe concerne estimula a competitividade entre as empresas aumentando a qualidade e auxílio na busca por um preço cada vez mais baixo, tal qual outras contribuições proporcionadas por esse sistema, mesmo que se declare sob perspectiva, de forma indireta ou direta.
Entende-se, em muitos casos, que essas mudanças não são exclusivas ao sistema capitalista enquanto modelo econômico, politico e social, contudo, é inegável a forte influência de atuação sob diversos aspectos, um exemplo é como a Revolução Industrial contribuiu para a luta das mulheres em se inserir no mercado de trabalho, tendo em vista a diminuição de necessidade das tarefas braçais e o aumento no valor do trabalho de via intelectual.
Por fim, o capitalismo de longe é um sistema perfeito, de tempos em tempos enfrentamos crises nos mercados que muitas vezes abalam todo o mundo, mas, é o modelo econômico mais produtivo e socialmente mais justo que os adotados em períodos anteriores.
De autoria:
Felipe L.M
ORCID:0000-0002-9839-302X
Este artigo foi escrito por Felipe Lucena e publicado originalmente em Prensa.li.