Chegando com verso e prosa
Chegando mais uma vez
Volto sempre de onde parti
Não tenho muitos contos, mas me faz falta esse lugar
Mais que a gente que vou rever
As montanhas e o céu que alimentam a alma
Cheiro de longe do mato manso na curva da estrada
A placa verde indica o sentido e quanto falta
Sentado na janela contemplo o caminho que passa rápido
Fico acordado em alerta das curvas que contornam as montanhas
O barulho que mais parece uma sinfonia em ensaio, não incomoda
Ouço com alegria o caminho que balança a cadeira
A buzina se fez presente ao encontro e desencontro na estrada
O ponto de chegada mudou, agora fica na borda da cidade, onde alguns descem Desço também, mas muitos continuam, ali virou um porto da estrada, gente de perto e de longe, gente que vai lá para o norte, a caminho da Bahia e outros voltando em sentido contrário.
Um porto de abastecimento, serviços, encontros e desencontros, ao descer não encontrei, mas não haveria encontro, pois minha chegada não estava agendada, nem comunicada, chego só, mochila nas costas e uma mala na mão, agora busco terminar de chegar, ônibus urbano, um táxi ou um mototáxi, mas a mala dificultou partir para a aventura da mototáxi.
O ônibus urbano não estava lá e não sei quando ele volta, assim fui até o ponto de táxi, pois a opção moderna dos aplicativos que tentei usar informava que não havia motoristas disponíveis.
No ponto de táxi, uma conversa sobre futebol, política e preços estava sendo travada, todos falavam entre si dos diversos assuntos e se entendiam, eu esperei notarem minha presença.
Um diz, quem é o próximo, logo aparece o motorista, um senhor sorridente, bem arrumado que fala, vem comigo, logo estranhei, o carro dele era o último da fila de quatro carros, mas isso entendi estar combinado.
Ele, abriu o porta malas, disse coloca ai seus pertences, logo vai para o volante, coloquei a mala e mochila, fechei o porta malas e entrei atrás. Logo, ele se volta para mim e diz, vêm aqui na frente, é mais confortável.
Esse deve ser o costume do lugar, pensei e fui para o banco do passageiro na frente, logo que sentei, me pergunta, para onde vamos e veio fazer o que aqui?
Estou a passeio, rever parentes, vou até o Jacuí, disse ao motorista, ele sorriu e respondeu, meu nome é Geraldo, já joguei futebol lá no time de veteranos.
Eu, ainda meio sonolento, entendi que o Geraldo queria uma conversa, me animei a ouvir o que Geraldo, o taxista, iria me contar, assim ele lembra que no Jacuí já teve um Estádio de futebol, hoje somente existe um campo gramado, em outra área do mesmo bairro.
Na época do Estádio de Futebol, era criança, vendia doces, pastel e picolé de saquinho em dias de jogos, disse Geraldo. O Estádio foi desativado para encurtar a linha do trem de minério que vai para o porto, no lugar ficou um campo de futebol onde jogos de futebol amador acontece nos fins de semana.
Assim foi a minha chegada no lugar que sempre sonho em voltar, para ouvir o apito do trem, assistir os jogos de várzea, sentir o cheiro de mato e o brilho das estrelas no céu.
Se deixei aqui algo não bem explicado ou que causou dúvidas, vou deixar aqui um e-mail específico para responde às mesmas, joseleitecoura@outlook.com
Este artigo foi escrito por Jose Leite Coura e publicado originalmente em Prensa.li.