Cinema nacional para todos os gostos
O cinema nacional muitas vezes é desvalorizado pela própria população brasileira, que não acredita que qualquer filme feito aqui vai ser apenas o mesmo humor sem graça com as questões de pessoas elitizadas do Rio de Janeiro, ou será sobre alguma desgraça envolvendo criminalidade, ou ainda não terá o glamour de Hollywood ou a profundidade de um filme mais cult.
Mas, a verdade é que dentro do circuito de filmes brasileiros existe uma pluralidade de conteúdos que podem ser do agrado de muitos. Então, comecemos uma análise sobre filmes nacionais e suas muitas opções.
Pra Fazer Chorar
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Central do Brasil
Uma senhora que escreve cartas para pessoas analfabetas dentro de uma estação, que é interpretada pela eternamente brilhante Fernanda Montenegro, ajuda um garotinho a tentar encontrar seu pai após a morte trágica e súbita de sua mãe. No caminho, eles acabam criando um laço improvavelmente profundo e genuíno.
Uma narrativa tão bem construída em seus afetos, emoções e interpretações que rendeu a Fernanda Montenegro uma indicação de melhor atriz na premiação do Oscar de 1999.
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O Ano Que Meus Pais Saíram de Férias
Um menino vai morar com seu avô após seus pais serem exilados durante a época da ditadura enquanto ele acredita que eles apenas saíram para viajar de férias e logo voltaram. Durante esse tempo, seu avô acaba falecendo e ele fica sem ter ninguém além de um vizinho judeu que se torna seu único companheiro durante esse tempo terrível.
Uma brilhante interpretação do olhar de uma criança diante de uma situação completamente terrível.
Sobre amor
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Lisbela e o Prisioneiro
Leléu é um rapaz de índole duvidosa que foge para cidade vizinha por estar fugindo de um matador após ter um caso com sua esposa. Lá, ele conhece Lisbela, uma doce moça, que vive sonhando com romances e príncipes de Hollywood. Eles se apaixonam e vivem um amor proibido, pois Lisbela está noiva e a pressão de sua família não vai ajudar.
Um filme cheio de alívios cômicos e uma ambientação muito bem elaborada, é divertido de acompanhar a histórias dos protagonistas e torcer para que fiquem juntos no final.
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Hoje Eu Quero Voltar Sozinho
Leonardo é um garoto cego que está no ensino médio, tendo que lidar com uma mãe superprotetora e todo o bullying que sofre na mão dos garotos da escola. Com a chegada de um aluno novo chamado Gabriel, ele começa a descobrir novos sentimentos e entender a sua sexualidade, pensando em como lidar com tudo isso.
Um romance adolescente LGBTQIA+ com uma roupagem mais atual, mas que não deixa de ter o amor e as questões da juventude como pauta principal.
Histórias de Terror
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A Meia Noite Levarei Sua Alma
Uma verdadeira referência em questão de filmes de terror, não somente no Brasil, mas no mundo inteiro, que marca a primeira aparição da nossa grande figura assustadora nacional, o Zé do Caixão, criado e interpretado por José Mojica Marins.
Na história, Zé do Caixão quer dar vida ao filho perfeito para que seu sangue prossiga pelo mundo. Porém, sua esposa descobre ser infértil. Então, para solucionar o “problema”, ele abusa e violenta a esposa de seu melhor amigo, que decide que irá se matar, para que possa assombrar o sádico coveiro e lavar sua alma para o além.
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As Boas Maneiras
Clara é uma enfermeira que vive sozinha na periferia e é contratada para ser babá do filho de Ana,interpretada por Marjorie Estiano, uma moça rica que ainda não teve seu bebê.. Quanto mais a gravidez avança, mais Ana tem comportamentos estranhos, um pouco assustadores e hábitos noturnos sem razão, fazendo com que Clara vá ficando cada vez mais envolvida na história.
O filme se divide em duas partes e aborda diferenças sociais, maternidade e relacionamentos, tudo envolto de um mistério sobrenatural intrigante e muito tenso.
Rir é o melhor remédio
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O Auto da Compadecida
Para aqueles que ainda não tiveram o prazer de assistir a esse filme, ele conta a história de Chicó e João Grilo, vividos por Selton Mello e Matheus Nachtergaele respectivamente, dois amigos que enfrentam a vida como conseguem, através de trambiques e golpes, em um pequeno vilarejo nordestino.
Com personagens muito característicos e brilhantemente construídos, é uma narrativa esperta, com diálogos dinâmicos e momentos inesquecíveis, com sarcasmos inteligentes relacionados a religião e constituições familiares. Todo mundo deveria assistir pelo menos uma vez na vida.
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Muito Gelo e Dois Dedos D´água
Este é um filme para perder o tempo de vista, se divertir e guardar como uma boa lembrança. Mariana Ximenes e Paloma Duarte vivem as irmãs Roberta e Suzana, que durante a infância e a adolescências foram criadas quase que sob tortura pela avó Judite, interpretada por ninguém menos que Laura Cardoso. Já adultas, eles drogam e sequestram a cruel senhora, e decidem fazer uma viagem para a antiga casa de praia da família, fazendo com que a idosa passe por tudo que elas viveram.
Dentre as viagens psicodélicas da vovó, brigas fraternais, tolices surreais e boas referências de acontecimentos e culturas do Brasil, a narrativa aborda temas controversos de forma tão fácil e simples que até mesmo as mentes mais conservadoras são capazes de passar batido por eles, gerando um divertimento legítimo e memorável.
Biográficos
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Meu Nome Não É Johnny
Cinebiografia de João Guilherme Estrella, um rapaz de classe média alta que teve tudo na vida de forma fácil e com muitos privilégios. Durante suas curtições dos anos 80 e 90, se envolveu no mundo das drogas, se tornando o maior traficante do Rio de Janeiro, até ser preso.
Um filme interessante pois, mesmo sabendo que tudo que o personagem faz é extremamente errado e complicado de se lidar, acaba ocorrendo o velho truque utilizado por roteiristas e diretores de fazer com que o público crie empatia pelo criminoso, fazendo-o torcer para que João encontre seu caminho de volta para o correto.
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Tim Maia
Um dos maiores músicos do Brasil, o filme conta a história de Tim Maia, passando por sua infância, até seus anos de adolescência e juventude, quando começou a compor suas canções e mostrar seus talentos musicais, mesmo que sem reconhecimento, até fazer muito sucesso em sua vida adulta, mostrando todas as complicações que vieram junto com a fama, e sua precoce morte aos 55 anos.
É interessante ver a trajetória do cantor, pois enquanto seus amigos e conhecidos como o próprio Roberto Carlos, estavam ganhando notoriedade, ele não chegou ao estrelato de imediato, mesmo sendo tão (ou até mais) excelente que seus colegas.
Viraram clássicos
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Cidade de Deus
É impossível falar de cinema brasileiro sem mencionar Cidade de Deus. Provavelmente um dos melhores filmes já feitos no Brasil, tanto em técnica quanto em narrativa, premiado internacionalmente.
Conta a história da vida das pessoas dentro da comunidade Cidade de Deus, conhecida como um dos lugares mais perigosos do Rio de Janeiro, através dos olhos e das lentes da câmera do protagonista, Buscapé. Ele retrata o dia a dia da comunidade, seja das donas de casa, seja dos traficantes com grandes armas, em fotos que atraem atenção.
Cada personagem traz consigo uma verdade absolutamente importante para construção do filme e a visão do protagonista é vital para que tudo que é mostrado ajude na composição da visão do público.
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Carandiru
Assim como Cidade de Deus, Carandiru é um filme muito bem construído e faz parte da cultura cinematográfica brasileira. Baseado no livro do doutor Dráuzio Varella, a narrativa conta a história dos encarcerados no presídio Carandiru e como suas vidas se davam naquele ambiente.
Mais uma vez, se utiliza do mecanismo de fazer a audiência sentir empatia com os presidiários, já que muitas histórias são dignas de tal sentimento e algumas figuras são extremamente cativantes.
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Bacurau
Bacurau não tem tanto tempo de vida, mas já roubou a cena se tornando um clássico. Uma mistura de diversos gêneros, incluindo ficção científica, faroeste e até um pouco de terror, o filme conta a história da população de Bacurau, que um dia percebe que a cidade não se encontra em nenhum mapa. Então, coisas estranhas começam a acontecer como drones suspeitos sobrevoando a região, pessoas desconhecidas aparecendo do nada e até cadáveres e carros baleados começam a fazer parte do cenário.
Bacurau fez muito sucesso justamente por abordar temas diversos por um viés não visto antes dentro do cinema nacional e foi muito bem avaliado pela crítica e pelo público.
Este artigo foi escrito por Giovana Ribeiro e publicado originalmente em Prensa.li.