Com demissões em massa, investimentos em startups despencam em 2022
Cenário de risco afasta mais investidores de startups brasileiras
A crise nas startups continua e o desafio, agora, é conseguir reverter a queda de investimentos no setor. Neste contexto, mais demissões ainda preocupa! Hoje, apenas o segmento das fintechs, concentra mais de 101 mil funcionários, a maior parte do setor de meios de pagamentos.
As análises de mercado agora se voltam para o Relatório do Distrito, que monitora 35 mil startups no mercado, e mostrou o que está por trás das demissões em massa feitas por essas empresas no primeiro semestre de 2022. Segundo os dados divulgados, investimentos em startups brasileiras diminuíram 44% neste ano.
Da bonança à crise?
Nos últimos 14 anos, as startups brasileiras estavam acostumadas com volumosos investimentos. Somente neste período, foram US$ 9,4 bilhões captados pelas empresas, sendo 40% destinados às fintechs, startups voltadas para soluções financeiras. Entre 2016 e 2021, surgiram 154 fintechs, por ano. No meio desse caminho, muitas foram compradas, outras se tornaram maduras e unicórnios.
Mas em 2020, a pandemia veio mesmo para testar o modelo de negócio das empresas. Muitas sobreviveram e até expandiram, com as soluções digitais para o mercado e dobraram os investimentos, em 2021.
Os números, no entanto, revelam que os investimentos em startups brasileiras despencaram 44% no primeiro semestre de 2022, sendo que a principal queda ocorreu mesmo no segundo trimestre, atingindo mais as startups em estágio avançado. Neste ano, as empresas captaram US$ 2,92 bilhões, em 327 transações.
Startups em 2022 e o cenário incerto
Relatório do Distrito ainda cita a invasão russa na Ucrânia e suas repercussões geopolíticas, já que muitos fundos estão capitalizados, como empecilhos para os investimentos no setor neste ano.
Outra incerteza é com relação aos empregos. Com os aportes milionários nos últimos anos e expansão acelerada, a freada nos investimentos provocou uma série de demissões em massa nas startups no País. Até agora, mais de 5 mil pessoas já foram demitidas neste ano. Levantamento está disponível no site Layoffs Brasil .
Os registros mais recentes foram contabilizados nas empresas em nível mais avançado, como a gigante do setor do setor de soluções de pagamentos Ebanx . A fintech brasileira, fundada em 2012, dispensou 20% do quadro de funcionários, em junho. Cerca de 340 colaboradores demitidos, com argumento de descontinuidade de projetos.
“A decisão foi tomada com base no cenário atual do mercado de tecnologia como um todo, impactado de forma profunda e veloz pelo ambiente macroeconômico. O Ebanx mantém o compromisso com sua sustentabilidade e crescimento, seguindo na missão de gerar acesso entre consumidores e empresas globais”, esclareceu a companhia, em nota.
Um mês depois, a Loft ,que se destaca no mercado entre as principais startups do mercado de imóveis da América latina, demitiu 384 pessoas do quadro de 3,2 mil funcionários. Em abril, a empresa já tinha desligado 159 colaboradores.
"A redução do quadro de funcionários se soma a outras medidas de aumento de eficiência tomadas nos últimos meses após quatro anos de crescimento agressivo e consistente, tanto através de produtos desenvolvidos organicamente quanto via aquisições", segundo comunicado da empresa.
Essa foi a solução das empresas diante do cenário de menos recursos disponíveis para equilibrar as finanças da operação. O caminho mais recorrente tem sido as demissões feitas pelas empresas maduras do setor. Agora, a preocupação continua, com os recentes dados de queda em investimentos. Será que mais cortes estão por vir?
Este artigo foi escrito por Sandra Riva e publicado originalmente em Prensa.li.