Como começar uma aula
Durante a minha experiência, quando via alguém iniciar uma aula, principalmente de matemática, surgia uma sensação de medo entre os alunos a minha volta.
Tive professores que chegavam e mostravam uma lista com o conteúdo programático, os dias de prova, a quantidade de exercícios, complementando ainda que poucos passavam em sua matéria.
Na última segunda-feira, tive a oportunidade de inaugurar uma turma, em um cursinho comunitário onde sou voluntário. Resolvi fazer as coisas um pouco diferente, pois acredito que o medo não vai fazer os alunos se mexerem tanto quanto um incentivo para se automotivarem.
Só lembrando que, só irei descobrir se o que eu fiz deu certo ou não, ao final deste ano, quando a turma prestar o vestibular, e então receber um feedback.
Enfim, comecei separando alguns tópicos que, nos meus anos de experiência, coloquei como sendo os principais bloqueadores para o aprendizado de matemática.
Iniciei por uma coisa interessante, a meu ver, onde se quebra a barreira de por que aprender matemática e trazer um conceito de aprender uma das múltiplas inteligências, a lógico-matemática.
O bom de trabalhar com uma lógico-matemática, é sair do comum de só aprender matemática. Onde eu pego quatro verbos essenciais, que em questões de vestibular, pode fazer toda a diferença
Se você ficou curioso quais são:
* quantificar;
* analisar;
* deduzir;
* experienciar.
Não precisei falar muito de cada um deles, apenas listá-los para que os alunos começassem a ter um pouco mais de atenção, criando um incentivo interno deles para ver que realmente pode fazer sentido iniciar um exercício a partir dessas premissas.
Dado que ganhei a atenção deles, um pouco a mais do que apenas por necessidade, dei início ao próximo tópico, mostrando que qualquer exercício de matemática vai exigir o domínio das quatro operações básicas.
No começo é comum eles duvidarem que isso possa acontecer, mas com o tempo, meu objetivo é mostrar que qualquer coisa mais complexa nada mais é do que uma evolução das quatro operações básicas com alguns conceitos aplicados.
O que levou a um segundo questionamento que levantei com os alunos. Perguntei: "quem aqui é bom em fazer cálculos de cabeça?"
Após uma pequena pausa, pelo fato de estarmos todos online, a reação foi muito baixa. O que era o meu intuito, pois, era uma pergunta retórica. Geralmente pensamos que quem é bom em matemática sabe fazer cálculo de cabeça. Mas eu sua prova viva de que isso nem sempre é assim.
Não sou uma pessoa rápida para fazer cálculos de cabeça. Mas sou bom em analisar as coisas antes de calcular.
E essa é uma das coisas que eu gosto de prezar na sala de aula. Venha com a calculadora. Venha de coração aberto. O que você vai aprender comigo a cada dia é o que você vai aplicar quando for treinar sozinho. No vestibular não pode usar calculadora. Mas antes de começar a calcular de cabeça é preciso entender o que você vai calcular.
Enfim, cheguei ao último ponto da apresentação. Algo interessante que eu peguei do livro Garra da Angela Duckworth que fala sobre uma trajetória entre habilidade, esforço e êxito. Que apresentei para os alunos como a curva do êxito!
Que nada mais é algo que relaciona o seu talento, multiplicado pelo seu esforço, que gera uma habilidade. E essa habilidade, multiplicada pelo seu esforço, gera o êxito.
A vantagem de mostrar isso para os alunos para finalizar uma aula de apresentação é que independente do talento se o seu esforço for maior não há como não obter êxito.
Este artigo foi escrito por Diogo Oliveira e publicado originalmente em Prensa.li.