Como os jovens CEOs estão lidando com os desafios de cultura em startups
Se trabalhar em uma startup é um estilo de vida, ser o CEO desse empreendimento requer um foco ainda mais profundo na visão da empresa e a capacidade de construir uma equipe que permaneça alinhada com a sua cultura, focada em alcançar seus objetivos.
A verdade é que, realizar uma boa gestão de pessoas, especialmente em um mundo de negócios em ritmo acelerado e em constante mudança não é fácil. Avanços tecnológicos, novas estratégias de contratação e formas de trabalhar contribuem para que diversos desafios precisem ser enfrentados diariamente.
Afinal, quais são esses principais desafios de cultura em startups e como os melhores nomes do mercado conseguem lidar com eles?
Conhecimento técnico x alinhamento com a cultura da empresa
Se antes apenas a formação e o conhecimento técnico eram vitais para a contratação de um candidato, as organizações de hoje também prezam pela compatibilidade do futuro funcionário com a cultura da empresa.
De acordo com a CEO da startup Vayable, Jamie Wong, a contratação é o desafio número um para os gestores de RH: “construir sua equipe é uma das tarefas mais difíceis porque você não está exatamente criando um grupo de amigos ou uma família, mas também não está procurando um grupo de trabalhadores braçais”, afirma.
Segundo ela, a melhor maneira de lidar com o problema é passar a reconhecer os pontos fortes das pessoas em todos os âmbitos, inclusive pessoais.
Se preocupar apenas com as experiências profissionais passadas é ignorar o fato de que as startups também devem funcionar como um ambiente de aprendizado. “As organizações com poucos membros da equipe estão criando um novo tipo de cultura de negócios, então um CEO deve ter cuidado para não ser pego usando um modelo de liderança tradicional”, ela aconselha.
Lucros x felicidade
Manter os funcionários satisfeitos e felizes ao mesmo tempo em que os lucros crescem é mais um dos desafios de cultura em startups. Felizmente, conciliar os dois fatores pode funcionar como uma estratégia de causa e consequência, já que trabalhadores felizes tendem a ser mais produtivos.
Sendo assim, a satisfação do funcionário passa a ser uma peça-chave para o futuro da empresa, e não apenas um benefício. O co-fundador da Rock Content, Vitor Peçanha, acredita que um dos fatores principais para o crescimento da startup são as pessoas.
Segundo ele, a empresa é focada em resultados, mas não dispensa o bem-estar de seus membros: “damos muita liberdade para nossos colaboradores. Não só benefícios como horários flexíveis, lanches, etc, que ajudam, mas também a liberdade de terem iniciativas dentro da empresa para melhorar nosso serviço. Isso motiva os funcionários (...) e já fez com que vários novos departamentos surgissem sob a coordenação dessas pessoas”.
Autonomia x regras
As regras são necessárias para que uma organização funcione de maneira eficiente, mas qual é o equilíbrio entre ter normas bem definidas e garantir a liberdade dos funcionários para dar opiniões e definir processos? Como lidar com a diversidade dentro da empresa?
Segundo quem já tem experiência no mercado, o segredo é manter a flexibilidade sem abrir mão da quebra de acordos. Tolerar erros, desde que façam parte do aprendizado, incentivam o funcionário a colocar novas estratégias em prática.
Gustavo Caetano, CEO da Sambatech conta que a startup foi criada com base em uma estrutura flexível para criar um ambiente que seja favorável à inovação e à proatividade. Ele conta que, “muitas vezes, os processos não eram formalizados (…) e a reorganização dos processos de gestão interna teve que ser feita. Mas a formalização dos processos não foi vista com bons olhos pelos funcionários. Tivemos que quebrar esta barreira e fazer as mudanças de forma cuidadosa para não afetar a nossa essência e manter o ambiente descontraído, produtivo e inovador. Faz parte da história da Samba a adaptação às tendências de mercado e a flexibilidade”.
Trabalhar em uma startup é bem diferente de exercer funções em uma empresa comum. Sendo assim, a cultura da empresa exerce um papel de integração para a construção de um ambiente saudável, que não impeça a transparência de perspectivas, resultados e proatividade.
Este artigo foi escrito por Bianca Lopes e publicado originalmente em Prensa.li.