Como a Quanto mudou a forma de se ver o mercado financeiro brasileiro
Com o passar dos anos, o Open Banking está conquistando seu lugar ao sol e tornando-se uma realidade cada vez mais palpável. Apesar de estar presente em alguns países ao redor do mundo, aqui, esta é uma questão que, aos poucos, vem tomando forma.
No segundo semestre de 2020, o país deu mais um passo em direção à realidade do sistema financeiro aberto. A Fintech Quanto, plataforma pioneira em Open Banking no Brasil, levantou, recentemente, em uma rodada de investimentos liderada pelos dois maiores bancos brasileiros, o Bradesco e o Itaú Unibanco, um aporte de US$15 milhões.
De acordo com Ricardo Taveira, CEO e fundador da Quanto, “Esse investimento é prova do potencial que o Open Banking no Brasil tem de promover mudanças ainda maiores do que o que vimos na Europa ou nos Estados Unidos”. Segundo ele, o apoio dos maiores bancos do país é um sinal altamente positivo de como o mercado brasileiro está abraçando esse movimento de maneira tão positiva.
Foi olhando as diretrizes de pagamento aprovadas no parlamento europeu, que Ricardo entendeu o potencial que o sistema de pagamento aberto poderia ter no Brasil. Segundo ele, possuímos um mercado financeiro concentrado, marcado pelas altas taxas de juros, sendo grande parte disso causado pela assimetria de informação, levando a uma visão inerentemente punitiva de concessão de crédito.
Com o sistema de Open Banking, o consumidor final terá poder sobre suas informações, redesenhando a estrutura financeira no Brasil. “O foco principal sempre foi reduzir essa assimetria de informação e diminuir as barreiras de troca presentes no mercado financeiro e o compartilhamento de dados”, comenta Ricardo.
Para tornar esse sistema uma realidade, a Quanto acompanhou, desde o início, os debates na Europa, sempre com o intuito de proporcionar mercados equilibrados e conectados, reduzindo, ao máximo, a dessimetria e melhorando a experiência financeira para o usuário. “Essa é a base para um relacionamento justo e eficiente entre pessoas e empresas. Acreditamos que essa é a maneira mais fundamental de reduzir as taxas de juros, produtos mais competitivos e garantir acesso a serviços financeiros a todos”.
A plataforma da Quanto atua como a orquestradora dessas conexões, auxiliando na sua padronização e favorecendo a inovação na criação de novos produtos, possibilitando sua distribuição por todo o sistema financeiro. Ao realizar a contratação de um novo produto através do Open Banking, o usuário pode escolher compartilhar seus dados e obter uma melhor taxa de juros ou até acelerar o seu processo de cadastro.
Assim sendo, através desta nova disposição do mercado, não haverá "migração", ou seja, a pessoa continuará a ter seus dados e sua conta no banco de origem, podendo compartilhar suas informações com outra instituição via Open Banking. Ricardo explica, que será muito mais parecido com acrescentar um destinatário a um e-mail do que trocar de operadora de celular.
Ricardo Taveira, fundador e CEO da Quanto
A Quanto fornece uma API de dados bancários padronizados, que, a partir da autorização do usuário final, faz uso de suas informações e facilita a disseminação de produtos financeiros, podendo oferecer melhor condições de crédito, financiamento e até de investimento. “Focamos inicialmente na exploração de APIs e técnicas de segurança que possibilitariam que esse compartilhamento fosse a base para algo ainda maior”, acrescenta o empresário.
Desta forma, a fintech passou a contribuir para a redução significativa do tempo e do custo de acesso a dados de contas bancárias, colocando nas mãos do consumidor o poder de decisão e controle sobre suas informações financeiras. Todas as informações compartilhadas por meio da plataforma da Quanto, são feitas de maneira criptografada e através do uso de APIs.
Quando o tema é compartilhamento de dados, segurança é a parte mais essencial do trajeto. Assim sendo, a empresa fundada por Ricardo trabalha com o conceito PKI (Public Key Infrastructure), ou seja, só o destinatário da mensagem tema chave para acessar suas informações e compartilhá-las com quem quiser. Nem mesmo quem enviou a mensagem poderá "desfazer" a criptografia.
“Nem mesmo nós da Quanto temos acesso para ler os dados dos usuários que estão armazenados na plataforma. Por isso, para gerar algumas análises solicitadas pelos bancos, precisamos da autorização expressa dos usuários”, o que Ricardo acredita trazer mais transparência para todo o processo do Open Banking.
Assim sendo, mais que uma ferramenta de integração, as APIs são um meio de expandir e alcançar novos canais e horizontes, possibilitando a monetização de dados e serviços, proporcionando experiências digitais e desenvolvendo parcerias que, sem elas, não seriam possíveis.
Nic Marcondes, Design Technologist da Quanto, comenta que para o sistema de Open Banking atingir seu potencial, é necessário que haja consistência nas APIs compartilhadas com seus parceiros. Só assim é possível garantir disponibilidade contínua, atendendo às demandas conforme forem surgindo.
No entanto, ao contrário do que muitos pensam, quando falamos de cyber ataques, elas não são o elo mais fraco dessa corrente. Nic conta que a maior camada de segurança do processo é encontra, em geral, nas APIs. “O principal elo de exploração acontece no front-end (parte visível das aplicações e sites aos usuários), com o roubo de credenciais”.
A partir de ataques de engenharia social, o cibercriminoso convence a vítima a fornecer informações ou fazer o que ele deseja. É a partir disso que nasce a importância, não só da boa difusão do sistema de Open Banking, mas também da campanha de conscientização da população. A população precisa ter clareza a respeito do tema, para que possam decidir quando é, ou não, seguro compartilhar seus dados financeiros.
Para entender um pouco mais sobre Open Banking e como a construção e gestão adequada das APIs pode influenciar esse novo modelo bancário, Ricardo Taveira e Nic Marcondes vão participar de um debate a respeito do tema na #OpenBankingLives, amanhã (22/09) às 14:00.