Open Data: passado, presente e futuro
Indo muito além do universo financeiro, o futuro, de modo geral, é Open Data. Apesar de não ser um conceito novo, tendo sido sugerido em 2006 por Tim Berners-Lee, criador da World Wide Web, a popularização do Open Data fez com que os dados se tornassem ainda mais vitais para o desenvolvimento de novos produtos e serviços verdadeiramente úteis, que beneficiem consumidores ao mesmo tempo em que impulsionam o mercado.
Por isso, ficar desatualizado não é uma opção para aqueles que planejam solidez e longevidade para seus negócios. A escolha de não compartilhar dados, atualmente, pode significar não só perder credibilidade frente aos clientes, mas também deixar de aproveitar informações valiosas para o estabelecimento de estratégias eficientes.
Apesar de a adequação às novas tendências tecnológicas exigir investimentos iniciais consideravelmente altos para fintechs e empresas pequenas ou com pouco tempo de mercado, o uso intensivo dos dados adquiridos a partir disso pode ser escalado e cada vez mais viabilizado, fazendo com que tanto usuários quanto empresários se beneficiem diretamente a longo prazo.
Empresas dos mais variados ramos podem usufruir do Open Data, desde que saibam usar o combustível dos dados a seu favor; uma empresa do setor varejista, por exemplo, pode usar dados compartilhados para comparar informações, conhecer melhor seu consumidor e entender seus hábitos de consumo e necessidades específicas para, assim, oferecer produtos que sejam contextuais e relevantes no momento certo, gerando lucros significativos.
Por outro lado, pensando nas grandes instituições tradicionais, que já possuem extensos bancos de dados, a adesão ao Open Finance pode contribuir para a movimentação do mercado e o aumento de competitividade, que beneficia clientes e impulsiona a inovação e a diversidade, gerando mais oportunidades de negócios e garantindo a manutenção de clientes através de relevância.
A aplicação do projeto no Brasil
Além da clara flexibilidade de dados bancários, o projeto Open Data trabalha, também, para conscientizar o cidadão a respeito do uso consciente de seus dados e da importância do poder de escolha sobre isso. Com o objetivo de proporcionar mais autonomia aos consumidores através do conhecimento, muitas empresas têm investido na democratização da entrada neste novo sistema, possibilitando que novas soluções sejam criadas a partir dos dados obtidos com a integração.
Além disso, o Banco Central tem como papel administrar as mudanças de comportamento do mercado, garantindo o envolvimento de diversas camadas de players através de um cronograma intenso, mas adaptável, que visa favorecer o consumidor e aquecer a indústria nacional.
De acordo com Roberto Campos, presidente do BC, algumas das soluções que podem ser desenvolvidas a partir do projeto Open são dispositivos para comparação de serviços e taxas, aplicativos para aconselhamento e planejamento financeiro, iniciação de pagamentos por mídias sociais e marketplaces de crédito. Soluções como essas ilustram como o compartilhamento de dados pode ser aplicado em benefício dos cidadãos - principalmente aqueles com menos acesso a determinados espaços, o que, consequentemente, democratiza ofertas, sejam elas de produtos financeiros ou não.
Para isso, é vital que as instituições instruam seus clientes a respeito do significado das novas funcionalidades e soluções disponíveis, de modo a realmente entregar a eles o poder sobre o uso de seus dados e suas decisões a partir disso.
Apesar de o consumidor, de modo geral, não precisar compreender exatamente como funciona cada etapa de suas transações para usá-las a seu favor, a conscientização acerca dos dados, ativos tão valiosos atualmente, gera empoderamento e democratização de acesso e uso.
Os próximos passos
Com o crescimento do número de empresas que aderiram ao Open Data, os louros dos investimentos iniciais começam a aparecer e, a partir deles, a receptividade do universo Open no Brasil por parte do público tem muito espaço para se expandir, visto que o brasileiro tende a ser mais aberto com relação a seus dados (os números nacionais já superaram os do Reino Unido e da Europa).
Entretanto, junto com os resultados, surgem, também, novos desafios. Por isso, é essencial que líderes e tomadores de decisão de empresas dos mais variados setores participem de eventos e conferências que promovam o debate e o compartilhamento de ideias, como o Open Finance Conference, que teve sua quarta edição em Outubro deste ano.
Conferências como o OFC contribuem para o estabelecimento de relações e parcerias entre instituições, startups e fintechs e faz com que seja mais simples se manter ciente dos próximos passos do projeto Open, que está apenas em seu começo e gerando muitas mudanças.
Confira como foi a quarta edição! Saiba mais aqui.
Este artigo foi escrito por Bruno Loiola e publicado originalmente em Prensa.li.