Conhecendo a Internet dos Corpos
A cada nova virada de década algumas tecnologias se consolidam e perspectivas surgem com maior intensidade sobre as possíveis novidades que virarão tendência. Exemplo disso são a consolidação da IoT (Internet das coisas) e as expectativas de que uma nova era se aproxima, a da IoB (Internet of Bodies — Internet dos Corpos). Você não leu errado. Internet dos Corpos, isso mesmo.
O que é a Internet dos Corpos
A Internet dos Corpos, de certa forma, é uma extensão da Internet das Coias. É a coleta de dados feita nos seres humanos, com envio para processamento externo. O conceito pode parecer um pouco assustador, mas outras novas tecnologias também pareciam no princípio.
Se pararmos para pensar, a primeira geração de internet dos corpos já começou a se tornar viável e está popularizada, através do uso de dispositivos externos ao corpo humano, como gadgets de monitoramento de atividades físicas e de alguns elementos básicos de saúde.
Nesta geração, que teoricamente será realidade em um curto espaço de tempo, faltaria apenas o envio de dados em tempo real para processamento e tomada de decisões, como geração de alarmes ou recomendações. Um exemplo prático poderia ser um monitor cardíaco externo (como as cintas de corrida ou relógios com medição cardíaca) enviando alertas em tempo real sobre possíveis variações não esperadas na frequência cardíaca.
A segunda geração de IoB seria realizada com dispositivos internos ao corpo humano, como marca-passos, implantes auditivos ou cerebrais, por exemplo. Igualmente, o conceito se completaria quando esses dispositivos enviassem dados e informações em tempo real a um servidor.
Fica fácil imaginar o amplo benefício que se poderia esperar de alertas instantâneos e em tempo real sobre possíveis problemas no ritmo cardíaco ou de outros órgãos. Alguns passos também já foram dados com dispositivos que se enquadram nesta geração, como por exemplo as pílulas de monitoramento que são engolidas (para exames de imagem) e dispositivos de comando através de ondas cerebrais.
Já existem microchips de RFID implantados em animais de estimação, conceito este que provavelmente seja estendido também aos seres humanos, não só para monitoramento de saúde, como para identificação e até realização de pagamentos.
A principal diferença nesta geração é que os dispositivos poderiam assumir algumas funções de controle, ou intervenção, de forma ativa. Isso poderia significar um marca-passo inteligente e controlado remotamente por médicos ou até, futuramente, por Inteligência Artificial. Outra possibilidade, nem tão complexa, seria ter desfibriladores que “conversassem” com os marca-passos inteligentes para maior eficácia.
E a evolução da IoB, qual seria?
Da forma que a tecnologia avança, ninguém pode afirmar com certeza que isso não acontecerá nos próximos 10 anos. Na chamada terceira geração de IoB, dispositivos se fundiriam a partes do corpo humano. Através da biotecnologia, é possível esperar-se que futuramente certas partes do corpo humano sejam construídas com inteligência para coleta, envio de dados e até intervenções ativas.
Pontos a considerar
Como (quase) sempre, a principal preocupação que pode surgir é relacionada à privacidade e a ética resultante do uso de informações pessoais. O exemplo mais forte talvez seja relacionado ao preço de planos de saúde ou seguro de vida que poderia ser praticado pelas empresas, de posse de informações tão sensíveis sobre a saúde de uma pessoa.
A questão do monitoramento de hábitos pessoais por terceiros é, sem dúvida, outro ponto a ser ponderado. Caberia aos indivíduos a decisão de compartilhar ou não os dados, considerando os possíveis benefícios e seus custos.
Este artigo foi escrito por Juliano Statdlober e publicado originalmente em Prensa.li.