Contraste Nacional
Imagem: Johnny Miller/Reprodução - Santa Fé, Cidade do México
"Que país é esse?" Já dizia o poeta.
Somos um país multicultural.
Somos um país da diversidade.
Somos um país rico agricolamente.
Temos solos férteis, temos florestas tropicais, vastas e exuberantes. Somos um povo acolhedor, inteligente e trabalhador.
Que país é esse, que desvaloriza seu povo? Sua cultura, suas riquezas naturais e suas riquezas intelectuais? Estamos regredindo internacionalmente e nacionalmente. Um exemplo é no futebol. Já fomos O país do futebol. Mas, o país do futebol perdeu seu "status'', já não somos mais uma máquina futebolista.
E estamos perdendo continuamente em vários outros segmentos… no âmbito social, estamos em queda livre. Somos o país das desigualdades sociais.
O cenário habitacional é um retrato a céu aberto. Uma fratura exposta na sociedade. De um lado os edifícios luxuosos e do outro lado, barracos de madeira.
Esse contraste é uma vista panorâmica dos poucos que chegam aos alpes da riqueza e muitos que lutam para sobreviver em meio a córregos fétidos, sem saneamento básico. Vulneráveis e muita das vezes marginalizados.
Saneamento básico no Brasil é uma sátira. As pesquisas demonstram isso:
De acordo com o ranking, o país ainda tem quase 35 milhões de pessoas sem acesso à água tratada,100 milhões sem coleta de esgotos (representando 47,6% da população) e somente 46% dos esgotos produzidos no país são tratados.
O ensino de baixa qualidade é um marco vergonhoso. Quem não pode pagar uma escola particular, é obrigado a matricular seus filhos na "escola da supressão intelectual". As escolas públicas lidam com recursos limitados, com materiais didáticos cada vez mais resumidos.
Ou seja, quanto menos informação, menos chance de um aprendizado pautado às necessidades do aluno. E consequentemente um "déficit" intelectual. A pergunta é: qual o interesse em formar alunos cada vez mais, menos intelectuais?
Ainda de acordo com o IBGE, existem cerca de 13,9 milhões de desempregados no país.
Essa população são pais, mães, jovens e adultos, que batem em portas que não se abrem. São cidadãos e cidadãs que pagam uma carga tributária extensa, mas não há emprego para eles.
São pessoas que pagam caro, mesmo estando desempregados, o transporte coletivo de péssima qualidade.
A saúde pública brasileira está na UTI.
Depender da saúde pública no Brasil é entrar na fila de espera para ser maltratado, mal atendido e a chance de resolver o problema é praticamente um milagre.
Que país é esse? Onde o contraste social é uma notória vergonha nacional? O desequilíbrio social é uma estatística comprovado. Os números falam por si.
Quem poderá nos defender? Somente Deus pode nos ajudar, porque os atores políticos do Brasil, incorporaram o herói vermelho e amarelo, a diferença é que não são engraçados, suas antenas detectam somente seus bem-estar e a marreta que utilizam machuca de verdade. Enfim… tem que rir para não chorar.
Este artigo foi escrito por Marcio Greique Macedo e publicado originalmente em Prensa.li.