Coragem de cair e estrutura para se levantar
Reflexões sobre quedas, cultura organizacional e o que ainda precisamos aprender.
“It still hurts. I still recover.”
— Bob Burnquist, no Web Summit Rio 2025
Em meio a palcos ocupados por CEOs, futuristas e tecnólogos, um skatista também falou sobre o futuro. Bob Burnquist subiu ao palco do Web Summit Rio e entregou uma das frases que mais me tocaram ao longo do evento: “Ainda dói. Eu ainda me recupero.”
Ele estava falando sobre skate e ossos quebrados — e sobre muitas outras coisas, também. A mensagem cabe em tantos cenários que eu, instantaneamente, anotei no meu caderninho. Parece simples, mas é uma aula sobre resiliência — e sobre o que as empresas (e individíduos) ainda custam a aprender.
Enquanto a inteligência artificial ocupa manchetes, algoritmos pautam decisões e o burnout segue presente em todas as camadas das organizações, a fala de Burnquist me fez lembrar de algo essencial: não existe transformação verdadeira sem atravessar a dor que a mudança impõe. E, talvez mais importante ainda, sem saber voltar depois da queda — saber levantar, apesar da dor.
As dores da transformação
Não tem método mágico. Organizações — e pessoas! — que se transformam são aquelas que criam espaço para errar, cair e, sobretudo, voltar. São aquelas que não romantizam a resiliência como força sobre-humana, mas como prática coletiva. Aquele papo de “it takes a village…”, sabe?
Cair machuca. Recomeçar cansa. Mas liderar de verdade, seja a própria vida ou uma equipe, é permitir que esses sentimentos tenham lugar — e que sirvam de alavanca para criar ambientes onde nos sintamos em segurança para sermos inteiras, e não apenas produtivas.
Será que existe espaço para admitir o cansaço, o medo ou a dúvida, sem que isso seja interpretado como fraqueza? Será que, ao falar sobre cultura e pessoas, estamos realmente construindo lugares que aceitam as quedas — e ajudam no retorno? Se a resposta for não, é sinal de que já passou da hora de as coisas mudarem drasticamente.
Além de comunicadora, sou mãe, filha, amiga, namorada, trabalhadora e tantos outros papéis — acima de todos eles, eu sou humana. E, em todas essas facetas já vivi o suficiente para concordar com o que disse Burnquist: tem muita coisa que ainda dói, mas a gente continua se levantando. E, talvez, seja essa a competência mais humana (e urgente) do nosso tempo.
Essa Prensa People faz parte da cobertura especial da #PrensaWebSummitRio2025
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