A Corajosa e Ousada Missão de James Gunn (Sem Spoilers)
Após um inicio conturbado, com Homem de Aço e Batman V Superman, o primeiro filme do Esquadrão Suicida sofreu influência dos executivos durante a pós-produção. O estranhamento começou com a gritante diferença entre o trailer divulgado na Comic Con, em julho de 2015, com o lançado em janeiro de 2016.
O primeiro trazia um clima mais sério e dramático. O outro era mais colorido e cheio de piadas. O filme em si não se decidia qual tom seguir e, apesar de ter feito uma boa bilheteria, desagradou tanto os fãs quanto os críticos.
Em seguida, o estúdio acertou com o filme solo da Mulher-Maravilha, mas cometeu um grande erro com a Liga da Justiça do Joss Whedon. E, apesar da boa receptividade de Aquaman, Shazam e Aves de Rapina, muitos ainda estavam incertos sobre o futuro do universo cinematográfico da DC.
Então, a Warner contratou James Gunn, oferecendo vários personagens a ele, inclusive o Superman. Ele escolheu o Esquadrão Suicida e foi a melhor decisão que ele tomou, na minha humilde opinião.
Para começar, não espere encontrar uma versão da DC dos Guardiões da Galáxia. Aqui é James Gunn sem as amarras da classificação PG-13. Tem palavrão, nudez, uso de drogas e violência extrema? Sim, tem! Mas não só isso.
O “Suicida” no nome não está ali de graça. E a mensagem nos pôsteres para não se apegar aos personagens é real. Muitas vezes me peguei tentando adivinhar o que aconteceria em seguida e até mesmo quem morreria. “Essa vai sobreviver porque tal pessoa a interpreta, esse também porque é um importante vilão...”. Fui deliciosamente surpreendido e nos primeiros 11 minutos do filme!
Aqui ele acerta onde o filme anterior tentou alcançar: O coração. Você se importa com os personagens a ponto de torcer para que eles sobrevivam até o fim do filme. Ele se aprofunda até naqueles que todo mundo pensava que seria apenas alivio cômico. Em compensação, tem alguns que nem dá tempo de conhecer melhor, o que não significa que suas mortes foram gratuitas. Tudo ali tem um motivo para acontecer.
Novamente, por ser um filme do Gunn, tanto as canções Pop quanto a música composta para o filme funciona. O oposto do filme anterior, que fazia parecer um compilado de videoclipes. Aliás, falando em trilha sonora, há três músicas brasileiras no filme. Uma da Céu, uma do Marcelo D2 com Zuzuka Poderosa e outra da Drik Barbosa com Karol Conká e Gloria Groove.
Sobre as atuações, Margot Robbie está maravilhosa como Arlequina, mostrando estar muito à vontade no papel. Viola Davis nos traz uma Amanda Waller que provoca ódio e medo ao mesmo tempo. Já Joel Kinnaman nos entrega uma versão mais tranquila do seu Rick Flag e até ingênua em alguns momentos.
Entre os novatos na franquia, destaco Peter Capaldi como O Pensador. Eu, como fã de Doctor Who, estava acostumado vê–lo interpretar mocinhos e me surpreendeu positivamente agora no papel de um vilão. Outra surpresa para mim foi John Cena. Seguindo os passos de outros lutadores que viraram atores, The Rock e Dave Batista, ele tem uma atuação impecável, mesmo nas cenas mais sérias. Vou começar a acompanhar a carreira dele, assim como irei fazer com a da Daniela Melchior, a Caça-Ratos 2.
E sim, temos Brasil representando também no elenco. A grande Alice Braga surge em um papel pequeno, mas importante de uma guerrilheira revolucionária.
Enfim, O Esquadrão Suicida é um filme engraçado, violento, emocionante e tenso em algumas partes. James Gunn cumpriu a sua difícil tarefa com louvor.
Imagem de capa - James Gunn e o elenco de O Esquadrão Suicida/Divulgação
Este artigo foi escrito por Fabio Farro de Castro e publicado originalmente em Prensa.li.