Cozinhar - Fazer amor através do alimento
Cozinhar é fazer amor, com todos os sentidos!
É colocar o amor para fora. É fazer dele um tempero também. Ao cozinhar, colocamos o amor para fora, o exercitamos. E preparamos, com ele, um amor para a pessoa que irá saborear, (comer). E, assim, ao comer, vai sentir-se amada.
Sempre aquele que cozinha, cozinha mais para o outro do que para si. É um auto amar? É sim! Mas é o amar o próximo primeiro.
O maior tempero de um alimento, além da fome, claro, é o amor.
Cozinhar é usar todos os sentidos e mais alguns. Tudo fica mais aguçado, apurado, através do amor.
Cada detalhe importa. Cada quantidade de sal ou de açúcar. Mas é no sentir, a quantidade necessária.
É tanto amor, é tanto carinho, que somente cada um que cozinha possui o dom dessa arte. A gente pode pedir a receita de como se faz, e seguir ela, mas nunca é a mesma coisa de como foi ao comer pelo outro. Pois, maior que toda aquela receita, todas aquelas quantidades de temperos, é a forma do amor como o outro faz.
Cada tempo no forno ou na panela. Cada batida na massa e cada esticada nela, também.
Cozinhamos com o corpo, cozinhamos com a alma.
Cozinhar é amar! É amar o outro e se amar. Cozinhamos pois o amor precisa ser repartido numa mesa ao lado de amigos, de familiares, de estranhos e até mesmo sozinho.
O ato de Jesus na multiplicação dos cinco pães e dos dois peixinhos no meio de toda aquela multidão nos ensina que o alimento nos une, o alimento nos coloca juntos em comunhão. Assim como na última ceia, onde ele repartiu o pão no meio dos seus discípulos, Jesus nos ensinou que através do alimento há o momento de união.
Cozinhar é uma das artes da essência do amor. A mistura daqueles temperos, aquele perfume que sobe no calor do fogo, o cheiro de alho e cebola na panela é aquela emoção de fazer amor.
Cozinhar só pode ser com amor. Sem amor não há a mágica. Não há o sentido. Nem é mesmo cozinhar. É como fazer apenas sexo, o ato em si. Muitas vezes, pode ser prazeroso, mas não é gostoso e saboroso como quando com amor.
Quando falam em cozinhar eu lembro de amor. Eu lembro de amar. Um dos sinônimos do amor é Cozinhar.
Cozinhemos então!
Todos temos uma memória de um alimento que deixou na gente um perfume doce na memória, que ainda podemos sentir e, quando sentimos, quase que de imediato, as memórias vêm sobre a gente e parecem tão vividas que voltamos no tempo.
Acho que o meio de a gente voltar no tempo é através das nossas memórias. Lembramos da nossa mãe, que cozinhava um certo prato que amávamos e que somente ela sabia fazer, quando éramos crianças. Ou mesmo da nossa vó. Quem não tem uma memória de comida que os leva de volta para aquele tempo quando tudo parecia encantado?
Todos possuímos alguma memória desse tipo. A comida, essa necessidade de todos os seres vivos.
Cozinhamos porque amamos e amamos porque cozinhamos. Bora se amar, fazer amor na cozinha e compartilhar com os nossos amigos.
Kaique Britto.
Este artigo foi escrito por Kaique Britto e publicado originalmente em Prensa.li.