Criando seres humanos mais reflexivos
Dia desses uma pessoa perguntou em um grupo que participo sobre o construtivismo, método de ensino. Ainda que deteste o Facebook com força, participo de diversos grupos por necessidades operacionais. E foi em um dia desses que surgiu a pergunta em questão.
Mas, continuando, a pessoa explicou que os filhos estavam numa escola construtivista e que ela amou a metodologia de ensino, que os filhos estavam felizes e se saindo muito bem. No entanto, claro que essa pulga do mal tinha que pular por aí, achava que a escola não ensinava o suficiente para o vestibular.
Gente nem quem desenvolve as questões do ENEM sabe o que é o suficiente para o vestibular. Aliás, tenho a estranha sensação de que o vestibular é pensado para fazer a gente falhar mesmo. Ou segundo a demanda, quanto maior o número de inscritos, mais difícil, simples assim!
Deixando de lado as devidas particulares do ENEM. Acredito que o mais importante é entender o que é melhor para a criança, se for ser o próximo Albert Einstein, ou um ser humano feliz com sua existência e capaz de interagir com outros. Eu certamente ficaria com a segunda opção. Afinal gente legal sempre encontra ajuda, agora pergunta como foram as coisas pro Bill antes dele se tornar o Bill Gates.
Contextualizando o construtivismo
O construtivismo é uma metodologia criada por Jean Piaget, que considera que existe uma construção de conhecimento. Que só é possível a partir da criação de métodos que estimulem essa construção.
Durante o processo de ensino/aprendizagem o professor é mediador do conhecimento, não o único detentor, já que os alunos, já chegam na escola munidos de sua bagagem social. Logo, seu contexto histórico-social precisa ser considerado.
Quem se preocupa em formar pessoas aptas a passar no vestibular é o método tradicional de ensino, há muito ultrapassado. Já que é focado em decorar, não em aprender.
Uma metodologia antiquada que só enche a criança de informação que só vai servir para responder o vestibular, e não fazem nenhum sentido para ela, e que vão ser esquecidas assim que o primeiro dia de aula na faculdade começar.
Também considero importante refletir "que tipo de ser humano quero deixar para o mundo" e só depois fazer escolhas mais assertivas.
A evolução é tecnológica, mas a revolução é humana
Já quero dar spoilers e responder que a melhor escolha deve ser criar um ser humano capaz de contribuir e viver em sociedade, afinal o período do vestibular dura em média 5 anos. E criar um ser tão complexo como o humano para um intervalo tão curto de tempo é no mínimo cruel, pois, você ignora aí uns 70 anos de existência. Já que a nossa expectativa de vida está aumentando e não o contrário.
Portanto, crie seres humanos para serem sociáveis, educados e gentis. Existem outras estratégias para o vestibular, que um dia com fé no pai vai deixar de ser essa reunião de perguntas esquecidas assim que o resultado for publicado.
Escolha o método de ensino que mais se assemelhe aos princípios de sua família, que desenvolva bons indivíduos e ofereça ferramentas para seu filho se desenvolver.
Durante o processo permita que seus filhos leiam o que desejarem, conheçam museus, façam passeios culturais, enfim permita que eles acumulem experiências.
Quando estiver perto do período do vestibular, aí sim, decore o que for necessário. A propósito, quem já é um ótimo leitor, já tem as habilidades necessárias para interpretar um texto. Isso já é metade do vestibular, saber ler e entender as perguntas. Leitores também têm argumentos para desenvolver uma boa redação, que já é 40% da nota do ENEM.
A propósito, gente que decora e tem respostas prontas para tudo é muito chata. Gente disposta a aprender e compartilhar que é interessante.
Crie um filho para o mundo. O vestibular é só uma fase que nem todos querem passar.
Este artigo foi escrito por Kika Ernane e publicado originalmente em Prensa.li.