Cultura: Brinquedos e Brincadeiras de Antigamente.
Antigamente a imaginação reinava no mundo das crianças sertanejas. Nada era motivo para desespero e remorso, pois muitas delas sabiam que seus pais não tinham condições financeiras para comprar aquele tão almejado brinquedo. Diante disso, nascia a necessidade de criar os seus próprios brinquedos e de inventar diversas brincadeiras que com o tempo viraram tradições, sendo repassadas e ensinadas geração após geração.
Hoje, poucas crianças contemporâneas irão saber o que é pular corda ou pular elástico, jogar bila, pião, empinar pipa, dançar ciranda, contar anedota e travas línguas, e etc. Presas as novas tecnologias, aos videogames e aos computadores e celulares, poucas delas irão conhecer as antigas brincadeiras e os velhos brinquedos que traziam felicidades, ensinamentos e experiências sadias aos seus pais, avós e a nós.
A criança de antigamente, em geral, nunca sofria com o sedentarismo, pois ela não parava quieta, não parava de correr, de gritar, sorrir, era bastante energética a cada diversão, como tica-tica, esconde-esconde, barra-bandeira, polícia e ladrão, jogo de bola, matada, pezinho da rua, dentre outras. Cada brincadeira exigia agilidade, perspicácia, esforço físico e competitividade, o importante era vencer cada desafio.
O lúdico era desenvolvido naturalmente. A criança usava da imaginação e da criatividade para construir os seus próprios brinquedos. Muitas vezes, um velho maxixe do roçado virava uns lindos bois dentro de um curral de pedras ou de pau a pique feito de gravetos. Com a chinela se abriam as ruas para as passagens dos velhos carros de latas de óleo. Ás vezes, na falta destes, a diversão de verdade era simplesmente puxar a velha roladeira, apostando até corrida com os colegas.
Dessa forma, a criança sertaneja aprendia com as dificuldades, percebendo que o importante da vida era saber e conseguir viver feliz, mesmo com o pouco. A felicidade estava nas coisas simples da vida, e não no brinquedo caro, sofisticado, ás vezes importado. Através da imaginação tudo virava brinquedos e brincadeiras que despertavam a curiosidade, a perspicácia, a aprendizagem para a formação de uma vida adulta íntegra e cidadã. Hoje a tecnologia tenta preencher tudo isso na criança contemporânea, mas fica o grande questionamento: como será o adulto do futuro?
Este artigo foi escrito por Claudson Faustino e publicado originalmente em Prensa.li.