Curitiba avança com instalação de luminária inteligente
No fim do mês passado, Curitiba foi a primeira cidade brasileira a receber a tecnologia de luminária inteligente. Instalada no Centro Cívico, ao lado da Prefeitura, vai ampliar o sinal 5G na região. Sua antena proverá um sinal 100 vezes mais rápido do que o 4G e com baixa latência.
Mas não só isso. O equipamento conta com câmeras de monitoramento com função de reconhecimento facial, gestão de semáforos e sensor de ruído. É um verdadeiro hub de serviços. Só falta falar (ou voar)!
Ainda em fase de testes, não oferecerá ainda o 5G para o cidadão que tenha aparelhos adaptados à tecnologia e esteja no raio de alcance do equipamento. A previsão para a liberação do sinal deve ocorrer em agosto. O cidadão já terá acesso à internet rápida pela rede wi-fi instalada na luminária. O 5G conectará outros equipamentos como os semáforos inteligentes durante a fase de testes.
O conceito de luminária inteligente está integrado ao das Smart Cities – cidades eficientes, conectadas e sustentáveis. Surgido nos anos 90, o termo refere-se à integração da tecnologia no planejamento urbano, principalmente na gestão da infraestrutura.
Economia e conectividade
O projeto piloto Conecta 5G, resultado de uma parceria da Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial com o Ministério das Comunicações, encampou a luminária como forma de disseminar a tecnologia pelo país. Há a previsão de implantar o projeto - e a luminária - em mais 13 cidades em 11 estados: Araguaína (TO), Canaã dos Carajás (PA), Ceará-Mirim (RN), Foz do Iguaçu (PR), Jaraguá do Sul (SC), Juiz de Fora (MG), Maceió (AL), Pato Branco (PR), Paraipaba (CE), Parauapebas (PA), Petrolina (PE), Picos (PI) e Sorocaba (SP).
Segundo o ministro das Comunicações, Fábio Faria, os testes podem antecipar o acesso do 5G para os municípios brasileiros, melhorando os procedimentos na Saúde Pública, por exemplo. Ele ainda comemora a possibilidade dos testes em Curitiba anteciparem a instalação da internet móvel de quinta geração, pois as cidades que receberiam a tecnologia somente no final da década podem se antecipar e comprar o equipamento.
Além da conectividade, no quesito eficiência e economicidade o funcionamento da luminária pode representar impactos econômicos positivos. O primeiro, por ser de gestão municipal a iluminação pública, o equipamento pode gerar receitas por meio de taxas cobradas das empresas de telefonia móvel. Especialistas também garantem que, por meio de sensores de movimento, a iluminação pode ser variável, sendo reduzida em períodos sem movimento no local.
Quanto custa? Ninguém diz.
Acredito que não é somente o setor de Saúde a se beneficiar da tecnologia como o afirmado pelo ministro Fábio Faria. A tecnologia de conexão rápida tem amplas aplicações nas áreas de Educação e Segurança Pública. Câmeras de monitoramento com reconhecimento facial não são uma novidade. Vários municípios utilizam os equipamentos para proteção do patrimônio e vigilância em movimentados centros comerciais e empresariais.
A novidade é ter a câmera integrada a um equipamento com 5G e outros serviços, podendo favorecer a associação com Big Data na transmissão de dados mais precisa e acelerada.
Como o ministro falou da aquisição do equipamento por parte dos municípios, seria interessante saber o custo inicial do projeto, que tende a se diluir na progressão da disseminação da tecnologia pelo país. O que se tem, por ora, é o silêncio oficial.
A importância da informação do custo da tecnologia para o setor público é para se ter uma ideia da possibilidade da adesão dos municípios e estruturar programas de infraestrutura voltados a fomentar investimentos. Aparentemente, os custos devem ter sido suportados pelo projeto Conecta 5G. Há empresas privadas envolvidas na tecnologia da luminária: Qualcomm, Nokia e Juganu.
Até 31 de julho, todas as capitais devem contar com tecnologia 5G. Daqui a três anos, todas as cidades com mais de 500 mil habitantes estarão neste mapa. Cidades com 100 mil habitantes, em 2027.
Considerando esse cronograma, o projeto Conecta 5G indica que pode levar a tecnologia para localidades com até 100 mil habitantes antes de 2027. Isso será um feito, se concretizado. A própria Anatel reconhece a dificuldade de muitas cidades em receber o 5G, a começar pela falta de adequação da legislação municipal à Lei Geral das Antenas.
Neste momento, as 14 antenas previstas são uma vitrine para atrair interesse e investimentos. Mesmo sendo um avanço, isoladamente as antenas pouco representam mudanças estruturais na conectividade do setor público. São uma novidade, sem dúvida, é uma possibilidade real a médio e longo prazo.
Gafe 5G
Acelerados com o 5G, a Prefeitura de Curitiba e o Governo Federal correram para anunciar em suas redes que Curitiba era a primeira cidade do mundo a receber a luminária inteligente. Não era. Logo, essas notícias foram retiradas dos sites oficiais.
Lá nas terrinhas lusitanas, no início de junho, oficialmente já se falava na instalação de luminárias inteligentes, como no município de Tomar. Outras smart cities, como Nova Iorque e Barcelona, já contam com sistemas de iluminação inteligente.
A inteligência que sobra na tecnologia, falta aos órgãos oficiais. Isso não é exatamente uma novidade.
Este artigo foi escrito por Renato Assef e publicado originalmente em Prensa.li.