DARKVERSO- Uma versão Perversa do metaverso
Um sujeito que não sabe nada de literatura pode ser um ignorante, mas muita gente não se importa de ser ignorante. - Northrop Frye
Chesterton já dissertava em ‘Hereges’ e em ‘O que há de errado com o mundo’ sobre como as pessoas repetem os mesmos erros do passado - não os seus próprios erros, mas sim, os de gerações passadas. Por que? Bem, a frase do Professor Frye explica tudo: as pessoas não leem, e por isso, não sabem da história, nem como evitar seus erros.
A Origem do Mal
Alguns marcos teóricos dizem que o homem é bom e a sociedade o corrompe, outros dizem que o homem já nasce mau, e é até o lobo do próprio homem. No final, todos eles concordam com algo: o homem faz coisas ruins.
Há algum tempo, teve o primeiro caso de assédio sexual no Metaverso, e em pouco tempo já se lançou a versão “dark” do mundo virtual. Nesse texto aqui eu falo sobre a primeira apreensão que resultou em prisão em flagrante de alguns indivíduos que praticavam atos ilícitos no metaverso, vendendo sinais de Tv fechada, streamings e sites correlacionados. Pois bem: parece que as prisões terão que aumentar, já que as gangues estão sendo formadas.
A Yakuza do Metaverso
Todos sabem da existência da “dark web”, sites não linkados, de difícil acesso, e que normalmente necessitam de chaves passe para poder acessar. Então, ao invés de se reunirem em fóruns clandestinos, os cibercriminosos estão entrando virtualmente nos mercados de dark web do Metaverso.
Num estudo intitulado “The problem with the Metaverse”, publicado no dia 8 de Agosto, especialistas da Trend Micro apresentaram conclusões de debates e reflexões sobre o assunto, baseados nas dimensões oferecidas pela tecnologia. Em suma: há 3 grandes perigos
a) Colecionadores de artes virtuais
Ameaças NFT: NFTs criptografados em um ataque de ransomware, o proprietário poderá ser impedido de acessar o ativo.
Fraude financeira: Phishing, cybersquatting e outros golpes.
Ameaças VR/AR/MR/XR: Os golpistas podem colocar galerias falsas no Metaverso, exibindo e vendendo itens falsificados.
b) Ameaças de quem opera máquinas da IOT
Ameaças cibernéticas: Exposição, venda e até estelionato de dados, possivelmente ameaças para não vazar esse data.
Ataques tradicionais de TI: Ransomware, malware, entre outros.
Ameaças VR/AR/MR/XR: Podem planejar ataques físicos utilizando esses instrumentos de IOT.
c) Ameaças a jogadores e a compradores:
Ameaças cibernéticas: Um invasor pode hackear sistemas, como ocorreu na estação de limpeza de água em São Leopoldo, no RS, em que os habitantes da região ficaram se coçando por conta dos níveis errados de cloro e outras substâncias.
Ameaça/AR/MRR: As combinações obterão acessos a trajetórias e ações do usuário. Podendo incorrer em namejacking (roubo de identidade).
Preocupações com a privacidade: Dados biométricos utilizados de forma indiscriminada.
Mas o Metaverso não para por aí...
Crianças, Casas de Strip, e Pornografia
Uma pesquisadora da BBC News entrou no aplicativo VRChat, uma plataforma virtual online onde os usuários podem explorar com avatares 3D. Sem nenhum tipo de verificação para além de ser usuário do Facebook, a pesquisadora da BBC se passou facilmente por uma menina de 13 anos.
A estudiosa conta que, dentro do VRChat, existem diversas salas onde os usuários podem se encontrar: desde lanchonetes até clubes de strip-tease, e locais aos quais menores de idade não deveriam ter acesso. Em uma dessas salas, a pesquisadora da BBC foi abordada por um homem que disse a ela que os avatares “podem tirar a roupa e fazer coisas impublicáveis”. Ainda foram mostrados a ela brinquedos sexuais e preservativos, fora a abordagem de inúmeros homens adultos que tentavam se aproveitar da situação da suposta adolescente.
Até a Visa entrou nisso, acusada de contribuir com a monetização de pornografia infantil em sites da MindGeek (leia-se Pornhub). Desde o ano passado, o ativista Bill Ackman, da Pershing Square, tem lutado (e financiado) ações contra as empresas de pagamento que permitem transações nos sites do grupo, que incluem o RedTube e o Youporn.
Um juiz federal norte americano manteve a operadora de cartões Visa como ré no processo, gerando mais uma vitória para o ativista.
A Mastercard, por exemplo, retirou o serviço assim que soube das práticas criminosas que aconteciam nesses sites. A Visa também aderiu ao boicote, na época, que resultou em mais de 10 milhões de vídeos excluídos pelo Pornhub. Porém, ambos os métodos de pagamento voltaram a ser aceitos em suas plataformas.
Se isso ocorre com operadoras de cartão de créditos as quais têm vinculação explícita com seus contribuintes, imaginem como será com as carteiras de criptomoedas que são a base das transações do Metaverso? Bem, elas são criptografadas e anônimas.
E agora?
Nesse texto daqui, eu falo preliminarmente sobre uma criação jurídica necessária para, ao menos, conseguir indenizar as vítimas dos cibercrimes. Todavia, enquanto não temos isso, a solução é tentarmos nos afastar desse novo mundo virtual e utilizar da boa e velha atenção ao que as crianças andam fazendo na internet.
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Até mais!
Este artigo foi escrito por Maria Renata Gois e publicado originalmente em Prensa.li.