Dia Nacional da Consciência Negra
No dia 20 de Novembro é celebrado o Dia Nacional da Consciência Negra, uma data importante não só pela comemoração, mas também para trazer uma reflexão sobre os avanços feitos e o que ainda falta para trazer a equidade que tanto sonhamos alcançar.
Embora essa data seja importante, devemos manter a questão racial em debate o ano inteiro pois sabemos que essa luta é constante, e necessitamos fomentar esse assunto cada vez mais na nossa sociedade.
No mundo inteiro ainda ocorrem casos de racismo, seja explícito ou velado, e é inaceitável que ainda exista discriminação racial em pleno século XXI.
Mas, trazendo para o nosso país, hoje mais do que nunca é necessário trazermos para a luz essa conversa, nesse momento que temos a impressão que os “ratos” do preconceito estão a solta, desde a porta do condomínio até o mundo dos esportes, numa espécie de rancor racial, ódio puro.
Ainda existem questionamentos que devemos fazer para nós mesmos para enxergarmos a evolução, ou não, da igualdade que almejamos para o nosso presente e futuro.
Quantos homens e mulheres negras são médicos? Quantos são empresários? Quantos conseguiram elevar seu poder aquisitivo? Quantos recebem o mesmo que seus colegas de pele branca exercendo a mesma função?
Enquanto ainda houver pessoas chamando a defesa da igualdade racial de “mimimi”, de “vitimismo”, a desigualdade que impera nos dias atuais, permanecerá.
Quantas crianças, adolescentes e adultos ainda irão pagar com suas vidas por causa da cor de sua pele, vítimas de balas perdidas que sempre acabam encontrando seus corpos?
Até quando o estudante negro vai morrer na mão da polícia, porque “confundiram” o caderno que ele carregava com uma arma?
Até quando pessoas negras receberão ofensas sobre a sua cor em redes sociais, como se tudo fosse permitido nesse campo de guerra virtual?
Até quando haverá xingamentos de cunho racial nos estádios de futebol, por pessoas que destilam seu ódio em grupo, sem vergonha nenhuma, com a desculpa da “paixão” clubística?
Tivemos avanços? Com certeza. Só de podermos falar sobre esse tema já é um avanço pois a décadas atrás, ninguém falava e se falava, era prontamente oprimido.
Mas precisamos avançar mais, conseguimos através das cotas raciais, colocar nas universidades os filhos e filhas dos pais que infelizmente nunca puderam ingressar em uma faculdade. Agora precisamos valorizar esses profissionais, não apenas por causa da cor, mas porque são competentes, porque são capazes.
Somos todos negros, somos todos filhos desse país, somos todos nós resultado dessa mistura de etnias que tanto nos orgulha e nos faz ser quem somos.
Que o nosso coração seja mais importante que a cor da nossa pele, e que o amor vença o ódio.
Este artigo foi escrito por Patrick Gulart e publicado originalmente em Prensa.li.