Na dificuldade de encontrar sua cara, o Vasco da Gama descobre a pior delas, a Série B
É fato que no século 21 o cruzmaltino decepcionou e muito seus torcedores, crises financeiras, polêmicas presidenciais (tanto nas eleições como nos mandatos) e o pior de tudo, 3 rebaixamentos. Com exceção do ano de 2011, o qual o clube foi campeão da Copa do Brasil e garantiu uma vaga na Libertadores, não houveram muitos momentos de glória e felicidade para o trem-bala da colina e muita culpa disso é a identidade do clube, ou no caso a falta dela.
Na última segunda (6) o Vasco perdeu para o Avaí por 3x1 na Ressacada, a 9o. partida pelo brasileirão (3 derrotas a mais da única conquista da segunda divisão em 2009) e está na nona posição com 32 pontos, a 6 pontos do Goiás, quarto colocado do torneio, e terá que correr atrás do prejuízo para chegar na elite do futebol brasileiro.
Apesar de alguns lances duvidosos, com erros de arbitragem, o Vasco demonstra somente uma coisa para os torcedores, a Série B é a nova realidade do time. Um time de série A não pode colocar em uma barreira 6 jogadores (sendo 5 dos mais altos do time) para uma cobrança de falta com uma oportunidade clara para cruzamentos, ou ter um zagueiro que em um contra-ataque, simplesmente pare de acompanhar o adversário, e só estamos falando de lances contra o Avaí. O time simplesmente se desespera e começa a dar chutão pra frente ou, caso o jogo esteja empatado ou com vantagem, a bola passa de uma lateral a outra e volta no goleiro (que foi um dos erros no penúltimo jogo, o empate em São Januário contra o vice-lanterna do campeonato, Brasil de Pelotas).
Nos últimos anos os times da Série A evoluíram, procuraram suas falhas e tentaram mudar o máximo possível para tentarem chegar ao ponto mais alto, algo refletido na Libertadores da América, onde a maioria dos clubes classificados para o mata-mata eram do nosso país. Não adianta mudar técnico, jogador, diretoria, por que caímos em outro problema crítico do clube e que se repete todo ano, o acúmulo de dívidas e o atraso no pagamento delas (pelo amor de deus, o Vasco deve a jogadores que jogaram a mais de duas décadas) o Vasco precisa ser estudado, nem precisa ser pela NASA.
São milhões em dívidas e não há uma mudança no comportamento do time, somente notas para justificar erros. Jogadores jovens, que são o futuro do time financeiramente, ficam no banco, enquanto jogadores mais velhos seguem em campo fazendo as mesmas besteiras o campeonato inteiro. Não pode ser que todos os torcedores e jornalistas vejam isso, mas o clube não. Desconsiderando o elenco, a única mudança tática no clube foi a tentativa de tornar o time mais defensivo, trabalhando no contra-ataque, filosofia adotada pelo Marcelo Cabo, a qual o Lisca aderiu somente no momento de transição de treinador. E caso o Vasco desista do projeto atual, terá um problema, já que nessa temporada, entrou em vigor a nova regra da CBF, em que cada clube das Séries A e B só podem demitir seus técnicos uma vez no campeonato, medida tomada para frear a constante troca que já virou cultural no futebol brasileiro.
Apesar de tudo, o clube tem um projeto para a modernização de seu estádio, conseguiu (com o apoio majoritário da torcida) construir o CT Moacyr Barbosa, mudou sua identidade visual nessa última semana, tem a maior folha salarial da série B, algo completamente fora da lógica para um clube que tem menos de 10% de chance de subir de série. E a história mais bonita do esporte vai ficar sendo isso a cada dia que passa, apenas história. Para o torcedor só restam algumas coisas, olhar, lamentar, reclamar e nunca deixar de torcer, “por que o sentimento não pára, pois todo vascaíno, tem amor infinito” (Anna Júlia Vascaína, canto da torcida vascaína).
ATUALIZAÇÃO: O técnico Lisca, pdiu demissão na tarde desta quarta-feira (8).
Imagem de capa - Clube de Regatas Vasco da Gama. Créditos - Vasco da Gama (Divulgação)
Quer escrever na Prensa?
Junte-se a uma comunidade de Creators que estão melhorando a internet com artigos inteligentes, relevantes e humanos. Além disso, seu artigo pode fazer parte do Projeto de Monetização, e você pode ganhar dinheiro com ele!
Clique aqui para se cadastrar e venha com a gente!
Este artigo foi escrito por Bernardo Amaro e publicado originalmente em Prensa.li.