A doutrina social da Igreja faz diferença
Quem é católico e apoia Jair Bolsonaro não faz a menor ideia do que seja a doutrina social da Igreja Católica. Certamente vai à igreja apenas para comungar e rezar o terço.
Ao contrário do presidente, que não faz a mínima ideia de como desenvolver um país e reduzir as desigualdades, desde que Leão XIII publicou a encíclica “Rerum Novarum” em 1891, diversos papas têm se preocupado em aconselhar bispos, fiéis e governantes sobre como melhorar as condições sociais no mundo todo.
Uma das melhores encíclicas sobre isso foi a “Populorum Progressio”, de Paulo VI, escrita em 1967, onde o papa da época defende a função social da propriedade. O pontífice não coloca limites no tamanho de uma propriedade rural, mas diz que latifúndios improdutivos devem ser desapropriados pelo bem da sociedade.
Aqueles que, no Brasil, lutaram contra a ditadura e depois se tornaram constituintes para escrever a Carta Magna de 88 eram, em sua maioria, católicos, e muito do pensamento social da Igreja está na nossa Constituição. E é esse pensamento que nos dá o pouco que ainda temos de Estado de bem-estar social.
Se o Nordeste elegeu tantos governadores progressistas é porque lá a Igreja Católica tem mais força que no resto do Brasil e a Campanha da Fraternidade, com suas discussões sociais relevantes, é levada a sério pelos fiéis e eleitores.
Publicado originalmente aqui.
Este artigo foi escrito por Edson Amaro de Souza e publicado originalmente em Prensa.li.