Duck Tales - história e glória da Família Pato
Aventura através de gerações | Divulgação: Disney Animation
Se você está na casa dos trinta e poucos, quarenta ou cinquenta e poucos anos, certamente vai se lembrar, aposto que de maneira nostálgica, desse trechinho de uma música: “... são os caçadores de aventuras… todos eles são grandes figuras…”.
Ok, aposto que cantou junto. E ainda cantou mentalmente um indisfarçável “u-hu” entre as frases. Isso mesmo: este é o tema de Duck Tales, série de animação da Disney que chegou ao Brasil em 1988, pelo SBT, e fez sucesso no ar por mais de uma década.
Duck Tales contava as histórias do Tio Patinhas mundo afora, acompanhado dos meninos Huguinho, Zezinho e Luisinho, do Capitão Boing, da governanta Madame Patilda e sua neta Patrícia, em busca de fortunas e principalmente, aventuras. Eventualmente, recebia a participação do sobrinho mais ilustre, o Pato Donald.
Aí vem um furacão
A animação e sua trilha sonora fizeram um sucesso estrondoso mundo afora, com muitos roteiros inspirados em quadrinhos clássicos escritos e desenhados pelo gênio Carl Barks, responsável por boa parte dos personagens e do universo dos patos da Disney.
Duck Tales é praticamente uma unanimidade até entre quem não tinha conhecimento prévio da turma de Patópolis. Além da série, além do SBT exibida pela Globo, Disney Channel e streaming, uma revista em quadrinhos homônima foi publicada durante entre 1988 e 1991 pela Editora Abril, com 25 números.
Quem faz história e leva a glória
Mas se apostou um milhão de patacas que falarei sobre essa série oitentista, apostou errado. O assunto aqui é Duck Tales mesmo, mas a atualização genial que o título recebeu em 2017, três décadas após seu lançamento.
A premissa desta nova série é a mesma, porém tudo foi atualizado. A começar pelo traço, bem diferente do que estávamos acostumados nos tradicionalíssimos personagens e em cenários. Em um primeiro momento parece até um pouco grosseiro, mas assim que os olhos se acostumam, é um show visual.
Neste reboot algumas diferenças são bem interessantes: em vez de se alistar na Marinha dos Estados Unidos e deixar os sobrinhos aos cuidados do milionário, o Pato Donald precisa ir à uma entrevista de emprego, não tem com quem deixar os garotos (agora pré-adolescentes) e resolve deixá-los aos cuidados do velho tio, de quem os meninos sequer suspeitavam ser parentes.
Todos eles são grandes figuras
Uma mudança importante: os patinhos agora têm personalidades diferentes e bem marcantes, coisa que ajuda a imprimir ritmo nos roteiros e criar gags impagáveis. Madame Patilda, que na versão original estava mais para uma vovó bonachona, agora é uma governanta inglesa versada em conhecimentos variados, e longe de ser uma personalidade submissa. Patrícia, a neta, antes mera coadjuvante dos trigêmeos, agora é uma garota impulsiva, imaginativa e desenfreada, tendo uma visão muito própria de tudo que a cerca.
O Capitão Boing continua o mesmo, atrapalhado e inábil para pilotar qualquer coisa. O Pato Donald, com todas as suas características familiares, agora é muito mais presente nos episódios. Entre velhos e novos personagens, um acréscimo importante é Dumbella (ou Della) a irmã de Donald.
Sim, finalmente a mãe dos garotos dá as caras, abrindo um arco dramático dos mais interessantes, explicando muita coisa do porque nunca a vimos anteriormente. A pata surpreende, e seria muito bom que aparecesse mais no cânone da Disney de agora em diante.
Corajosos, destemidos
No mais, todos os personagens estão por ali. E todos respeitosamente referenciando tanto às histórias de Barks e Don Rosa (o segundo homem dos patos), como a episódios da série dos anos 1980, mantendo mesmo os nomes que receberam nas traduções de quadrinhos desde a década de 1950 no Brasil.
Há a adição de novos personagens, como Mark Bico, bilionário da indústria da informática, um misto entre Bill Gates e Mark Zuckerberg. Mas ali estão o velho rival Mac Mônei, o Professor Pardal e o Lampadinha, Maga Patalójika, os Irmãos Metralha (hilários), Gastão, Peninha, Professor Ludovico, Patacôncio, Dona Cotinha, Dora Cintilante (o amor nunca esquecido de Patinhas), e mesmo a participação especial do Pateta e do brasileiríssimo Zé Carioca, que dá as caras em três episódios.
São os caçadores de aventuras
O ritmo deste Duck Tales (que sim, conserva a mesma música tema, com adaptações na letra) é muito mais rápido, bem mais adequado aos dias de hoje. Mas na minha opinião, o grande destaque é o humor, bem mais sarcástico (sobretudo no diálogo dos garotos), e a referência direta a todo o cânone patopolense.
Por sinal, a referência visual é tão importante que o preenchimento de cor, principalmente dos cenários, emula as retículas de impressão antiga das revistas em quadrinhos. O contraste do traço moderno com esse visual gráfico vintage dão a este Duck Tales um estilo único.
Este reboot também teve uma revista em quadrinhos, durando apenas oito números no Brasil, coincidindo com a desistência da Abril de publicar HQs Disney.
A série completa está disponível no Disney+ (assim como a versão de 1987), e considero uma das melhores pedidas para quem cresceu lendo as revistinhas Disney e agora quer apresentar à nova geração. Ou para aproveitar e mergulhar de cabeça nesse universo, embarcando nas mais improváveis aventuras em companhia da lendária família McPato.
Este artigo foi escrito por Arthur Ankerkrone e publicado originalmente em Prensa.li.