Efeito Cigano: do período paleolítico para a era digital
Normalmente, se aprende na escola que os ciganos são o povo mais contemporâneo que vive em constante mudança, ou seja, são nômades modernos. Contudo, parece que essa ideia se difundiu tanto, ao ponto de virar 5% da população mundial.
No período paleolítico, os seres humanos eram nômades, ou seja, não tinham casa fixa, e se mudavam em poucos períodos em busca da sobrevivência.
Com o desenvolvimento da agricultura e a formação das primeiras “cidades", houve a sedentarização do humanos. Todo mundo prefere ter sua casinha do que ficar se mudando, certo?
Só que há alguns anos o nomadismo voltou a ser moda, só que com outro nome: nômades digitais.
O que é Isso?
Resumindo, é uma pessoa que consegue conciliar viagens frequentes com seu emprego de forma online, ou seja, a dita cuja visita diversos lugares ao redor do mundo tendo como escritório cafés, praias, espaços de coworking e, às vezes, lanches na torre Eiffel (muita gente quer isso…). Essas pessoas conseguem aproveitar sua flexibilidade e trabalhar em qualquer lugar, passando tempo em cidades diferentes.
Qual o motivo que leva alguém a fazer isso?
Os motivos que levam alguém a ser nômade são vários, podendo ser: liberdade, maior flexibilidade, menores custos fixos, amar viajar e aventuras, menos estresse com trânsito, entre outros.
Tem realmente gente que faz isso?
Oh se tem! Com o COVID-19, milhões de empresas tiveram que se adaptar à nova realidade do home office, de última hora. Logo, muitos se viram em uma situação semelhante à de um nômade digital, já que trabalhavam remotamente.
E isso vai durar? A pandemia já acabou, não?
Mesmo com a flexibilização do comércio e do Governo, muitas empresas repensaram sua forma de trabalho e adotaram modelos híbridos (obviamente notando a redução de custos). Elas também permitiram a seus colaboradores decidirem se preferiam o trabalho remoto ou o presencial, o que possibilitou uma maior qualidade de vida para os trabalhadores e um aumento de eficiência nas companhias.
Diante disso, muitas pessoas notaram que não precisavam ficar em seus apartamentos apertados em cidades caras, o que levou a um aumento de nômades digitais.
Make America great again
Os EUA possui quase 5% de sua população sendo nômade digital (mais de 15 milhões de pessoas). E, quando olhamos para o mundo todo, existem cerca de 35 milhões de nômades — o equivalente aos mesmos 5%.
Achando muito? Há estimativas de que teremos 1 bilhão de nômades digitais no mundo até 2035.
Ibiza, Maldivas e Tóquio? Não é bem assim…
Em suma, quando se fala de nômade digital, logo se pensa no cara que vende propaganda no Youtube viajando ao redor do mundo e vivendo de dividendos, mas a realidade é BEM distinta.
Muitas vezes, são apenas pessoas que trabalham de forma remota, morando em uma cidade diferente da empresa em que trabalham, ou que conseguem ter uma maior flexibilização para trabalhar de forma remota e, assim, viajam durante a semana (aquelas promoções de quinta a segunda). Menos de 20% dos nômades digitais visitam mais de 5 países anualmente.
Não precisa viver de dividendos para ser nômade digital
Se você é um trabalhador freelancer ou um escritor, muito provavelmente já és nômade digital e nem sabes. Independentemente da ocupação (programador, escritor, jornalista, entre outros) várias pessoas (e profissões) podem aderir a esse estilo de vida e trabalhar remotamente - ou seja, de qualquer lugar do mundo.
Em uma pesquisa, foi notado que 2 em cada 3 nômades americanos — ou 66% — são funcionários remotos tradicionais, eles só trabalham em casa, mas exercem funções tradicionais.
Os outros 34% são trabalhadores independentes, podendo ser freelancers e prestadores de serviços autônomos, e uma pequena parte sendo os influencers (ops, empreendedores rsrs).
E o Brasil?
O Brasil, no início deste ano, ofereceu um visto especial para estrangeiros passarem até 1 ano morando aqui enquanto trabalham remotamente, com a possibilidade de renovação por mais 1 ano. Só que precisam comprovar que são nômades e tem cacife $ para isso. Isso fez com que atraísse novos investimentos para o país, ajudando na economia que anda bem abalada.
Desde 2019, cerca de 30 países disponibilizaram vistos de nômade digital, os quais permitem que os “BRs” possam ter um visto classificado como nômade digital.
Bem, parece que sempre voltamos às nossas origens, né? rsrs
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Este artigo foi escrito por Maria Renata Gois e publicado originalmente em Prensa.li.