Eleições 2022: Romildo Bolzan Júnior, do céu ao inferno
Romildo Bolzan Júnior, um homem envolvido na política, e que já havia sido prefeito da cidade de Osório, se elege presidente do Grêmio, com o apoio do maior presidente da história do clube, o saudoso Fábio Koff.
Era conselheiro há mais de 20 anos e teve uma cadeira no conselho de administração no biênio 2013/2014, no cargo de vice-presidente, e agora assumia como mandatário do clube, um dos gigantes do futebol brasileiro.
Seu primeiro ano foi sem títulos relevantes, nem mesmo o Campeonato Gaúcho que por vezes renegado, ao menos serve como um “prêmio de consolação” ao final da temporada.
Entretanto, mesmo sem vencer nenhuma competição, o presidente começa a mudar o rumo do time e seu modo de jogar futebol, ao contratar Roger Machado para assumir como treinador.
O Grêmio que sempre foi conhecido no país por ser um time de muita luta, raça e vontade, agora passaria a encantar a todos, com um futebol que mudou de patamar o clube e o fez ser manchete não só no Brasil, mas no mundo.
Todos falavam do modo de jogo implementado pelo técnico Roger, e como ele havia feito uma mudança estrutural histórica, do modo de jogar do time, que agora priorizava o jogo bonito.
Mesmo assim, o Grêmio não conseguia conquistar títulos, e por consequência encerrar o jejum de grandes conquistas que se completava 15 anos, mas isso estava prestes a mudar.
Na metade de 2016, Roger Machado saí do clube ao pedir demissão, e a direção resolve chamar o maior ídolo de sua história para assumir a equipe, o irreverente Renato Portaluppi (popularmente conhecido como Renato Gaúcho), campeão do mundo com o time em 1983, marcando os dois gols da vitória por 2 a 1 diante do Hamburgo, da Alemanha.
Imediatamente abraçado pelo torcedor, Renato inicia sua terceira passagem no clube de forma espetacular, conquistando no mesmo ano a Copa do Brasil e no ano seguinte a Copa Libertadores da América, trazendo o “tri” ao clube, e sendo vice campeão mundial ao perder de 1 a 0 para o Real Madrid na final.
Nesse meio tempo, com a moral elevada diante do torcedor, Romildo Bolzan não só conquistou títulos, mas também colocou as contas do clube em dia, e o time que antes era deficitário, passou a ser superavitário.
Ainda teve a conquista da Recopa Sul-americana e do Campeonato Gaúcho, em 2018, e diante desse cenário, começaram as especulações nos bastidores de que o “político” Romildo Bolzan poderia surgir em 2022, concorrendo no pleito estadual.
Parecia perfeito, ele havia garantido seu mandato no clube até o final de 2022, ou seja, sairia em abril do mesmo ano para concorrer e com boas chances de vencer, visto todo seu trabalho realizado no Grêmio, que o fazia ser lembrado de forma positiva por boa parte do estado.
Porém, após 2018, o time começa a ter uma queda de rendimento, e problemas começam a surgir. Em 2019, vence novamente o estadual, mas é eliminado por 5 a 0 pelo Flamengo na semi da libertadores, após uma série de bravatas ditas pelo técnico Renato a respeito do time, e é eliminado nos pênaltis pelo Athletico Paranaense, após tomar um revés de 2 a 0 em Curitiba (mesmo placar que havia vencido em Porto Alegre).
2020 chega e, embora mais um estadual tenha sido conquistado, o clube é eliminado da Libertadores nas quartas de final, com outra goleada, dessa vez para o Santos, e embora tenha chegado na final da Copa do Brasil, mostra pouco futebol e perde os dois jogos para o Palmeiras.
Além das eliminações, em nenhum momento o clube disputou de fato o título do Campeonato Brasileiro, sempre brigando apenas por uma vaga na competição continental. Mesmo assim, Romildo ainda tinha uma boa reputação, vide que o Grêmio que antes devia dinheiro, agora tinha em abundância. Porém tudo iria mudar na temporada 2021.
O ano começa turbulento, o time acabou indo para a pré Libertadores e, após passar pela 1° fase, caí na 2° fase para o Independiente del Valle, do Equador.
Esse foi o último jogo do técnico Renato, que após 5 anos no comando do time, se viu sem clima para continuar, e decidiu ir embora.
Tiago Nunes veio e conquistou o título estadual, mas não aguentou o começo ruim no campeonato nacional (7 jogos, 2 empates, 5 derrotas e nenhuma vitória), e foi demitido.
Mais uma vez, o mandatário recorre a um ídolo do Grêmio, um dos maiores treinadores do Brasil e do mundo, Luiz Felipe Scolari, o “Felipão”.
Felipão chega e, embora seja eliminado na Copa Sul-americana diante da LDU (mais um equatoriano), esboça uma reação, e conquista alguns pontos.
Todavia, não conseguiu em nenhum momento tirar o time da zona do rebaixamento, que desde o início do campeonato se encontra, e em comum acordo saiu do clube.
Agora o Grêmio está na penúltima colocação do campeonato, tem Vagner Mancini como técnico, e praticamente precisa de um “milagre” para evitar o descenso para a série B de 2022.
Romildo que, a algum tempo atrás dava muitas entrevistas e sempre era ativo nas coletivas, hoje já não parece fazer tanta questão.
Embora tenha colocado as contas em dia, transformado o Grêmio em um dos times mais ricos do Brasil, fez uma montagem ruim de elenco, tomou decisões erradas nos bastidores e, até o momento, vai derrubando o clube para a série B.
Embora nunca tenha assumido publicamente que poderia concorrer ao pleito estadual em 2022, era corriqueiro vê-lo em eventos partidários e atuando nos bastidores da política gaúcha.
Se ele iria concorrer mesmo, é algo que não podemos afirmar. Mas que, as chances de vitória nas próximas eleições são mínimas, isso é realidade.
A impressão é que, ao pensar nas eleições, o presidente acabou terceirizando sua função para outros, e não prestando atenção no que ocorria dentro do clube.
No fim das contas, Romildo Bolzan Júnior está afundando o Grêmio para a 2° divisão nacional, e afundando também sua carreira política.
Quem diria, o futebol que tantas vezes ajudou a levantar candidaturas, está derrubando uma.
Este artigo foi escrito por Patrick Gulart e publicado originalmente em Prensa.li.