Ensaio para a eternidade
Somos o agora, O Sempre em potencial
Assim como cada célula percebe em si o DNA que a faz ter instruções quanto ao próprio propósito existencial, nós seres do reino animal que podemos analisar o comportamento do reino microbiológico (que afinal nos compõe) temos nas nossas observações dele, o DNA comportamentalmente sendo exalado pelos organismos em nós que, instruídos pela genética de eras de hereditariedade, fazem-se aptos de nos conceberem tal como somos.
Desta maneira, pela análise do comportamento microbiológico em qualquer um de nossos tecidos corpóreos ou através do tecido corpóreo de qualquer espécime também (incluindo os vegetais e etc) podemos dizer que o entendimento disponível destas análises, já são capazes de nos alçarem a uma boa aventurança não mais clériga, terceirizada em ritualismo e misteriosa, mas científica, estudável e autoanalítica, como se o funcionalismo fisiológico e as condições saudáveis de um corpo vivo, nos dessem os exemplos e nos falassem mais de ética e moral do que qualquer texto humano.
Isto porque tudo que o DNA se tornou somaticamente através da experiência central de cada ancestral, passou a estar acessível à nós, seja através do nosso autoconhecimento a nível metabólico, ou do reconhecimento dos padrões de mobilização que causam a vida nas várias versões presentes na Natureza.
Em termos mais simples, a genética da vida, uma vez interpretada, tem o potencial de responder, cientificamente e filosoficamente a grande questão que nosso intelecto espontaneamente gera em nossa consciência: Qual o sentido da existência?
Rompendo a incógnita, vemos no micro um sentido biológico explícito sendo ecoado, algo que uma vez compreendido (e é para isto que escrevo), sinto conter a semântica capaz de apaziguar as ignorâncias da nossa civilização, revertendo com elas também, nossos separatismos, diluídos na compreensão de que no fim das contas, representamos todos o mesmo fenômeno da Vida, o que nos faz extensões latentes uns dos outros, estejamos aptos a aceitarmos isto ou não, prosperemos em coerência a isto ou não. Explico:
Ocorre que o sentido da vida segundo o comportamento da vida até ter chego em nós humanos, sempre se tratou de algo muito específico: Como potência do Universo, a saga biológica tem buscado graus de imunidades as entropias e tem se realizado de fato e duradouramente nisto, somente através da União de semelhantes, sendo a prática do coletivismo então, a atividade em que repetidamente temos nos exercitado enquanto seres viventes.
Na verdade, me atrevo a dizer até que os espécimes cuja evolução leva à extinção, são aqueles que no percurso evolutivo, começam a achar razoável a desistência de encontrarem seu lugar na coletividade biocêntrica, sobrepondo-se á Natureza, como nós, que se insistirmos no antropocentrismo humano, estaremos nos fadando á insustentabilidade e a um colapso com nosso bioma, do qual nossa civilização pode não sair.
Neste texto veremos que não há aleatoriedade nisto, mas uma seleção natural, uma peneira cuja aqueles que ficam, repetem-se até estarem estimulados a irem além do individualismo, tendo até lá uma existencialidade circular, um eterno retorno como veremos, enquanto os que passam desta peneira, o fazem por terem descoberto o real valor dos encontros, ao passo que pelo cumprimento deste critério, O Universo os premeia com potêncialidades e existencialidade em espiral expansiva.
Amigos humanos, já é hora de irmos além da linearidade do tempo. Já está provado desde Einstein, que o Universo é um lugar de simultaneidade, onde as coisas estão a acontecerem em um gigantesco e titânico agora, percebido em camadas por nós devido ao nosso tamanho minúsculo frente ao que há para ser notado. Nesta relatividade temporal em que nos encontramos, parecemos sólidos, parecemos permanentemente o que temos sido, parecemos seres de existência definida e de natureza concluída, mas essas impressões não poderiam ser mais ilusórias. A verdade é que estamos a definir tudo que somos e seremos, nossa natureza é maleável, inclusive em nossa forma física, já que nos moldamos nas eras conforme nosso comportamento, que é o que nos afirma na Natureza. Sendo assim, notemos que o que há de referência comportamental mais sofisticada, deve ganhar nossa adesão o quanto antes, pois juntos, estamos definindo o que é e o que será humanidade no Universo.
Acontece que percebendo que os semelhantes, à medida que passam a mobilizarem-se em prol uns dos outros convictamente compreendendo na unidade entre iguais, o melhor para si mesmos individualmente, isto mostra-se ser capaz de inserir a vida em um estado de simbiose entre individualidade e coletividade que, vem a ser um contexto que por observações práticas em nosso próprio metabolismo, possui o potencial de literalmente transmutar dimensões no Universo, representar uma expansão Cósmica ao fomentar o surgimento de seres cada vez mais autoconscientes, e elevar patamares existenciais para além do almejado (vide as células que unidas aos trilhões para simplesmente sobreviverem, saíram da escala meramente celular e inventaram a escala animal) ou seja, assim, a saga biológica assume o aspecto de ser mais uma dimensão do Universo em expansão, Universo que testemunhando a sí mesmo através de cada um de nós, faz-se cada vez mais autoconsciente á medida que nos vemos uns nos outros.
E convenhamos, A Inteligência que projetou esta retroalimentação sustentável de informações e expansividade, já está a um patamar muito expandido em relação a nós, de outro modo, se tudo fosse só casualidade e fruto de um Universo impessoal, não veríamos os mesmos padrões a anos luz de distância. Padrões que revelam uma ordem em detrimento a uma desordem que, na aleatoriedade, tinha tudo para ser generalizada, mas não é. Há ordem, há desordem e há seres férteis a causarem coisa ou outra.
Ora, tendo em vista que o Universo se expande na saga da vida, preceitos básicos de biogênese nos fazem ter motivos para crermos Nele como Entidade Vivente, não só por causar a nossa vida, mas por promover A Vida em larga escala no Cosmos, já que estimando por baixo o número de estrelas com exoplanetas em suas órbitas só na nossa galáxia, obtemos números exorbitantes como dezessete bilhões de planetas similares à Terra.
Sem anular os seres preexistentes mas potencializando-os no crescimento escalar da vida, podemos notar que vista como este algo em constante construção, A Vida e A Inteligência como potências do Universo, possuem potencial ilimitado, uma vez que, sempre que semelhantes estiverem se relacionando, estarão estimulando uns aos outros a navegarem no fluxo expansivo do Cosmos e estarão estimulando uns aos outros a transmutação dimensional/escalar. Esta á aquela sensação de que somos minúsculos no Universo, mas também é a impressão de que, quando assumimos esta pequenez, somos grandes por termos noção disto. E este evento, ao qual eu chamo de "retorno á condição de procariontes" é algo recorrente que um semelhante causa ao outro, quando desbravamos a realidade e descobrimos novos horizontes.
Então mesmo que tenhamos sido feito humanos, ainda é através dos microorganismos unidos aos trilhões em nós, que existimos, e se quisermos ser mais do que somos agora, muito do que somos nos sugere que, isto ocorrerá somente se primeiro preservando estes microorganismos, e depois preservarmos nossas relações humanas, para tendo feito este básico, nossa base seja firme para sustentar nossa expansão.
Mas para quê crescermos? Para que a evolução? E eu digo de forma resumida que basicamente é para continuarmos o que se iniciou muito antes de nós. Para sermos mais um, entre os tantos agentes da vida, e para nos a se imunizarmos um pouco mais em relação aos desprazeres, para permanecermos no prazer de vivermos. Por fim, A Natureza sábia e os sábios que já a elegeram como líder (tais como os hermetistas, os platônicos e os estóicos) podem nos munir de referências e exemplos, capazes de romper o niilismo moderno e nos fornecerem um norte que, certamente seria um destino de saúde para nossa civilização.
Este artigo foi escrito por Vitor Fernando e publicado originalmente em Prensa.li.