Entenda como o ex-ministro Moro pode afetar as eleições presidenciais
Apesar disso, sua popularidade não foi tão afetada, - não como se esperava - já que nas pesquisas do Datafolha, seu nome tinha ao menos 10% das intenções de votos entre os presidenciáveis. O diretor do Instituto, Mauro Paulino, o coloca inclusive “no mesmo patamar do João Doria”.
Mesmo que não seja lançado como candidato à presidência, Moro é um ponto forte para o partido Podemos, podendo alavancar o capital eleitoral. O partido ainda estuda a possibilidade de indicá-lo ao Senado.
O que pesa a favor?
No contexto político, o cenário mais provável é Lula e Bolsonaro no segundo turno, repetindo a polarização Petismo X Antipetismo que vimos na última eleição. Porém, segundo Paulino, as eleições têm se dividido em três grupos: esquerda, direita e centro, - que inclusive foi decisivo para eleger Bolsonaro e agora se mostram descontentes - que não pode ser desconsiderado.
Existem outros candidatos para a terceira via? Sim, alguns conhecidos como Ciro Gomes do PDT. A questão é que o peso do nome de Moro no cenário atual pesa muito mais em seu favor que os demais candidatos.
Além disso, Moro foi alçado ao posto de defensor do senso e da justiça nos últimos anos por sua atuação no combate à corrupção durante a Operação Lava Jato. Ou seja, já é um nome conhecido, e justamente pelo “combate à corrupção”, ponto que muitos brasileiros levam em conta para justificar seus votos. Ponto para Moro.
O que prejudica Moro?
Os principais fatores, sem dúvidas, foram a passagem polêmica pelo governo de Jair Bolsonaro e seu papel na Lava Jato sendo colocado em xeque pelo Supremo Tribunal Federal.
Com isso, e pelo fato de já ser um rosto familiar entre os brasileiros, seu índice de rejeição é consideravelmente um fator negativo, atingindo 26%.
Sua atuação como ministro, prejudicou sua imagem pública perante os que eram contra Bolsonaro e se decepcionaram com o ex-juiz, e os que o consideraram traidor, - os apoiadores do presidente - após sair do cargo depois da polêmica envolvendo os filhos 01, 02, 03.
Além disso, a decisão do STF a respeito do julgamento de Lula, desmoralizou sua reputação. Com isso, algumas perguntas indiscretas com certeza serão feitas durante sua possível campanha eleitoral.
E a Economia?
Boa parte dos eleitores “anti-corrupção” votaram em Bolsonaro em 2018, e agora alguns se encontram descontentes. Se considerarmos os escândalos dos principais candidatos, Bolsonaro e Lula, o fato de estar atrelado à pauta anticorrupção é um fator a favor. Mas há um detalhe.
Caso eleito, Moro terá nas mãos um país deteriorado e desmoralizado pela inflação, desemprego e desigualdade potencializados pelas crises geradas durante a pandemia do COVID-19. E até então, não se sabe o posicionamento econômico de Moro. Aliás, Moro não se posiciona diante de muitos tópicos, e isso é um ponto de interrogação em sua candidatura.
Fato é. Em 2022, o fator protagonista para as eleições serão as pautas econômicas, diante da situação alarmante em que o país está. Por outro lado, a anticorrupção sempre foi vista como parte da jornada do "herói político”. Lula foi eleito assim, Bolsonaro também.
Aguardemos os próximos capítulos.
Este artigo foi escrito por Matheus Thomaz Rossi e publicado originalmente em Prensa.li.