Escolhas literárias e a construção do eu
Sabe quando falam que existem livros bons e outros inúteis? E de repente você se pega pensando: será que vale a pena ler esse livro de 50 páginas? Ou esse, que ainda não virou um filme de Hollywood?
Há algum tempo eu me deparei com uma publicação no Instagram que dizia: a literatura te ensina a viver, ela não fala do que aconteceu, mas do que acontece.
Isso me marcou, fiquei pensando em quantas vezes a vida imitou a arte e eu não partia do zero nas minhas reações. Já tinha lido sobre, podia me identificar com personagens e histórias que antes pareciam tão distantes.
Dessa forma cheguei no ponto de pensar que tudo o que lemos é útil.
Seja um livro de meditações diárias, um romance, uma biografia, uma ficção científica... Todos eles ajudam você.
Ler aprimora o vocabulário, treina o cérebro e permite que você experimente e conheça situações antes de vivê-las (como aconteceu comigo).
É nesse último item que pretendo me alongar, porque, para mim, é isso que torna a literatura fascinante. Ela apresenta experiências e sentimentos preparando você para o momento em que eles chegam até a sua porta.
Diante de um coração partido você se lembra de como esse momento foi importante para a personagem de um romance que você leu há alguns anos.
Diante de uma doença você se recorda daquele livro autobiográfico que narrava o dia a dia de alguém enfrentando um câncer que você leu por curiosidade.
Diante de uma semana cheia de tarefas e cansativa, você muda o humor ao ler uma citação conhecida daquele livro de meditações que está na sua bolsa.
Poderia citar ainda tantas outras situações em que a literatura prepara o caminho para vivermos as nossas próprias experiências, mas, assim já dá para entender a lógica.
A partir desse entendimento, a literatura torna-se um campo amplamente fecundo especialmente para as crianças e os jovens, os quais ainda não vivenciaram algumas realidades como o trabalho, a doença, o amor ou a morte e ainda não desenvolveram completamente suas personalidades que ditarão suas reações perante os acontecimentos da vida.
Através das palavras escritas e organizadas pelos autores o leitor vivencia um pedaço da realidade, mesmo nas histórias fantásticas.
Tanto os laços de amizade e coragem trazidos nos livros de Harry Potter (J.K. Rowling), quanto a expectativa e a dor da perda narrados em O Diário de Suzana para Nicolas (James Patterson) tornam a história possível.
São nos sentimentos provocados e vividos que a literatura encontra lugar no coração do leitor.
Foto: Fabiola Peñalba - Unsplash
Tendo essa questão em mente, aquilo que você escolhe ler ajuda a construir a sua imaginação, personalidade e o seu modo de pensar.
Se a sua estante está repleta de grandes autores há maior possibilidade de você buscar a grandiosidade e isso deverá refletir em toda a sua vida.
Ao colocar-se diante das 3 situações narradas anteriormente: 1. Coração partido; 2. Doença; 3. Cansaço, você poderá agir de forma melhor, até mesmo grandiosa porque tem como referência bons autores.
Agora você pode se perguntar, mas quem são os bons autores? De fato, toda literatura é útil?
Cabe a você avaliar.
Sabendo quais os seus valores, quem são os seus exemplos e quem você deseja ser, a busca literária irá lhe direcionar aos autores que pavimentarão o seu caminho.
Às vezes, a escolha pode ser equivocada, mas vamos adiante, os livros têm muito a nos ensinar e suas reflexões vivem para sempre em nosso coração.
Então, faça as suas escolhas, não se sinta pressionado a ler o que todo mundo está lendo e construa o seu caminho literário: único, belo e SEU.
Foto de capa - Christin Hume - Unsplash
Este artigo foi escrito por Raquel Carolina Pedrotti e publicado originalmente em Prensa.li.